sábado, 4 de dezembro de 2021

O Anjo Estranho - A inacreditável vida do cientista e ocultista Jack Parsons


As fronteiras da ciência e do progresso são ampliadas por visionários que aparecem de vez em quando. Indivíduos excepcionais imbuídos com uma centelha de brilhantismo que ilumina o caminho para o futuro. Ao longo da história humana, muitas dessas figuras se destacaram e, embora a maioria delas sejam celebradas por suas realizações culminantes e suas contribuições inestimáveis, há outras que serão lembradas por suas vidas estranhas e crenças bizarras. Uma dessas personalidade, capaz de reunir as facetas de genialidade e excentricidade ao mesmo tempo, foi nada menos que um dos pioneiros das viagens espaciais e da ciência de foguetes. Um cientista que ajudou a criar a NASA, alcançando o que antes era considerado impossível: conquistar o espaço. Mas além de ser um gênio científico, o americano Jack Parsons também ficou famoso pelas suas profundas crenças no ocultismo e na magia negra que lhe valeram o apelido de Anjo Estranho.

Nascido em Los Angeles, Califórnia, em 2 de outubro de 1914, Parsons foi criado em uma família rica e tradicional da Costa Oeste. Durante sua juventude ele ficou fascinado com histórias de ficção científica e imaginava se aquelas viagens pelos espaço poderiam um dia acontecer. Ainda muito jovem seus interesses pela astronáutica já estavam aparentes quando ele passava horas em seu quintal tentando remendar foguetes caseiros propelidos com pólvora e conduzindo experimentos estranhos com combustíveis, muitas vezes extremamente voláteis. Parsons foi expulso da escola certa vez por explodir um banheiro com um motor que havia criado.

Foi esse interesse que inevitavelmente o levou a seguir seu curso de vida. Embora nunca tenha se formado na faculdade, Parsons aprendeu tudo que precisava por conta própria e continuou a realizar experimentos com foguetes na companhia de amigos. Seu grupo se autodenominava "Esquadrão Suicida", já que suas pesquisas tinham uma natureza explosiva e perigosa. Era um grupo desorganizado de exploradores da ciência e visionários. Isso tudo aconteceu na década de 1930, quando os foguetes faziam parte das histórias de ficção científica. A ideia de foguetes levando as pessoas para o espaço era coisa de fantasia, algo que só acontecia em quadrinhos e nos filmes de Buck Rogers e Flash Gordon. Até então não havia nenhuma pesquisa formal sobre isso porque era pensado principalmente como algo improvável e demasiadamente perigoso. 


O Esquadrão Suicida realizou grandes progressos, com Parsons em particular sendo muito inovador e instrumental para a criação de combustíveis ​​que poderiam ser usados ​​em seus experimentos. O grupo foi capaz de convencer o governo a dar um financiamento de pesquisa no valor de US $ 1.000 o que lhes permitiu experimentos mais profissionais. E isso foi apenas o início de sua carreira como cientista à serviço do Corpo de Aviação dos Estados Unidos (O precursor da USAF).

Parsons iria projetar motores a jato, criar a base para combustíveis superpotentes tanto líquidos quanto sólidos, desenvolver foguetes e mísseis usados ​​pelos militares e pela NASA, além de outras inovações que são a base de muitas coisas que usamos hoje em dia. Ele foi um dos principais fundadores do Jet Propulsion Laboratory (JPL) e da Aerojet Engineering Corporation, duas entidades criadas para pesquisar e desenvolver tecnologia de aviação. Não por acaso, Parsons se tornaria conhecido como o pai dos foguetes modernos e tiraria as viagens espaciais das páginas da ficção científica, suas invenções ajudaram a colocar o homem na Lua, e nos permitem sonhar com jornadas mais longas. Nada mal para alguém sem diploma e conhecimento autodidata.  

No entanto, a vida de Jack Parsons não se resumiu apenas a estudos e pesquisas. Apesar de manter a fachada de cientista, sua vida pessoal era bem pouco, digamos, ortodoxa.

Parsons sempre foi fascinado pelo ocultismo e acreditava em noções peculiares. Em 1939, ele se envolveu em um movimento filosófico/religioso chamado Thelema, iniciado pelo infame ocultista e feiticeiro inglês Aleister Crowley. Após participar de reuniões e palestras, Parsons foi convidado a integrar o grupo que havia sido batizado como Ordo Templi Orientis (OTO). Eles praticavam uma forma de magia na qual a vontade, segundo suas crenças, poderia produzir efeitos sobre o mundo físico. Crowley dizia que teoricamente seria possível usar a força de vontade para alterar a natureza de qualquer coisa. Ao que tudo indica, as controversas teorias do ocultista causaram grande impacto no cientista. Parsons acreditava que a teoria da vontade podia ser explicadas cientificamente por meio da física quântica. Na sua opinião, não havia desacordo entre a Ciência e o Ocultismo, o mundo sobrenatural nada mais era do que uma ciência ainda desconhecida. O escritor e jornalista britânico George Pendle comentou sobre sobre essa dicotomia:

"Parsons tratava a magia e a ciência de foguetes como faces diferentes da mesma moeda: ambas haviam sido menosprezadas, ambas ridicularizadas como impossíveis. Na cabeça de Parsons ambas se apresentavam como desafios a serem vencidos. Os foguetes permitiam enxergar a humanidade  como criaturas capazes de explorar o universo, não mais seres acorrentados à terra. Da mesma forma, a magia sugeria que existiam mundos metafísicos invisíveis que poderiam ser explorados com o devido conhecimento. Os foguetes e a magia eram, cada um a sua maneira, rebeliões contra os próprios limites da existência humana".


Como parte dessa Ordem Ocultista, Parsons foi capaz de usar seu carisma natural e boa aparência para reunir um grupo eclético de amigos e seguidores ao seu redor. Ele participou de todos os tipos de rituais estranhos, inclusive um chamado de "Missa Gnóstica", uma espécie de perversão da Cerimônia Católica, formulada por Crowley, na qual os praticantes bebiam vinho e comiam o Bolo da Luz, uma iguaria feita com sangue menstrual. Parsons se tornou um grande fã de Crowley, que por sua vez, assumiu de bom grado o papel de mentor. O cientista leu extensivamente toda obra do ocultista, subindo na hierarquia da ordem até se tornar um membro proeminente e eventualmente ser designado pelo próprio Crowley como o Chefe do Templo na Costa Oeste. As coisas então só ficariam mais e mais estranhas.

Estabelecido na Califórnia, Parsons comprou uma enorme mansão, onde alguns dos membros do grupo viviam como uma espécie de comunidade aberta. O uso de drogas que alteravam a percepção era algo comum na casa, bem como experimentos com todo tipo de magia sexual. O comportamento de Parsons e de seus "colegas da ordem" começou a chamar a atenção pelo caráter escandaloso das reuniões e festas na propriedade. Haviam prostitutas contratadas para participar dos rituais de magia, bem como música alta até a madrugada, embriaguez e brigas. Apesar disso, Parsons continuava desempenhando um trabalho importante para o governo na pesquisa de foguetes e combustíveis. Ele era tratado como o principal pesquisador em vários projetos ultra secretos. Contudo, as pessoas mais próximas percebiam que ele apresentava uma falta de controle cada vez maior, algo que muitos viam como insanidade. 

No início da década de 40, a mansão se tornou o marco zero para todo tipos de rituais mágicos alimentados com drogas, sacrifícios de sangue e práticas arcanas. Parsons mergulhou de cabeça na noção de "magia sexual", com a Casa ganhando rapidamente a reputação de ser um antro de hedonismo selvagem, com orgias bizarras que deixavam a vizinhança chocada. Sexo era visto como um poderoso combustível para rituais mágicos e Parsons passou a se relacionar com a irmã de sua esposa, que não tinha nem 17 anos. A casa recebeu o nome de "Parsonage" e atraiu frequentadores estranhos, que incluíam escritores, poetas, cientistas, bruxas e outros indivíduos peculiares. A mansão abria as suas portas a qualquer visitantes que quisesse conhecer o estilo de vida decadente de seus moradores. Não haviam regras e de fato, a única norma era fazer o que bem quisessem, da forma que bem quisessem.

Um visitante que esteve em Parsonage descreveu o lugar da seguinte maneira:

"Visitar a mansão era como entrar em um filme de Fellini. Mulheres circulavam com togas diáfanas e maquiagens esquisitas, algumas fantasiadas de animais, como numa festa à fantasia. Haviam bandejas com comprimidos e drogas de todo tipo para quem quisesse usar - bastava apanhar. As pessoas se entregavam a um comportamento lascivo, com sexo acontecendo diante de espectadores desinteressados. Alguns fotografavam ou filmavam sem cerimônia. A decadência era completa, algo que não devia nada às reuniões do Marquês de Sade na Paris pré-Revolução. Jack gostava de todos os tipos de coisas."


Durante esse tempo, Parsons se tornaria cada vez mais excêntrico acumulando uma coleção impressionante de espadas e adagas, indo a toda parte com uma enorme cobra de estimação em volta do pescoço, brincando com barcos de brinquedo em sua banheira, convidando crianças para explorar o jardim da propriedade, e se envolvendo em rituais religiosos cada vez mais estranhos. Toda essa libertinagem cobrou um alto preço na sua vida profissional, à medida que ele estava se tornando mais interessado em presidir orgias sexuais e rituais mágicos do que em desenvolver foguetes. Quando um administrador ordenou que ele corrigisse sua vida, ele simplesmente pediu demissão e abandonou vários projetos. O governo tentou fazer com que ele voltasse atrás, mas ele disse que cuidaria de um trabalho mais importante dali em diante.

De um ponto de vista pessoal, a esposa de Parsons também não estava nada satisfeita com suas escapadas, e os dois se divorciariam pouco tempo depois. Após uma separação conturbada, a ex-esposa de Parsons buscou os jornais para expor o degradante estilo de vida que ele levava. Com a mídia fazendo frequentes ataques e o acusando de traficar drogas, a polícia começou a investigar o que acontecia atrás dos altos muros da "Mansão Parsonage". O foco das investigações policiais rapidamente seguiram em outro caminho quando uma batida policial revelou o que os jornais chamaram de "culto de magia negra". Embora nenhuma evidência de que o grupo estava infringindo alguma lei tenha sido apresentada, o estrago à imagem dos membros era enorme e eles começaram a se afastar das reuniões.

Parsons continuou usando a Mansão como centro para os Rituais da OTO e chegou a apresentar uma defesa legal na Corte de apelação da Califórnia na qual afirmava ser o seu direito, garantido pela constituição, venerar o que bem entendesse, Deus ou o Diabo. 

Nessa época, ele deu início a uma amizade incomum com um jovem autor de ficção científica chamado L. Ron Hubbard, que também se mudou para a Mansão e lá residiu por quase um ano. Os dois passavam horas discutindo ocultismo, magia e filosofia. De fato, Parsons contribuiria com muitas ideias para o movimento religioso que Hubbard estava fermentando em sua cabeça e que mais tarde fundaria com o nome de Cientologia. Em determinado momento, Parsons começou a se interessar por vertentes ainda mais estranhas do sobrenatural. Os rituais praticados, relatados por outros residentes da propriedade visavam atrair poltergeists, fantasmas, demônios e "banshees". O objetivo era capturar essas entidades e usá-las em experimentos. Alguns membros da Ordem ficaram tão assustados com o caráter desses estranhos rituais de magia negra que se desligaram do grupo.


Parsons e Hubbard, no entanto, continuaram realizando seus experimentos cada vez mais bizarros. Os dois se envolveram em um monumental projeto oculto que "deveria trazer enormes consequências para o futuro da humanidade", ou assim acreditavam. O Projeto envolvia invocar a antiga deusa Thelemita Babalon por meio de um ritual Enochiano ao longo de semanas chamado "O Trabalho de Babalon". A Invocação, tão intrincada e complexa que nem mesmo Crowley ousava contemplar realizá-la, teria sido criada pelo mago elizabetano John Dee na Corte da rainha Elizabeth. O resultado dessa invocação, do ponto de vista místico poderia ser desastroso, mas Parsons estava disposto a arriscar.

O Ritual envolvia entre outras coisas manejar espadas mágicas, sacrificar animais, usar sangue para ativar runas arcanas e se masturbar em tabletes mágicos, tudo isso enquanto um quarteto de cordas tocava sem parar as obras de Sergei Prokofiev. O Ritual foi planejado nos mínimos detalhes, com prostitutas contratadas para "desempenhar" por dias para gerar energia sexual para a invocação. Jamais ficou claro o que realmente aconteceu e se a invocação de Babalon teve sucesso. Os dois nunca revelaram qual foi o resultado de suas conjurações, mas para quem acredita em tais coisas, existe a teoria de que muitos que participaram do ritual acabaram amaldiçoados por chamar à Terra forças que não deveriam ser invocadas impunemente.

Após esse colossal ritual, com maldição ou não, as coisas começaram a dar erradas para a OTO. Parsons e Hubard discutiram à respeito de dinheiro usado pela Ordem e sobre o que deveriam fazer em seguida. No fim, Hubbard acabaria sendo menos do que confiável: ele esvaziou as contas bancárias do grupo e fugiu com a namorada de Parson, Sara, a irmã de sua ex-mulher. Parsons e alguns dos membros restantes ainda tentaram reaver o dinheiro, mas quando não conseguiram alegadamente realizaram um ritual de magia negra para assassinar Hubbard e Sara, utilizando para isso sua "força de vontade" combinada. Hubbard por sua vez se protegeu com rituais que fechavam seu corpo à energias negativas. A Guerra da Magia estava declarada e continuou por anos.

Depois de perder a mulher e seu melhor amigo, Parsons começou a trabalhar em mais um projeto que visava invocar literalmente uma nova esposa por intermédio da feitiçaria, esta teria o espírito de um elemental que assumiria a forma da mulher de seus sonhos. É claro, o processo envolvia mais rituais, mais sangue, mais sexo e drogas. Durante a realização desses ritos, ele acabou conhecendo sua próxima esposa, Marjorie Cameron. Para facilitar as coisas, Parsons convenceu a namorada a fazer um ritual no qual sacrificaria sua individualidade para receber o espírito elemental que ele convocou. Marjorie aceitou isso de bom grado e até o fim da vida afirmou ser um ser elemental habitando um corpo humano.

No decorrer da Guerra da Magia, certos rituais usados por Parsons começaram a assustar até mesmo seus próprios seguidores, que estavam começando a achar que ele estava perdendo o controle e o foco da visão original de Crowley. Na verdade, quando o próprio Crowley ouviu sobre o que estava acontecendo na Costa Oeste dos EUA, ficou bastante incomodado e não impressionado, chamando Parsons de "tolo fraco" por não lidar com a situação de maneira eficaz. Parsons não gostou dos comentários de seu mentor e por algum tempo rompeu com ele ligações. Nesse ínterim, sua esposa Cameron, aquela que supostamente era um elemental, o abandonou para ir morar em uma comunidade de artistas no México.


À essa altura, depois de tantas indas e vindas bizarras, poderia ser fácil esquecer que Parsons ainda era um cientista de foguete muito respeitado. Apenas isso explica como ele foi aceito novamente para trabalhar na área de desenvolvimento aeroespacial apesar de todas as suas excentricidades. Em 1947 ele foi aceito novamente em projetos ultra secretos do governo. Contudo, se mostrou bem pouco à vontade com os novos engenheiros e projetistas que o consideravam na melhor das hipóteses ultrapassado, na pior um esquisito de marca maior.

Parsons também havia perdido muita credibilidade devido às suas inclinações ocultistas. Ele passou a ser investigado sob a acusação de espionagem depois de remover documentos de uma base e isso, somado às investigações anteriores sobre seu culto bizarro, fizeram com que seu retorno à indústria aeronáutica fosse curto. Ele foi destituído de seu certificado de segurança e proibido de trabalhar em projetos secretos. Isso o forçou a buscar trabalhos em empregos mundanos antes de se tornar um consultor freelance para efeitos especiais em Hollywood

As crescentes críticas vindas de membros na Ordem, por fim o levaram a se afastar definitivamente da Ordo Templi Orientalis. Alguns de seus detratores afirmavam que ele estava sofrendo com influências sobrenaturais que não deixavam que ele dormisse e que drenavam suas energias. Culpavam ainda os demônios que Parsons teria invocado, a proximidade com os elementais, a realização de magias perigosas, o uso destemperado de drogas e, é claro, a Maldição de Babalon que teria se abatido sobre ele com toda força. 

Apesar de se desligar da OTO, Parsons manteve seu interesse pelo oculto e passou a formular um sistema de magia próprio chamado Gnose. Convencido de que poderia fazer tudo melhor do que o próprio Crowley, ele começou a escrever um diário místico no qual relatava seus experimentos e os rituais que criava. Suas anotações sobre ocultismo e política se espalhavam em incontáveis cadernos que ele rabiscava febrilmente. No fim, eles já não faziam o menor sentido.

Em 1952, Parsons tinha praticamente atingido o fundo do poço, vivia em um pequeno apartamento repleto de tralhas empilhadas do chão até o teto. Estocava combustível e explosivos de forma incorreta e estava fazendo coisas sem muito sentido. Ele também estava ficando atolado na paranoia de que vinha sendo seguido e espionado pelo FBI ou que alguém estava o amaldiçoando à distância. Quem o havia conhecido no auge se espantava ao encontrá-lo: o homem parecia um espantalho. Apesar de ter apenas 38 anos, ele estava envelhecido e cheio de problemas de saúde.  


Em junho de 1952, ele decidiu levar sua namorada para o México por alguns meses para descansar e se recuperar de uma estafa. Lá elaborou um plano de fugir para Israel, vender segredos do governo e se aposentar de uma vez por todas. Tencionava terminar o sistema de magia no Oriente e então morrer em paz.

Infelizmente, ele nunca teve a chance de realizar seus planos. Em 17 de junho de 1952, Parsons foi encontrado horrivelmente mutilado após uma enorme explosão ocorrida em um terreno baldio onde ele costumava testar o material pirotécnico usado em seus efeitos especiais. Seu rosto havia sido queimado, ele perdeu um olho, um braço e teve horríveis ferimentos decorrentes da explosão. As pessoas que o acharam disseram que ele ainda estava vivo apesar dos severos danos sofridos e que olhava para o céu balbuciando palavras sem nexo como se estivesse em completo êxtase. Estaria vendo Babalon nos céus, disseram alguns. Ele não resistiu e antes da ambulância que o transportava chegar ao hospital, já havia morrido.

A morte de Jack Parsons se tornou um mistério por si só, com muitas questões que permaneceram em aberto. Por exemplo: No que ele estava trabalhando e o que causou a explosão que o matou? Uma vez que ele não era contratado para providenciar efeitos especiais com explosivos fazia tempo, alguns imaginavam que ele havia cometido suicídio. Mas outros supunham que a paranoia dele poderia, afinal de contas ser justificável e que ele teria sido assassinado para evitar que vendesse segredos para uma nação estrangeira. Finalmente, alguns supunham que ele estava tentando realizar uma experiência de magia que deu irremediavelmente errada. 

No final, sua morte foi tão misteriosa quanto sua vida. É incrível imaginar como um verdadeiro pioneiro das ciências pode ter ficado tão envolvido e perdido em crenças místicas e ocultas. Ele era um gênio, um louco ou um pouco dos dois? Seja qual for o caso, o fato de este visionário homem da ciência se tornar um defensor ferrenho do misticismo apenas reforça o quanto sua vida foi incomum.

3 comentários:

  1. Pontos importantes que devem ser salientadas aqui.
    1) Parsons teve uma rivalidade com Crowley porque ele acreditava piamente que o Thelema(e principalmente o próprio Crowley) havia perdido a disciplina nas práticas mágicas e que a própria magia sexual estava sendo praticada apenas pelo prazer e não com o intuito da conclusão do ritual.
    2) Parsons previu a própria morte, quando redigiu o livro de Babalon, escreveu "ela absorver-te-á e tu te tornarás uma chama viva antes que ela encarne", e ele ter morrido queimado foi a consumação do rito no qual ele encarnou Babalon no nosso mundo.
    3)Tanto o Thelema em si quanto a vida pregressa de Parsons e os resultados posteriores são amplamente ligados a idéia de formas extraterrestres tentando entrar no nosso mundo, a entidade que inspirou Crowley a escrever o livro da lei(a principal base mágica escrita do Thelema) se chamava Aiwass e tinha a forma de um homem cabeçudo, bem semelhante a forma dos greys de hoje em dia, a Operação de Babalon ocorreu em 1945, os dois anos que se seguiram foram repletos de avistamentos ufologicos, culminando no incidente Roswell.
    A morte de Parsons(que por sinal era um cientista de foguetes) foi simultânea a diversos avistamentos de UFOs, que somados formam o incidente de OVNI em Washington de 1952(os avistamentos começaram no dia 12 e terminaram no dia 29, Parsons morreu no dia 17).
    4) Parsons e Crowley utilizavam o sistema enoquiano pra diversos fins, o principal era evocar diversas entidades que os auxiliariam em seus objetivos.
    O sistema enoquiano foi criado por John Dee e Edward Kelley, que dentre outras funções, era também uma língua especial pra invocar várias classes de "anjos"... Acontece que os próprios Dee e Kelley foram ficando desconfiados de que esses seres não eram anjos e não estavam aqui pra nos ajudar, Kelley dizia que sentia ter algo mexendo dentro da sua cabeça.
    Há uma teoria já bem reconhecida no meio mágico de que essas entidades(dimensionais, extraterrestres ou espirituais pouco importa) estavam de alguma forma presas pra fora de nosso universo e tentando entrar, enviando sinais psíquicos pra um medium como John Dee.
    O sistema mágico que ele encarnou no nosso mundo servia como um portal pra presença delas se tornar cada vez mais forte no nosso mundo, eles abriram essa porta, Crowley a escancarou quando criou o Thelema, e Parsons garantiu que ela jamais fosse fechada novamente, quando conclui seus trabalhos pra Babalon, desde então temos avistamentos, abduções, presenças espirituais bizarras mundo a fora, etc.

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  2. Uma das melhores histórias que já li. Impecável e muito interessante. Tendo ainda um belo desfecho com curiosidades complementares no comentário acima. Parabéns a todos os envolvidos!

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  3. Me pergunto por que tantos se encantam com o crowley, tendo tantos outros praticantes de magia com práticas bem mais saudáveis, digamos assim.

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