sexta-feira, 28 de julho de 2023

Revisitando Lovecraft - Relemos o Conto "A Coisa na Soleira da Porta" (1933)


Depois de um longo hiato, estamos de volta com Revisitando Lovecraft, no qual fazemos uma segunda leitura em algum conto clássico do Cavalheiro de Providence em busca de detalhes e curiosidades que nos escaparam.

Hoje vamos nos concentrar em uma de suas últimas histórias, escrita em Agosto de 1933 e publicada apenas em janeiro de 1937, numa edição da Weird Tales. É uma das mais curiosas histórias de Lovecraft já que toca em assuntos delicados, introduz uma vilã quase perfeita e investe pesado em descrições tão evocativas que é impossível evitar um arrepio no final. Estamos falando de "A Coisa na Soleira da Porta" (The Thing on the Doorstep) um conto cheio de maldade, reviravoltas e um final que na época era bem pouco previsível para os leitores.

Sem perda de tempo, vamos começar com a Sinopse, deixando claro que teremos enormes SPOILERS sobre a história e que se você não leu e não quiser ter sua diversão estragada, pare nesse momento (mas volte mais tarde).

Ainda conosco?

Então vamos lá com a...

SINOPSE:

Daniel Upton está prestando um depoimento para a polícia explicando por que ele matou seu melhor amigo. Ele descreve as origens de sua incomum amizade com Edward Derby, quando Derby era uma criança diferente: frágil, brilhante e obcecado pelo macabro.

Anos mais tarde, Derby conhece Asenath Waite quando ele tem 38 anos e ela 23. Ela é da sinistra cidade de Innsmouth e demonstra interesse no misticismo e oculto. Na escola, ela era capaz de encarar as pessoas e dar-lhes uma sensação incômoda e inexplicável. Isso foi geralmente atribuído a uma estranha habilidade hipnótica. Seu pai o velho Ephraim (recentemente falecido) tinha uma reputação desagradável que lhe valeu o apelido de "Mago".

O jovem Edward Derby recém casado

Edward e Asenath se casam rapidamente e se estabelecem em Arkham. Upton vê pouco deles ao longo dos dois anos seguintes. No entanto, ele ouve que Derby começou a agir estranhamente. Por exemplo, embora ele não soubesse dirigir anteriormente, agora é visto frequentemente acelerando um possante automóvel para fora da cidade com um olhar determinado em sua expressão.

Quando Upton o vê novamente, Derby sugere insatisfação com o casamento, a ponto de temer por sua vida. Rumores estranhos abundam. Um amigo vê Asenath espiando de uma janela do andar de cima quando ela supostamente deveria estar fora da cidade. Derby começa a falar mais diretamente sobre os horrores que viu e dá dicas de que o velho Ephraim pode não estar realmente morto. Às vezes ele suspeita que Asenath possa estar usando alguma forma de controle mental para limitar suas comunicações e controlá-lo. 

Certo dia, Derby cambaleia para fora de uma floresta no Maine, delirando sem dizer coisa com coisa, lembrando-se apenas o suficiente para enviar um telegrama para Upton. Upton vai ao seu encontro e ouve os devaneios do amigo sobre os mitos antigos e coisas que fazem pouco sentido. Derby teme Asenath e suspeita que ela pretende roubar seu corpo. Além disso - ele finalmente admite a suspeita de  que a esposa é na verdade o velho Mago Ephraim. Este passou sua mente para o corpo da própria filha e depois envenenou seu antigo corpo com ela habitando sua casca velha e cansada. Upton suspeita que Asenath está usando algum poder mental contra Edward e que ele está enlouquecendo. Ele diz que o ajudará a se separar da mulher. 

Antes porém, algo horrível acontece. A voz de Derby é ouvida, em um estridente grito de horror enquanto ele delira. Um tipo de descarga mental ou onda telepática o atinge em cheio. O rosto de Derby se contorce quase irreconhecível por um momento, enquanto seu corpo passa por tremores - como se todos os ossos, órgãos, músculos, nervos e glândulas estivessem se reajustando a uma postura radicalmente diferente.

Asenath Waite Derby, a noiva

Upton reage com horror diante do ocorrido, sente que seu amigo está em enorme perigo. A figura ao seu lado parece cada vez menos com um amigo de toda a vida e mais com um louco desvairado, alguém tocado por forças cósmicas desconhecidas e malignas. Posteriormente, mais tranquilo, Derby se desculpa por sua súbita explosão, atribui o colapso ao "excesso de trabalho" e promete a Upton que ficará bem depois de algumas semanas de descanso.

Derby de fato desaparece por algumas semanas enquanto Upton hesita ponderando sobre o que aconteceu ao amigo. Até que ele aparece novamente afirmando ter organizado suas próprias defesas psíquicas que baniram a presença que o havia dominado. No entanto, Derby continua sob ataque e seu humor oscila descontroladamente. Por fim, ele tem um colapso o que leva Upton a interná-lo às pressas no Asilo Arkham.

Depois de algumas semanas, o Asilo o contata para dizer que a razão de Derby retornou ao normal, embora sua memória esteja irregular. Ele deverá ser liberado em uma semana. No entanto, quando Upton visita o amigo, reconhece que sua personalidade foi alterada e que há uma "inefável hediondez cósmica" no amigo. Ele volta para casa extremamente preocupado.

Naquela noite, Upton ouve batidas em sua porta - no padrão que Derby sempre usava para se anunciar. Ao abrir a porta se depara com uma "coisa anã, grotesca e malcheirosa" que mal parece viva. A coisa na soleira lhe entrega uma carta escrita na caligrafia de Derby na qual confessa que matou Asenath/Ephraim. Entretanto, mesmo na morte, a mente de Ephraim sobreviveu, e através de um ritual possuiu o corpo de Derby permanentemente - deixando-o habitando aquele cadáver decrépito. Derby implora a Upton para matar a coisa em que ele está preso. Ele pede também que o amigo mate Ephraim que está em seu verdadeiro corpo e que em seguida ele seja cremado.

Upton faz conforme o amigo lhe pediu. Ele encontra Derby, cujo corpo está sendo comandado por Ephaim e desfere contra ele disparos mortais. Mais tarde o cadáver achado na porta de sua casa é identificado como pertencente a Asenath e ele pondera sobre os terrores inacreditáveis do mundo.

Ilustração original no conto

DISSECANDO O CONTO:

O que é Tipicamente Lovecraftiano: 

Lovecraft está em seu ápice descritivo em "A Coisa na Soleira da Porta". Ele usa algumas de suas palavras favoritas, sobretudo enquanto descreve as ruínas nefastas nas profundezas dos bosques do Maine.
 
O que é Degenerado:

O povo de Innsmouth faz uma aparição especial nesse conto. Lovecraft descreve Asenath como "não inteiramente humana", tratando-a mais como uma coisa, resultado de hibridização do que uma pessoa. De fato, ele diz repetidas vezes que Asenath/Ephrain desejavam ser humanos e que não poderiam sê-lo se continuassem habitando o corpo de Asenath. Há insinuações de que ela estaria também envelhecendo, tornando-se velha antes do tempo. Talvez o corpo dela se consumisse em face da presença de Ephraim o habitando, talvez existisse algum tipo de prazo de validade para os corpos reivindicados. A degeneração, nesse caso, é clara e tem grande importância na trama.

Além de Asenath e Ephraim, existem mais três personagens claramente degenerados, todos eles "Gente de Innsmouth", nascida após a barganha blasfema que os habitantes daquela cidade fizeram com os Abissais. Parece bem óbvio, quando Lovecraft cita "os olhos esbugalhados" e o "peculiar cheiro de peixe" que os três criados são híbridos em transformação.

A degeneração de Derby é um tanto diferente. Lovecraft não cita diretamente o que se passa com o protagonista do conto, mas fica claro que ele não é "inteiramente normal". Mais sobre isso, nos comentários.

O que Pertence aos Mythos:

Embora os Mythos não apareçam fisicamente na história, eles são mencionados em vários momentos.

As palavras de Edward Derby, em um devaneio tresloucado sobre o que ele foi forçado a ver e testemunhar dão conta de horrores além do tempo e espaço. Ele cita um lugar perdido nas Florestas inexploradas do Maine, onde uma antiga ruína esconde uma escadaria de 600 degraus, e esta leva até um portal oculto. O nome de Shub-Niggurath é citado, assim como um altar no qual ela se encontra e no qual uma figura encapuzada rende a ela homenagens. Parece claro que estamos diante de um templo e de cultos que lá se reúnem para honrar a Cabra com mil filhos.


E também há Shoggoths! Os Shoggoth estão entre as criaturas mais abomináveis da ficção lovecraftiana e a conexão feita entre eles e Shub-Niggurath nesse conto aponta para um caminho diferente do que havia sido descrito até então sobre sua origem e a quem eles deviam lealdade. É justamente um vislumbre dos shoggoth que causa a loucura que consome Derby e faz com que ele fuja em disparada pela floresta.

No início do conto, Lovecraft descreve um grupo de estudantes boêmios da Miskatonic envolvidos em experimentos sobrenaturais. Esse grupo se dedica a estudar magia negra, feitiçaria e outras vertentes do ocultismo clássico. Lovecraft não esconde um certo desdém a eles, no sentido que eles não passam de iniciantes e curiosos. Ainda assim, esses grupos de estudantes tem uma função importante na trama, já que é através deles que Derby conhece Asenath.

Tomos e Livros Blasfemos:

"A Coisa na Soleira da Porta" permite que Lovecraft abra as portas de uma vasta biblioteca de tomos esotéricos.

Primeiramente, ele introduz o livro de poesias "Azathoth e Outros Horrores", escrito pelo próprio Edward Derby a partir de suas consultas de livros mais potentes na Biblioteca de Miskatonic.

Mas há muitos outros: Lovecraft cita pela primeira vez o "Povo do Monolito" de Justin Geofrey, o Livro de Eibon, o Unaussprechlichen Kulten de von Junzt, e é claro, o célebre Necronomicon de Abdul Al-Hazred (o Árabe Louco). De fato, o segredo de troca das mentes e roubo do corpo é encontrado nas páginas do Necronomicon, ainda que Derby não diga exatamente onde.

Por curiosidade, esse volume, consultado por Ephraim é o mesmo que pertence ao acervo da Miskatonic University. É o mesmíssimo livro que Wilbur Whateley pede acesso em "O Horror de Dunwich" e consulta até que o bibliotecário, o Henry Armitage, proíbe o acesso a ele.   

O que é Insano:

Temos um bom número de cenas em que Edward Derby vai escorregando lenta e gradualmente para a loucura.

Cada vez que ele é tomado por Asenath/Ephraim sua razão se perde e ele tem um choque crescente à medida que sua mente é transportada de um corpo para o outro. Para piorar ainda mais a sua situação, ele é levado para presenciar rituais e testemunhar coisas horrendas que terminam por dilapidar sua razão. Derby nunca foi exatamente um sujeito com força de vontade, mas essa sucessão de traumas acaba lançando-o numa espiral de loucura cada vez maior.

A forma como ele implora no final do conto, para que Upton mate a coisa que habita seu corpo e depois o incinere, demonstra a que ponto chegou a sua desesperança em se ver livre da ameaça que paira sobre ele.

Ah, e temos o Asilo Arkham figurando de forma proeminente na história, quando Upton assina os papéis para a institucionalização de Derby que estava cada vez mais instável. De fato, os psiquiatras do Arkham parecem prestar um bom trabalho ajudando-o a recobrar a sanidade. Ainda assim, eles são incapazes de entender o que realmente se passa e que a personalidade de Derby mudou consideravelmente. 

Comentários:


- Vou ser sincero, quando li pela primeira vez "A Coisa na Soleira da Porta”, concentrei-me em seus horrores mais tradicionais: feitiçaria, shoggoths e cadáveres andantes apodrecendo. Minha última releitura para escrever esse artigo, no entanto, abriu meus olhos para todos os elementos psicossexuais no contexto da trama. Essa é uma das únicas histórias de Lovecraft em que uma personagem feminina tem papel proeminente e justo nela temos nos bastidores da história ansiedade sobre sexo, gênero e identidade em si. A presunção de que os machos são psiquicamente superiores por pura masculinidade é flagrante, superficial e talvez o aspecto menos interessante da trama. Mas há muito mais se contorcendo ao redor.

Com a transferência de mentes no centro da história, a questão da identidade é inevitável. Ephraim Waite, o mago, desejava se perpetuar indefinidamente e quando sentiu que a morte estava cada vez mais próxima arranjou uma maneira alternativa de viver para sempre. Transferir sua mente para o corpo de outra pessoa lhe garantiria a juventude eterna como invasor no corpo alheio. Uma vez que cultistas e feiticeiros não possuem muita ética moral à respeito do mal que desencadeiam, para ele pouco importava quem seria afetado. Mas a nota especialmente medonha é que dada a sua pressa ele precisou recorrer á sua filha Asenath. Então, embora não desejasse, Ephraim acaba saltando de um corpo de homem para o de uma mulher. Isso poderia ter sido um choque para qualquer um, ainda mais para um velho misógino que considerava a mente feminina inferior e incapaz de atingir o ápice de seu desenvolvimento psíquico. Desejando um corpo mais condizente, ele começa a buscar uma vítima em potencial, de preferência alguém de vontade fraca que pudesse ser moldado num receptáculo mais confiável.

O plano de Asenath/Ephraim, no entanto é ao mesmo tempo sinistro e estranho. Ele decide que irá habitar o corpo do fraco Edward Derby, e para garantir que ele ficará ao seu alcance para realizar a transferência, decide se casar com ele. 

Longe de ser um especialista em relacionamentos e erotismo, Lovecraft deixa o sexo fora do palco, o que pode incomodar o leitor imaginativo, mas algumas coisas podemos assumir. Depois que Ephraim rouba o corpo de sua filha, "Asenath" frequenta uma escola para meninas, onde "ela" hipnotiza os alunos e se dedica a "olhares e piscadelas de um tipo inexplicável”. Podemos muito bem compartilhar a ironia obscena nisso tudo” de Asenath/Efraim sobre sua presença lupina entre as ovelhas jovens.


Mas é no casamento que reside o elemento mais estranho e que levanta maiores questionamentos. Edward desposa Asenath, que na verdade hospeda a mente do velho Ephraim. Eles passam a lua de mel na cidade natal de Ephraim, Innsmouth, e Edward retorna um homem diferente. É inevitável tentar imaginar o que transcorreu nessa lua de mel. Teria o casamento sido consumado? E se sim, como se deu a conjunção carnal entre o casal? Teria o velho disfarçado o comportamento de uma noiva em sua noite de núpcias ou teria evitado Edward? Talvez Lovecraft não tenha aludido ao elemento psicosexual simplesmente considerando que a consumação não ocorreu e pronto. Mas vale a pena lembrar que Lovecraft escreveu "A Coisa na Soleira da Porta" depois de seu próprio casamento com Sonia Greene, portanto ele estava perfeitamente familiarizado com os termos de cama e mesa dos nubentes. Seria estranho supor que Lovecraft simplesmente deixou de lado esse tema, mas é possível que o tenha feito propositalmente para não elaborar demais uma problematização passível de censura de seus editores. Afinal, aludir diretamente a sexo entre dois homens (ainda que um deles ocupando um corpo feminino) poderia ser visto como uma ousadia grande demais para a Weird Tales.

Seja como for, após a lua de mel, Lovecraft alude ao fato de que Asenath faz seu marido raspar o bigode, detalhe que parece insignificante à princípio, mas que pode representar a emasculação simbólica de Edward Derby. Asenath/Ephaim sequer dá ao marido o direito de envergar um símbolo masculino, o bigode. Isso representa a subordinação total de Edward diante de Asenath que se torna a  cabeça do casal. Para a mente conservadora de Lovecraft, o Horror Cósmico contido nesse pequeno detalhe é tão, ou até mais, aterrorizante do que os Shoggoth que surgem mais tarde.

- Na série de Quadrinhos Providence, o autor Alan Moore vê a problemática do relacionamento sexual entre Edward e Asenath de uma maneira ainda mais bizarra e perturbadora. 

Moore supõe que a transferência mental não anulou o desejo sexual do velho Ephaim que se lamenta por não ter um órgão masculino já que está ocupando o corpo da própria filha. Contudo, na HQ, o velho resolve isso da maneira mais detestável possível, usando de magia negra para transferir sua mente temporariamente para um corpo masculino e este para estuprar o que ele vinha ocupando. Para obter gratificação, ele apela para feitiçaria e sem demonstrar qualquer arrependimento faz o que bem entende antes de retornar. Nem é preciso dizer que a cena é uma das sequências mais medonhas de Providence, que chegou a levantar polêmica na época em que foi publicada. 

Asenath na versão de Alan Moore para Providence

Numa entrevista, Moore explicou a cena. Segundo ele, Asenath/Ephraim, por se considerar o cabeça da relação jamais se sujeitaria a ocupar o polo passivo de um relacionamento. Um maníaco como Ephraim Waite, que sujeita sua própria filha a uma morte horrível, nunca iria aceitar desempenhar o papel de esposa, pelo contrário, seria o marido e como tal cumpriria esse papel durante o sexo.

É possível que Lovecraft não tenha sequer cogitado tal coisa, ou se cogitou, ele jamais chegaria perto de descrever uma cena sexual em detalhes tão gráficos quanto Moore fez em Providence.  

- Edward é descrito como fraco, mole, infantil, gordinho, dominado pelos pais, dependente, tímido, inerte. Em contraste com o barbudo Ephraim, ele mal consegue crescer um bigode. Lovecraft não o chama de efeminado, mas bem que poderia. Ele não o chama de gay, mas sugere tendências homossexuais no comportamento geral de Edward e em seu envolvimento com um grupo de universitários selvagens cujas atividades "ousadas, boêmias" e "conduta duvidosa" devem ser escondidas dos pais de Derby. A presença de Edward em um “certo caso” é tão chocante que o sujeito aceita pagar a um chantagista para manter o escândalo longe do conhecimento de seus pais. 

Lovecraft menciona também o suposto envolvimento do grupo com magia negra após o "caso", o que me faz pensar que o "caso" era de natureza mundana, embora não convencional.

A Coisa que dá nome ao conto

- Pode ser mais do que a exposição a Innsmouth que deixa Edward triste e sóbrio. As coisas pioram quando Asenath/Ephraim inflige a ele a violação do roubo de corpos. O clímax do repetido estupro de almas vem quando Edward volta ao seu corpo durante uma reunião do coven que Ephraim estava liderando. Edward está diante do “poço profano onde o reino negro começa”. A interpretação freudiana é fácil. Ele vê “um shoggoth – ele mudou de forma”. E mudar de forma – identidade – tornou-se para ele um horror. Em uma “fúria de histeria”, ele grita “Eu não aguento – vou matá-la – vou matar aquela entidade – ela, ele, isso – vou matá-la!”

As incertezas de Edward diante da identidade de sua esposa e de fato, dele próprio, se tornam o fio condutor do horror nesse conto.

Bem é isso...

Opiniões e comentários são obviamente muito bem vindos.

Um comentário:

  1. Excelente postagem. Bem completa e aprofundada.

    Por coincidência, na semana passada estive lendo a adaptação que Breccia fez desse conto para HQ. E também pe sei nas implicações psicossexuais do conto e de como Lovecraft sempre tangencia o erotismo mas sem junca abordá-lo diretamente. Sempre reprimindo o ato sexual para dentro de contexxtos do horror e da profanação (algo que o Alan Moore realmente explorou muito bem em "Providence").

    Mas no caso desse cknto e especialmente analisando as questões de identidade, não sei... acho que pode sim ter um simbolismo bem pessoal de Lovecraft nessa história e que me fez lembrar desse artigo aqui:

    https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://www.newyorker.com/books/page-turner/the-complicated-friendship-of-h-p-lovecraft-and-robert-barlow-one-of-his-biggest-fans&ved=2ahUKEwimj7P71bOAAxWEGLkGHRo3AeMQFnoECBgQAQ&usg=AOvVaw2gwEXXflIWrOyuVVwrq6m5

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