domingo, 24 de julho de 2022

O Estripador Francês - Os horríveis crimes de Joseph Vacher


Joseph Vacher foi um serial killer francês que viveu no final do século XIX. Seu lugar na história criminal francesa é muito semelhante ao de "Jack, o Estripador" na Inglaterra e, não por acaso ele ficou conhecido pela alcunha de "O Estripador Francês" graças ao sensacionalismo dos jornais no período. Embora tenha sido julgado e condenado por assassinar apenas duas vítimas, acredita-se que tenha matado algo entre onze e vinte e sete pessoas entre os anos de 1894 e 1897. Ele também se tornou conhecido por sua aparência incomum: um rosto cheio de cicatrizes e por sempre usar uma chapéu de pele de coelho artesanal branco.

Vacher era o décimo quinto filho de um agricultor analfabeto nascido em Beaufort, à cerca de 80 quilômetros de Lyon, uma cidade moderna, um dos berços industriais da França e uma das cidades mais desenvolvidas do país. O surgimento de Vacher em meio a uma época de modernidade e civilização foi considerado como uma tragédia, uma mácula num país tido como o mais civilizado do mundo. Joseph Vacher nasceu e cresceu em meio a intensa pobreza, sobrevivendo de restos e tendo que disputar com os próprios irmãos comida. Seus pais muito católicos tiveram a chance de enviar um dos filhos para uma escola católica e eles escolheram o pequeno Vacher, então com 7 anos. Ele aprendeu a ler e escrever, mas suas lembranças mais marcantes desse período envolviam a rigorosa moral religiosa. Acima de tudo, Vacher aprendeu a obedecer e temer a Deus.

Em 1892, com apenas 16 anos, ele ingressou no exército e serviu em um regimento florestal. Embora tenha sido um bom soldado, houve queixas sobre o seu comportamento tido como excessivamente violento - ele se divertia matando e torturando animais. Talvez por essa razão ele não tenha recebido promoções ou o reconhecimento que achava que merecia. Essa falta de sucesso ao servir seu país também pode ter contribuído para que ele desenvolvesse crenças grandiosas de que não estava recebendo a devida atenção. Ele também se queixava que as pessoas injustamente o perseguiam. 

Enquanto estava no exército, Vacher se apaixonou por uma jovem criada chamada Louise Barant. Ela trabalhava em Beaufort e alguns historiadores afirmam que a moça de 15 anos não se sentiu atraída por Vacher e rejeitou sua corte. Por volta dessa mesma época, Vacher ficou tão desiludido com sua falta de avanço militar que tentou se matar. Ele cortou a própria garganta com uma baioneta, mas acabou sobrevivendo. Considerado instável após a tentativa de suicídio, ele recebeu baixa desonrosa do exército. 


Afastado do Exército ele voltou a insistir com Louise tentando convencê-la de que era um bom partido. Ele chegou a lhe propor casamento, mas a menina o dispensou e em certa altura disse que jamais casaria com um homem bruto como Vacher. O ex-soldado ficou tão furioso com a rejeição que atirou nela quatro vezes e tentou cometer suicídio uma segunda vez, dando um tiro na cabeça. Entretanto, ninguém morreu; Louise sobreviveu ao tiroteio e Vacher acabou mutilado gravemente, ficando paralisado de um lado do rosto, o que resultou em uma descrição pouco lisonjeira de sua aparência física:

"Ele era magro e de bochechas encovadas, seu rosto pálido, parcialmente escondido por uma barba rala. Uma cicatriz vertical em seus lábios desenha estranhas contorções em sua boca quando ele fala. Mesmo o observador casual fica impressionado com um sentimento de desgosto e pavor ao vê-lo."

A bala usada em sua segunda tentativa de suicídio não pôde ser removida e permaneceu alojada dentro de sua cabeça. Acredita-se que de alguma forma, o projetil exacerbou sua condição mental. Ele mesmo sustentou que sua segunda tentativa de suicídio o prejudicou mais do que apenas fisicamente e mais tarde afirmou que as reações de estranhos a essa deformidade auto-infligida o levaram a odiar a sociedade em geral. Vacher ficou tão furioso que começou a se automutilar em um desejo dantesco por arrancar a bala alojada em sua cabeça. Há rumores de que ele usava facas, navalhas e até cacos de vidro para retalhar o próprio rosto que estava sempre ferido e coberto de cicatrizes. 

A segunda tentativa de suicídio também resultou em uma estadia de um ano em um asilo para lunáticos. Ele foi o primeiro paciente do Asilo de Dole, sendo transferido posteriormente para Saint-Robert após um episódio horrível no qual usou uma lasca de madeira para mutilar novamente a face. Mesmo assim, os médicos o declararam "curado" e ele foi liberado do asilo.

Foi aos 25 anos que ele, apesar de considerado "são" pelos médicos, iniciou uma campanha de assassinatos sanguinária e desenfreada. Desde a apreensão de Martin Dumollard, o primeiro assassino em série da França, os franceses não ficaram tão abalados com um maníaco e, assim como condenaram Dumollard como um monstro, quando Vacher foi capturado, eles assim o chamaram. Além disso, os jornais alegaram que os dois assassinos tinham semelhanças físicas o que reforçava as teorias de Cesare Lombroso, muito em voga na época. 


"Os dois criminosos têm uma semelhança impressionante um com o outro, fisicamente. Embora sejam da mesma classe de degenerados mentais, ... as características mais típicas de semelhança entre eles consiste em uma face grosseira de lábios e narinas grossas e a surpreendente expressão lupina em seus olhos. Ambos são grandes e fortes. Uma fenda no lábio inferior de Vacher lembra o lábio leporino de Dumollard."

Durante um período de três anos, começando em 1894, Joseph Vacher assassinou e mutilou pelo menos onze pessoas (uma mulher, cinco rapazes e cinco moças). Katherine Ramsland, autora de não ficção e professora de psicologia forense na Universidade DeSales, fornece mais informações sobre Vacher e suas tendências homicidas:

"A série de assassinatos na França parece ter começado em 20 de novembro de 1884, quando o assassino estrangulou, esfaqueou e mutilou uma menina de treze anos. A mesma coisa aconteceu no mês de maio seguinte… Em agosto foi a vez de uma mulher idosa que foi estrangulada e esfaqueada múltiplas vezes. Em setembro, uma menina de dezesseis anos sofreu tratamento semelhante, embora seu abdômen também tivesse sido rasgado e os órgãos internos remexidos pelo maníaco que subtraiu algumas partes do intestino por razões desconhecidas. O frenesi do louco já causava medo nos arredores de Lyon e falava-se sobre os ataques de um vampiro ou loup-garou."

Em seguida, em outubro, ocorreu um dos crimes mais medonhos. Um menino de quinze anos foi esfaqueado, estuprado e estripado, incluindo a castração genital. O crime foi tão brutal que as autoridades chegaram a cogitar que mais de uma pessoa poderia estar envolvida, tamanho o grau de violência infligido. Um legista contou mais de 70 estocadas nas costas da vítima cujo corpo foi mutilado horrivelmente. Um cabo de vassoura foi enfiado no ânus do menino e sua garganta foi dilacerada com tanta força que a cabeça ficou pendendo por uma fina tira de pele quase decepada.

Após esse crime hediondo, o assassino ficou escondido ou viajou por algum tempo. Possivelmente sua sede de sangue ficou saciada, mas cerca de seis meses depois, uma garota relatou ter lutado contra um homem que tentou estuprá-la. A menina contou que o agressor tentou violentá-la com um cabo de vassoura, o que chamou a atenção dos policiais. Um cerco foi realizado, mas Vacher consegui escapar entrando na floresta e lá se escondendo por alguns dias. Ele chegou a ser interrogado por um policial, mas depois de dizer que era um ex-soldado, acabou sendo liberado. 

Durante aquele outono, ocorreram mais dois assassinatos com mutilação corporal nos arredores de Lyon. Apesar do modus operandi similar, as autoridades não correlacionaram os crimes como tendo sido cometidos pelo mesmo assassino. Em 1897, mais três pessoas foram mortas de forma brutal.


A maioria das vítimas assassinadas eram jovens pastores ou meninas que trabalhavam como lavadeiras nos riachos que abasteciam a cidade. Em comum o fato deles serem atacados quando estavam sozinhos em lugares isolados onde ninguém podia ouvir seus gritos ou ajudá-los. O assassino se tornou muito hábil em seu trabalho sangrento. Sua experiência militar e os anos como caçador o gabaritavam como um matador perfeito. Vacher descreveu que costumava espreitar suas vítimas, esperando que elas entrassem em uma área isolada e lá as atacava. Ele preferia emboscá-las, ficando excitado com essa caçada. Para liquidar as presas usava na maioria das vezes uma baioneta que roubara no serviço militar, mas em algumas ocasiões ele usou cordas, pedras ou as próprias mãos para esganar as jovens vítimas. 

Vacher era um estuprador contumaz, o jogo de gato e rato no qual ele espreitava as presas o excitava e o alívio sexual vinha após a punhalada fatal. Uma vez tendo matado a vítima ele ficava horas com o cadáver seviciando e mutilando os restos. Em algumas ocasiões ele chegou a retornar aos locais onde praticou os crimes para reencontrar o cadáver já putrefato e reviver os momentos de êxtase experimentados. Além de assassino, Vacher também era um necrófilo e possivelmente canibal, tendo admitido que bebeu o sangue e consumiu a carne de algumas de suas vítimas.  

Apesar do aparente sucesso de Vacher em matar, seu reinado de terror chegou ao fim em 1897 depois que ele se tornou descuidado. Em certa ocasião ele tentou agredir uma mulher que estava coletando lenha num campo em Ardèche. Ela lutou e seus gritos trouxeram seu marido e filho, que rapidamente dominaram o sujeito.

Segundo a maioria dos relatos, Vacher era apenas um andarilho desleixado que viajava de cidade em cidade em roupas sujas, mendigava nas ruas e sobrevivia com os restos que recebia de qualquer pessoa que o agraciasse com bondade. A polícia desconfiava que aquele homem podia ser o responsável pelos vários assassinatos cometidos na região, cometidos por um monstro conhecido como "Matador dos pastorzinhos". Vacher negou a autoria dos crimes e disse que jamais pretendeu prejudicar a mulher que agrediu, alegando que era um pobre camponês viajante.

A polícia suspeitava dele, mas não tinha nada que o ligasse a nenhum daqueles crimes brutais e ele seria liberado. Enquanto Vacher estava detido ele acabou fazendo amizade com um outro preso com quem conversava. Durante uma dessas conversas ele acabou se gabando de um dos crimes. O preso relatou aos guardas o que ele havia contado e mediante um interrogatório mais incisivo ele acabou confessando vários assassinatos. Por fim declarou: "Matei tantas pessoas que nem consigo me recordar de quantas foram, cometi os crimes em momentos de frenesi, quando não era eu mesmo".

O público francês ficou tão chocado quando se espalhou a notícia de que Joseph Vacher era o assassino que todos procuravam. Eles ficaram novamente surpresos quando souberam que ele era notoriamente vaidoso e se considerava um herói por ter matado tantas pessoas. O público ficou ainda mais chocados quando souberam que ele exigia duas coisas da polícia antes de confessar os crimes horríveis: "Uma era que a história completa de seus assassinatos fosse publicada nos principais jornais franceses e a outra era que ele deveria ser julgado. separadamente para cada crime no distrito onde foi cometido."

Com o acordo da polícia, Vacher então confessou ter assassinado oito pessoas e enumerou os detalhes para os policiais atordoados pelas revelações bizarras:

"Louise Marcel, uma menina de treze anos, foi assassinada em um bosque perto de Draguignan, no Var, em novembro de 1884; eu usei uma faca curta dessa vez, leve, mas afiada. Augustine Mortueux, dezessete anos, eu cortei sua garganta estrada perto de Dijon, em 12 de maio de 1895, ela sangrou até morrer e eu assisti seus momentos finais; uma viúva chamada Morand, sessenta anos, eu a surrei e assassinei em uma casa isolada em Saint Ours, ninguém se importava com ela, o corpo só foi achado dias depois, já apodrecido por conta do calor, isso em 24 de agosto de 1895; Victor Portalier, era um pastor de dezesseis anos eu rasguei sua garganta e fiquei horas ao lado dele, em 31 de agosto; Pierre Pellet, um pastorzinho de quatorze anos, de quem cortei a garganta em um beco em St. Etienne de Boulogne, em 29 de setembro; Marie Moussier, uma jovem casada de dezenove anos, que matei com uma pedra e depois cortei com minha baioneta na Crusset no Allier, em 1º de setembro de 1896; Rosine Rodier, uma pastora de quatorze anos, em Varenne St. Honorat, cuja garganta cortei e depois estripei arrancando as entranhas com um único puxão, Pierre Laurent, um pastor de 14 anos, assassinado, que eu matei com facadas nas costas e no pescoço, pois não tinha tido tempo de afiar minha baioneta e precisei usar a ponta rombuda ao invés da lâmina."


Os detalhes que Joseph Vacher forneceu à polícia sobre seus ataques assassinos enquanto ziguezagueava pela França eram horríveis demais e muitos policiais se sentiam enojados quando tinham de ouvir e anotar suas digressões. Ele alegou que era tomado por por um frenesi após cada ataque e afirmou que em seu  maníaco perdia o controle e via a si mesmo como se estivesse fora de seu corpo. Nessas experiências ele cortava, mutilava e às vezes desmembrava suas vítimas. Ele também confessou que às vezes matava suas vítimas por comida ou por dinheiro, mas que sua motivacão principal era um mistério para si mesmo, pois não conseguia encontrar uma razão que justificasse aquele comportamento. Por fim, ele concluiu para os policiais: "Eu matava pois podia matar, me sentia bem matando e não iria parar nunca se assim fosse permitido."

Uma vez que Vacher começou a confessar seus crimes, ele apreciou sua "horrível notoriedade", sentindo-se uma espécie de celebridade que merecia seu destaque. Também foi relatado que ele era exagerado e orgulhoso de suas ações doentias e encontrava grande prazer em recitar seus "feitos revoltantes" para quem quisesse ouvir, em especial quando as pessoas se sentiam ultrajadas. É claro que as autoridades sabiam que suas confissões poderiam ser falsas e, portanto, verificavam cada detalhe, conforme observado por um jornalista:

Ele contava com indiferença a história de alguma nova tragédia de tempos em tempos ao juiz de instrução, à medida que os detalhes voltavam à sua mente, e em cada caso a investigação forneceu corroboração completa da narrativa de Vacher. Os corpos em cada caso foram encontrados no local que ele indicou – em moitas solitárias ou em poços não utilizados. Ao se sentir à vontade para revelar seus atos hediondos, ele não se furtava de descrever os pormenores e cada pequeno aspecto de seus crimes.

Os crimes de Joseph Vacher superaram em número e atrocidade os do Assassino de Whitechapel, o infame matador conhecido como "Jack, o Estripador". Ele próprio dizia ter sido muito maior e mais implacável do que o assassino que assombrou as ruas de Londres apenas alguns anos antes. Alguns até chegaram a tentar colocar Vacher no local e data em que o maníaco retalhou as mulheres nas ruas do East End londrino, mas os registros deixavam claro que Vacher estava na França quando Jack matava.

O ápice de suas ações homicidas eclodiram em 1894, alguns anos depois de Jack concluir seu trabalho sangrento. Fisiologicamente, os médicos consideraram o caso de Vacher interessante, referindo-se aos seus crimes como uma "missão divina". Vacher teria dito: "Minhas vítimas nunca sofreram, pois enquanto eu as estrangulava com uma mão eu simplesmente tirava suas vidas com um instrumento afiado na outra. Eu não queria que elas sofressem, desejava no entanto que estivessem mortas."


Logo se verificou que seus assassinatos se repetiram com uma frequência alarmante por um período de pelo menos dez anos. Havia também grandes lacunas em suas viagens que ele não conseguia explicar, e era difícil, se não impossível, traçar suas rotas exatas, pois era um vagabundo que ia para onde as estradas o levassem. Isso significava que também era difícil determinar com precisão quantas pessoas ele matou - em alguns depoimentos ele dizia que teriam sido 10 ou 12, em outros ele citava 50 ou 80, e mais adiante disse ter parado de contar depois de 100. Considerando que a população rural da França vivia dispersa e que, por vezes, não se tinha um senso apurado da população, o número pode realmente ser bastante elevado. 

Havia também muitas conjecturas entre o público e os criminologistas sobre o que levou Vacher a cometer esses assassinatos. Supostamente, além do ferimento de bala auto infligido ele teria algumas condições psicológicas que podem ter contribuído para suas ideias homicidas. O assassino sofria de paranoia, de psicose aguda e esquizofrenia, que provocava alucinações auditivas, conforme ele disse certa vez:  "Eu os ouvia falando e conspirando contra mim, eu os ouvia como se pudesse ler suas mentes e saber o que pensavam de mim. Isso me irritava e por isso eu os atacava". 

Joseph Vacher queria evitar a pena de morte na Guilhotina e alegou em seu julgamento que era insano. Ele tentou provar sua demência contando histórias absurdas em que seria um lobisomen, que havia sido instruído por Joana d'Arc a matar crianças e que Deus o havia também instruído a matar o maior número possível de crianças. Enquanto isso, circulavam perguntas sobre se seus assassinatos vis foram premeditados e deliberados. Alguns consideravam que ele sabia exatamente o que estava fazendo e que não estava louco quando cometeu os assassinatos e sim possuído por demônios. De fato, uma declaração de um Bispo afirmando ter sonhado que Vacher era possuído por Lúcifer em pessoa fez com que o serial killer declarasse ser essa suposição verdade, já que ele sentia a presença do diabo sempre que fazia uma vítima. Para reforçar ainda mais essa hipótese, Vacher começou a simular crises em que demônios dominavam seu corpo, falavam através dele e ofendiam os dogmas religiosos. 

Mas os exageros do acusado tornaram claro que ele pretendia tão somente se passar por louco e que seus atos eram sim premeditados conforme se provou no julgamento. O maníaco teria usado de dissimulaçao para convencer suas vítimas em várias ocasiões, teria se fingido de inválido e até oferecido dinheiro para crianças afim de atrai-las ao seu destino final.  

Joseph Vacher foi julgado no Cour d'Assises de Ain e apesar de seus protestos e tentativas de provar que era louco, uma equipe de médicos franceses, que incluía o eminente professor, médico e criminologista Alexandre Lacassange, o declarou são. Além disso, as evidências contra Vacher eram tão óbvias que não foi surpresa para ninguém que ele fosse condenado e sentenciado à morte em 28 de outubro de 1898.


Dois meses depois, em 31 de dezembro de 1898, o matador de gorro branco, a Besta da França e o Rival declarado de Jack, o estripador, foi executado com certo grau de bizarrice. Quando chegou a hora do homem de 29 anos caminhar até a guilhotina, dizem que ele ainda fingia insanidade e que se recusou a andar, sendo arrastado por seus carrascos aos berros.

Embora seja difícil determinar quantas pessoas Joseph Vacher matou, as autoridades foram capazes de determinar como ele foi capaz de levar à cabo sua carnificina assassina. Aparentemente, ele foi bem sucedido em parte devido à falta de comunicação entre os departamentos periféricos e as aldeias isoladas onde cometeu os crimes. Além disso, após a morte de Vacher, na esperança de explicar como ele conseguiu matar por tanto tempo sem ser detectado, o criminologista Lacassange observou:

A longa imunidade de Vacher, a facilidade com que ele evitou a detecção, é incrível, a menos que se possa compreender como funciona a confiança na vida do campo. Vacher era capaz de convencer um  lavrador ou pastor errante, que possuía um passaporte honroso e idôneo, acima de qualquer suspeita. Ele era capaz de convencer, de passar uma imagem simpática e de enorme carisma".

De fato, Lacassange foi um dos primeiros estudiosos de crimes em séria a sugerir que tais maníacos eram dotados de um traquejo social e de um charme que lhes permitia ganhar a confiança de suas vítimas. Ele se referiu a essa capacidade de convencimento como "sedução de predador", algo que está em conformidade com as teorias modernas de que assassinos em série são indivíduos conseguem se mostrar charmosos e que exercem um certo carisma.

O Estripador Francês ainda hoje é considerado como o mais prolífico e perigoso maníaco daquele país.

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