terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Rituais de Sangue - Os Aterrorizantes crimes na Floresta de Ibadan


O ser humano, sempre teve uma ânsia de saber e compreender o que existe além do mundo natural. O que está escondido pode ser revelado apenas pelos iniciados que dominam as artes antigas e conhecem seus segredos. Desde o início dos tempos, o homem buscou esses mistérios.

Pode, no entanto, ser surpreendente saber que, mesmo nesta era de progresso científico e modernidade, a crença na Magia permanece muito forte. Não faltam indivíduos buscando conhecimento oculto e empregando magias que supostamente erguem o véu de ignorância de nossos olhos. Contudo, nem todos possuem um senso de ética quanto ao assunto. 

Em certos lugares, a magia está associada ao mal, e em parte, tal coisa acontece porque os supostos magos vão longe demais em seus experimentos. Em alguns cantos isolados do mundo Rituais de Sangue, alguns muitíssimo antigos, são praticados na calada da noite. Espíritos, demônios e entidades são invocados por tambores ritmados, danças tribais e feitiçarias rituais. Há pessoas sendo mortas ou torturadas devido à crença na Magia. Simplesmente nascer albino em algumas partes da África, coloca um preço sob sua cabeça, uma vez que xamãs e feiticeiros o veem como um sacrifício valioso. É por isso que alguns países proíbem a feitiçaria e verdadeiros Esquadrões de Caça às Bruxas operam no sentido de coibir tal coisa.  

Pode parecer absurdo, mas em certos lugares, magia é tão real quanto o dia, ou mais propriamente, que a noite mais escura. Um caso extremamente macabro que ilustra essa afirmação ocorreu recentemente na nação africana da Nigéria. Uma floresta repleta de vítimas de sacrifícios rituais e desmembramento foi descoberta nesse país, causando um misto de horror e medo na população. Lá, a crença em Magia Negra ainda é muito forte, como veremos à seguir.

Tudo começou em 2014, com algumas pessoas desaparecendo sem deixar rastro. Em sua maioria, os que sumiam trabalhavam como moto-taxistas em Ibadan, no Estado de Oyo, uma região rural densamente populosa do país. Embora não houvesse nenhum indício claro de crime, parte da população local estava bastante desconfiada de que alguma coisa sinistra estivesse acontecendo na região. Falava-se de estranhos à espreita, membros de etnias que praticavam rituais tribais e que eram vistos com reservas. Logo a população supersticiosa começou a sussurrar rumores sobre cultistas sequestrando pessoas para seus rituais sombrios. Tal noção não era uma ideia irracional, já que a Nigéria não é um lugar avesso a crimes violentos e assassinatos. Muitos crimes de morte investigados no país envolvem  mutilação e tortura e a polícia está acostumada a tratar desses incidentes. Por essa razão, as autoridades trataram os boatos com máxima seriedade.


Infelizmente as investigações preliminares não revelaram nada e os detetives de polícia estavam sem qualquer pista à respeito dos desaparecimentos. A medida que estes continuavam a acontecer com alarmante frequência, ainda não havia uma resposta oficial. Finalmente, em março de 2014 um motociclista transitando pela via expressa Lagos-Ibadan que corta a escura Floresta de Soka, procurou a Delegacia de Polícia. Ele afirmou ter ouvido gritos pedindo por ajuda. O sujeito parou sua moto e ao se aproximar para ver do que se tratava, viu algo que gelou seu sangue e o fez correr sem olhar para traz. Numa clareira estavam reunidas dezenas de pessoas envolvidas em algum tipo de celebração estranha que ele julgou se tratar de bruxaria. A polícia, foi até o lugar para averiguar a denúncia, mas não encontrou ninguém. Havia contudo sinais de que muitas pessoas haviam se reunido por ali como evidenciavam as pegadas, restos de tochas queimadas e lixo abandonado. 

Até então, eles não desconfiavam que tropeçariam num macabro festival de horror e morte.

Espalhando-se pela área para vasculhar, encontraram um prédio em ruínas, aparentemente abandonado, uma estrutura carcomida escondida entre as árvores de copa baixa e vegetação rasteira. Imediatamente perceberam que dali emanava um fedor fétido. Com muito cuidado, os policiais contornaram a construção dilapidada, iluminando o caminho com suas lanternas. 

Ao entrar no prédio, o grupo foi recebido por uma visão aterrorizante de cadáveres humanos espalhados pelo chão e juntos das paredes. Encontravam-se em diferentes estados de decomposição, evidenciando maus tratos e tortura. As vítimas aparentemente haviam sido capturadas e mantidas naquele local com o uso de correntes e cordas reforçadas para que não escapassem. A visão era desalentadora e fez com que os policiais que fizeram a tétrica descoberta pedissem apoio imediato. Estavam diante de algo grande, algo terrível!  


À medida que a polícia expandia sua busca, começaram a encontrar outros restos humanos nos arredores, muitos deles massacrados em cepos de açougueiro encharcados de sangue, em alguns casos ainda acorrentados à estes mesmas cepos. Havia também numerosos restos humanos espalhados pela mata, enfiados nos arbustos, nos cantos das árvores, ou jogados sem cerimônia em barrancos escavados no chão. Um exame preliminar revelou que vários cadáveres estavam mutilados sem membros ou com órgãos internos ausentes, alguns deles até mesmo decapitados. No total, mais de vinte corpos humanos decompostos e centenas de crânios humanos foram achados naquela floresta maldita. Também acharam outro pequeno prédio repleto de bugigangas guardadas em malas, mochilas e bolsas. Eram pertences pessoais das vítimas, incluindo carteiras, roupas, joias, bolsas de viagem, calçados, roupas de motoristas, documentos e fotografias, até mesmo brinquedos, estavam entre os objetos. 

No segundo prédio, num porão improvisado, a polícia resgatou cerca de 15 pessoas acorrentadas e mantidas em cativeiro. Todos se encontravam seriamente desnutridas, parecendo esqueletos vivos, cercados por nuvens de moscas. Algumas delas estavam em estado catatônico, quase mortas. Quando interrogados pela polícia, contaram histórias semelhantes: haviam sido sequestrados, torturados e mantidos algemados com alimentação semanal. Na maioria dos casos, eles não conseguiram identificar as pessoas que os levaram, mas alguns afirmaram que os criminosos que os sequestraram eram funcionários do governo, ou pelo menos se passavam por eles. Algumas das vítimas disseram que foram mantidas lá, acorrentadas por meses. A impressão geral era de que isso já vinha acontecendo já há algum tempo. 

Toda a área foi isolada e uma investigação foi iniciada para tentar descobrir o que havia acontecido e quem eram os autores daquela barbárie. A maioria dos corpos encontrados não pôde ser identificada, e isso causou certo grau de indignação entre os moradores locais que procuravam entes queridos desaparecidos. Os rumores eram de que os assassinatos rituais haviam sido ordenados por nigerianos ricos em altos cargos no governo. Muitos nigerianos acreditam em espíritos poderes e entidades sobrenaturais que concedem benefício àqueles que lhes oferecem sacrifícios. 

Nos dias que se seguiram à descoberta do que foi chamado "Floresta dos Horrores de Ibadan", multidões irritadas com a falta de informações se revoltaram. Alguns estavam convencidos de que a polícia estaria acobertando o caso e até que havia mais pessoas presas no subsolo. Furioso o povo local convergiu para o local empunhando armas, porretes e facões. A situação chegou ao ponto em que a polícia foi obrigada a dispersá-los com mangueiras e gás lacrimogêneo. 


Mais tarde, as autoridades realizaram várias prisões em conexão com o massacre da Floresta de Soka, incluindo alguns policiais e guardas de segurança, suspeitos de aceitar propina para fazer vista grossa sobre o caso. Entretanto, ninguém foi acusado formalmente pelos assassinatos e o caso continua aberto.

Parece incrível que um crime tão inacreditavelmente horrível possa ter sido cometido perto de uma área urbana em uma nação razoavelmente rica. E mais incrível ainda é ele permanecer sem solução. Essas circunstâncias provocaram muita especulação de que oficiais e policiais estavam de alguma forma envolvidos nos assassinatos ritualísticos e no comércio de partes de corpo humano. Na Nigéria e em várias nações da África Ocidental, mercados populares oferecem muito dinheiro por órgãos humanos que são usados como ingredientes em rituais de feitiçaria - de fígados, rins e coração até cabeças inteiras. Há muito dinheiro a ser ganho com a venda de partes do corpo para rituais de magia negra, feitiços, criação de poções e, embora a Floresta dos Horrores de Ibadan seja um caso extremo, assassinatos semelhantes não são exatamente uma novidade. 

Em muitas áreas rurais a crença na magia ainda é muito forte, e populações carentes recorrem ao comércio de partes de corpos para sustentar suas famílias, transformando-se em assassinos para servir a vários xamãs e bruxos que os convencem de que é o que as forças mágicas desejam. Jovens desempregados costumam ser contratados para roubar sepulturas em busca de órgãos, mas um bruxo paga uma boa soma por partes frescas que são segundo a crença local "mais potentes".

Os criminosos recebem patuás que os protegem para cometer os homicídios impunemente. Um bruxo pode oferecer um amuleto que supostamente torna o assassino invisível e permite a ele se esvair da cena do crime incógnito. Outros podem entregar aos seus agentes venenos mortais que garantem um serviço limpo. Finalmente existem feiticeiros que exigem que as mortes aconteçam em determinadas circunstâncias: que as vítimas sejam previamente torturadas ou que estejam aterrorizadas na hora da morte, para que a coleta dos órgãos agrade aos espíritos. Numa cidade grande como Lagos, um coração humano pode render uma semana de comida para uma família, já partes do corpo de um albino são o que mais se procura. Albinos sempre estão em grave perigo na Nigéria e nações adjacentes.


As perguntas sobre o que exatamente aconteceu na Floresta de Ibadan permanecem sem resposta. Não se sabe quem foram os criminosos responsáveis por essas mortes e nem onde estão. Ninguém foi oficialmente acusado pelos horríveis homicídios e sequestro de inocentes que nada fizeram, a não ser estarem no lugar errado, na hora errada. Um triste retrato de impunidade em um país como a Nigéria, que tenta caminhar na direção do progresso. 

O caso se tornou apenas mais uma matança ritualística em um lugar onde essas coisas acontecem com frequência. É muito pouco provável que isso mude nos próximos anos. O incidente ilustra uma tendência que se estende até os dias atuais em algumas áreas rurais da África, onde superstições e mitos continuam muitíssimo presentes no dia a dia das pessoas. Parece existir uma espécie de fascínio pela magia negra e pelas artes das trevas que continuam sendo praticadas impunemente em certos cantos escuros do mundo. Se a magia tribal funciona ou não, pouco importa, para as pessoas mortas e abusadas nas mãos de seus captores, ela é muito real.

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