sábado, 5 de fevereiro de 2022

Escola do Diabo - A Macabra história da Escola Pública Quatro


Por que alguns lugares são assombrados? O que torna um determinado prédio, construção ou edifício um lar para fantasmas? Seriam as energias negativas represadas ali ou a memória de antigas tragédias? Para a parapsicologia, emoções fortes, mortes violentas e o medo deixam um eco nas paredes de construções e estas estão fadadas a se repetir infinitamente, até que essa energia latente termine por se dissipar.

São inúmeras as histórias, contos e lendas sobre lugares assombrados, alguns destes bastante óbvios como cemitério, manicômios e casas funerárias, mas outros lugares considerados assombrados nos deixam perplexos por não serem os típicos redutos de atividade paranormal. Um desses lugares que a maioria não iria associar imediatamente com assombrações são escolas, mas mesmo esses lugares inocentes de aprendizado podem mergulhar no reino das forças das trevas. 

Aqui temos uma velha escola em estilo americano, abandonada e incrivelmente assustadora no estado da Flórida. Ela acumulou mesmo enquanto estava em funcionamento a reputação de ser um dos lugares mais assombrados do estado. E depois de ser fechada, os boatos infames à respeito dela, apenas aumentaram exponencialmente. Hoje ela é tida como um foco de atividade fantasmagórica de grandes proporções.

A escola batizada simplesmente de Escola Pública Número 4 teve um começo humilde. Originalmente inaugurada em 1891 em Jacksonville, Flórida, ela passou a se chamar Riverside Park School pouco depois. Nos anos seguintes, sua estrutura precária, praticamente um barracão de madeira, foi completamente reformada e em 1918, ela reabriu como a Riverside Comunity School. As expansões continuaram até que na década de 1950 ela ganhou a configuração que se manteve até seu fechamento definitivo em 1974. Em seu auge a Riverside chegou a receber 2200 alunos em dois turnos e contar com mais de 200 funcionários. Ela jamais foi uma referência de ensino, mas ajudou a educar gerações de jovens estudantes e alfabetizar milhares de adultos, sobretudo de comunidades carentes.


Há vários rumores estranhos sobre a história da Escola, sobretudo no que diz respeito a acontecimentos trágicos e inexplicáveis. Estes ajudaram, sem dúvida, a sedimentar a história assombrosa da instituição. Em 1938, a sala do aquecedor no porão teria explodido e provocado um incêndio que vitimou cinco funcionários e três alunos. Outro incidente, dessa vez em 1951 foi causado por um escapamento na tubulação de gás que envenenou 12 alunos que viviam na Escola em regime de internato. Os alunos provavelmente morreram enquanto dormiam, sem se dar conta que o ar que respiravam estava saturado de gás mortal. Em 1970, uma nova tragédia se abateu sobre a Escola, dessa vez motivada por drogas misturadas com veneno de rato que supostamente foram distribuídas para alunos do colégio. Seis adolescentes teriam morrido nas dependências do colégio.

Depois desse escândalo, a Riverside ficou fechada por um ano inteiro, funcionando por um curto período em 1971 como escritórios para aluguel. Curiosamente, todos os espaços alugados para essa função eram invariavelmente devolvidos após alguns meses. Extraoficialmente, os boatos é que as pessoas não suportavam trabalhar em lugar tão deprimente. Outros, no entanto, culpavam a atividade paranormal constante. Em 1973, várias unidades foram fechadas e acabaram se tornando reduto de sem-teto e usuários de drogas. Mais boatos dão conta do número assustador de dependentes químicos encontrados mortos no terreno, supostamente vítimas de overdose.

O edifício principal se manteve de pé como uma ruína que se deteriorava lentamente, sem ser condenada ou demolida. Ervas daninhas cresciam e pichações se espalhavam pelas paredes de alvenaria que se converteu num esconderijo para a Gangue dos Blood. Em 1995 um incêndio fez com que o velho auditório desabasse sob o próprio peso.


A Escola, que voltou a ser conhecida como Número Quatro se encontra no mesmo lugar que sempre ocupou, isolada e vazia, deixada para morrer. Ela é um monumento glorificando o abandono. Muito se falou à respeito de reconstruir e reutilizar o terreno, mas nenhum plano oferecido foi levado adiante, em parte por conta dos rumores sobre sua história tétrica.      

E não são poucas essas histórias...

Uma das lendas urbanas mais populares que começaram a circular após o fechamento da Número Quatro foi que um dos zeladores da escola, um sujeito chamado John Dalton era um criminoso extremamente perigoso. Ele não seria apenas um pedófilo condenado, o que é ruim o bastante em se tratando de um funcionário de escola, mas também teria sido um assassino e pior ainda, um canibal. Segundo os relatos, John Dalton trabalhou na Escola entre 1967 e 1969, período no qual alguns alunos foram dados como desaparecidos. A polícia acreditava que os jovens sumidos simplesmente teriam fugido de casa, mas outros sugerem que eles teriam sido emboscados por Dalton nas dependências da própria escola e levados para o complexo de depósitos no subterrâneo da escola, lugar que o zelador conhecia como a palma de sua mão. Lá embaixo, ele teria violentado, torturado e assassinado pelo menos seis vítimas. Depois de matá-los, o criminoso devorava as partes que achava mais saborosas, enquanto o restante era descartado dos grandes aquecedores no porão.

A lenda vai mais longe, citando que a Escola descobriu o que vinha ocorrendo, mas que temendo um escândalo que fecharia a instituição, simplesmente decidiu dispensar o assassino e deixa-lo ir. Tudo teria sido acobertado e os corpos das crianças vitimadas pelo monstro jamais foram encontradas. Há um rumor que dentes e restos de ossos calcinados teriam sido achados nos fornos perto da Sala do Aquecedor, mas nada jamais foi provado. Alguns acreditam que John Dalton posteriormente mudou de nome e assumiu a identidade do assassino em série Robert James Long, que aterrorizou a região de Tampa Bay, na Flórida, em meados dos anos 1970. A maioria das pessoas considera essa história uma lenda urbana assustadora, mas muitos ex-alunos e funcionários juram que havia de fato um zelador sinistro chamado John Dalton que trabalhou na escola e que tinha péssima fama.


Outro rumor persistente à respeito da escola Número Quatro é que ela teria sido construída sobre um antigo cemitério indígena e que ossos haviam sido desenterrados durante sua construção. O terreno em que a Escola foi erguida realmente era parte de terras indígenas que depois deram lugar a uma reserva que foi relocada em 1870. Na época, muito se falou á respeito desse remanejamento dos nativos americanos que não ficaram satisfeitos, sobretudo porque seus ancestrais estavam enterrados naquele lugar.

Em 1987, período em que a escola se encontrava fechada, supostamente uma escavação arqueológica foi conduzida na área. Seu objetivo era encontrar artefatos indígenas que supostamente estavam enterrados no solo. As escavações coordenadas pela Sociedade Histórica da Flórida e que contou com o apoio de organizações ligadas a tribos indígenas desenterrou alguns objetos que foram doados a museus ou devolvidos aos habitantes originais. Boatos davam conta de que ossadas parciais e inteiras também foram retiradas da terra.

Além desses boatos, as tragédias ocorridas na escola durante seu funcionamento também faziam com que a fama de assombrada se espalhasse. A morte de vários alunos ao longo dos anos, em incidentes documentados sem dúvida causa uma sensação de inquietação. Sabe-se de pelo menos 26 mortes no interior da Escola, em incêndios, acidentes com gás e drogas, o que é um número incrivelmente elevado.


Todas essas histórias ajudaram a criar a mística sobre a Escola Número Quatro, e lhe valeram o apelido macabro de "Escola do Diabo". Mas embora não haja provas concretas de que todos esses infortúnios ocorreram, uma coisa todos que lá estiveram concordam: o lugar é extremamente aterrorizante. Quem visita as ruínas da escola, mesmo hoje em dia sente o peso da negatividade e a incrível aura de pavor que parece estar impregnado no que resta do prédio dilapidado. Não por acaso, a Escola ganhou a alcunha de ser "um dos lugares mais assombrados da Flórida".

Os relatos sobre atividade fantasmagórica no terreno incluem o avistamento dos fantasmas de crianças correndo por ali. Aparentemente, há estranhas sombras do tamanho de crianças e até mesmo vultos à espreita nas antigas salas de aula e nos salões decadentes. O som de passos de almas desencarnadas, risos e sussurros, gritos e gemidos mais assustadores são comumente ouvidos ecoando pelos corredores desertos. Diz-se que o fantasma do suposto zelador canibal os mantém aterrorizados, mesmo após a morte. Ele é descrito como uma entidade malévola e muito agressiva que ataca fisicamente os visitantes com empurrões e atirando objetos. 

Há ainda narrativas sobre orbes negras flutuando e estranhos flashes de luz vistos nas dependências. Há ainda uma suposta árvore fantasma que cresce dentro do prédio, mas que muitas vezes desaparece ou se move de um lugar para outro. Também se ouve sons em uma língua estranha, descrita por alguns como dialetos indígenas. Parecem cânticos inexplicáveis ​​que surgem das profundezas do porão sempre imerso na mais negra escuridão. 


Caçadores de fantasmas que visitaram a Escola Número Quatro registraram todos os tipos de atividades paranormais, incluindo aparições e frequentes EVP (fenômenos de voz eletrônica). Muitos parapsicólogos sérios, devotados ao estudo do paranormal exploraram a Escola e se mostraram impressionados pelo que captaram em câmeras ultravioleta e de visão noturna. Toda essa reputação de ser assombrada atraiu também curiosos, que corajosamente atravessam a cerca de arame farpado ao redor da propriedade e se arriscam vagando pela estrutura insalubre.

Apesar de todos os rumores que cercam esse lugar maldito, ao longo dos anos, houve alguns esforços para trazer a Escola Pública 4 de volta à vida. Também foi feita uma tentativa de transformá-la em prédio de condomínios e outra para transformá-la em uma casa de repouso, mas nenhuma dessas propostas chegou a ser concretizada. Em 2000, ela foi designada como um marco histórico, o que impediu que fosse demolida, e por isso ainda permanece como um espaço vazio, selvagem e sombrio, com pichações cobrindo quase todas as superfícies disponíveis de sua estrutura deteriorada. A maior parte dela, uma ruína completa.

Assombrado ou não, certamente o esqueleto decrépito da Escola se presta ao papel de inspirar lendas urbanas assustadoras. Ela alimenta com sua atmosfera sombria a imaginação das pessoas com visões pavorosas. Se não é assombrada, ela certamente parece ser, e apesar do fato de sua estrutura estar se desintegrando com tetos ruindo e pisos esburacados, a escola resiste, como se estivesse disposta a morrer lentamente. Ela é uma espécie de armadilha mortal, que atrai curiosos independentemente dos muitos cartazes de "Proibido Invadir" afixados ao longo da cerca. Muitos exploradores urbanos e investigadores paranormais não conseguem resistir ao canto de sereia desse lugar e vem conferir em primeira mão, arriscando suas vidas nesse ambiente decadente.


Existe alguma verdade nisso tudo, ou são apenas lendas girando em torno de um lugar inegavelmente esquisito? Alguma dessas histórias é verdadeira ou elas não passam de um mito local persistente? Seja qual for o caso, a Escola Pública Número 4 ainda está de pé, cercada e segregada do mundo à sua volta, guardando mistérios sobrenaturais que talvez nunca compreenderemos.

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