domingo, 15 de maio de 2022

Criança das Estrelas - A controversa teoria do misterioso crânio de um ser alienígena


O Crânio da "Criança das Estrelas", um crânio real, encontrado na década de 30, é tratado por muitos teóricos dos extraterrestres como evidência física de que alienígenas ou seus híbridos estiveram na Terra. Infelizmente muitos desses objetos são tratados como propriedade privada e o acesso a eles para realização de testes que poderiam provar suas afirmações é rigidamente controlado, quando não totalmente proibido. Nenhum relatório científico independente foi publicado sobre esse crânio e há suspeitas de que os dados que demonstram ser ele humano, tenham sido suprimidos. No entanto, há uma comunidade muito ativa de pesquisadores que divulgam sua existência e o tratam como prova incontestável de contato extraterrestre. O problema com o reconhecimento do crânio vai muito além da simples coleta, análise e interpretação de dados: há questões éticas importantes sobre a maneira como os restos mortais são tratados.

Mas de onde veio? O que representa? Onde se encontra? E mais importante, qual é o possível significado desse curioso artefato para todos nós?

O crânio teria sido descoberto por uma garota americana de El Paso em 1932. Ela estava visitando uma mina abandonada perto de Copper Canyon, no México, à cerca de 160 km a sudoeste da cidade de Chihuahua. A história mais difundida afirma que a garota encontrou o crânio atrás da parede de uma câmara profunda. Ele estava caído ao lado do esqueleto de um adulto esparramado no chão da mina, como se a pessoa estivesse carregando o crânio. Embora a garota tenha tentado recuperar o esqueleto inteiro, uma inundação relâmpago levou a maioria dos restos mortais e tudo o que ela conseguiu salvar foi o crânio incomum. Ela o levou para casa, limpou e mostrou para um professor que se interessou pela descoberta e pediu para mostrá-la a um especialista em anatomia. Supõe-se que posteriormente o crânio tenha sido comprado por um médico e que tenha trocado de mãos ao longo das décadas, sendo adquirido por interessados em itens incomuns. 

O Crânio teria pertencido a pelo menos quatro pessoas diferentes até 1998, quando foi adquirido pelos atuais proprietários. Isso significa que as informações sobre sua descoberta são truncadas, na melhor das hipóteses. 


O crânio encontra-se atualmente na posse de Ray e Melanie Young; Melanie era uma enfermeira que ficou convencida de que a forma bizarra do crânio não poderia ser resultado de deformidades humanas comuns. Para tentar descobrir mais sobre sua origem, o casal procurou o autor Lloyd Pye que havia publicado controversos trabalhos sobre a origem da raça humana e do suposto envolvimento de alienígenas em nossa criação. 

Pye ficou muito impressionado com o achado e se converteu numa espécie de "guardião" do misterioso crânio. Desde então, todo o acesso a ele tem sido controlado. Em 2010, Pye contratou seu próprio geneticista para realizar análises de DNA na peça. Ele tem promovido o crânio, principalmente para grupos de estudiosos de OVNIs e Nova Era como prova da existência de extraterrestres entre nós. Pye também foi o responsável por criar o nome "Criança das Estrelas" (Starchild) usado para se referir não apenas ao crânio, mas a supostos híbridos humanos/alienígenas que figuram em suas teorias.

O crânio em questão é grande, com uma capacidade de 1.600 cm3, cerca de 200 cm3 maior do que um crânio adulto humano médio. Embora tenham sido feitas alegações de que ele é composto de um material que se assemelha ao esmalte do dente, sua formação principal é hidroxiapatita de cálcio, material padrão nos ossos de mamíferos. Ele contém os ossos usuais presentes num crânio humano, no entanto, apresenta deformidades óbvias ​​em praticamente todos eles. Por exemplo, as órbitas são incomumente rasas e o canal para o nervo óptico está mais próximo da base da órbita, sugerindo uma deformidade rotacional. Além disso, o osso occipital na parte de trás do crânio foi severamente achatado. Também não há seios frontais, condição que afeta cerca de dez por cento da população mundial. A análise de uma porção descolada da maxila direita mostrou dentição permanente não irrompida e uma idade estimada em torno de cinco a seis anos no momento da morte.


O primeiro teste de DNA realizado no crânio foi conduzido pelo laboratório Bureau of Legal Dentistry da Universidade de British Columbia no Canadá em 1999. A análise foi realizada a partir de uma pequena quantidade de material que demonstrou se tratar de uma criança do sexo masculino. Esse resultado foi contestado por Pye, que afirmava ter havido contaminação do material e que a conclusão havia sido errônea. 

Um segundo teste foi realizado em 2003 pela Trace Genetics de Davis, Califórnia, uma empresa privada que realiza testes de DNA. De acordo com o relatório do exame, a amostra demonstrou presença de material genético consistente com o haplogrupo C, típico de nativos americanos, conforme revelado por meio de duas extrações independentes realizadas em fragmentos do osso parietal. A segunda conclusão é que o perfil genético possuía uma sequência diversa desconhecida, que não podia ser determinada. 

Em 2010, novas análises de DNA foram realizadas pelo programa National Institutes of Health, que comparou sequências de proteínas com bancos de dados e calculou a significância estatística das correspondências. O objetivo era determinar relações funcionais e identificar o perfil dos genes. O procedimento descobriu 265 pares combinados, demonstrando “que ao menos uma parte do DNA era de um ser humano, mas o restante, permanecia indeterminado".

Segundo Lloyd Pye, isso constitui uma prova cabal de que o Crânio embora possuísse genes humanos, tinha também uma porção de DNA desconhecido, na opinião dele, de origem extraterrestre. Pye sugeria que a "Criança das Estrelas" seria um tipo de híbrido humano/alienígena. 


A datação por rádio carbono foi realizada em 2004 pela Beta Analytic de Miami, que forneceu uma idade aproximada do crânio entre 900 e 1100 anos. Isso coloca o crânio como contemporâneo da Cultura Mogollon que floresceu no norte do México e no sudoeste dos EUA no início do segundo milênio. A prática da deformação craniana era amplamente praticada por esse povo, ainda que nada semelhante tenha sido encontrado em escavações de antigos cemitérios deles. 

Crânios deformados eram um fenômeno comum no continente americano antigo. O crânio de recém-nascidos consiste em ossos que ainda não estão fundidos (a fontanela no topo da cabeça é onde os ossos frontal e parietal eventualmente se encontrarão) e podem ser moldados em formas artificiais por meio de tábuas pressionadas contra a cabeça do bebê. Essa variedade de deformações pode ter sido praticada no crânio da "criança das estrelas". No entanto, outros aspectos do crânio parecem distintamente patológicos: a falta de seios frontais, a capacidade craniana excessivamente grande e as formas das órbitas são indícios de graves doenças congênitas.

Os testes de DNA realizados mostraram que a criança pertencia ao haplogrupo C, equivalente a nativos americanos, sugerindo que o pai ou mãe da criança eram sem dúvida humanos nativos americanos. É no entanto impossível inferir a origem do outro genitor, mas o fato dos resultados serem inconclusivos não significa necessariamente que este seria alienígena. 


Mas se ele não é "alienígena", por que o crânio parece tão incomum? 

É possível que essas deformidades profundas possam ter sido resultado de hidrocefalia congênita, uma condição na qual o crânio se enche de líquido cefalorraquidiano. Outra condição que pode produzir deformidades semelhantes é a progeria, na qual sintomas semelhantes ao envelhecimento prematuro são causados ​​por uma mutação genética. Acrescente a isso a deformação deliberada do crânio que provavelmente começou imediatamente após o nascimento e teremos um crânio de formato incomum. A conclusão científica mais provável mostra que o crânio da "criança das estrelas" pertenceu a um menino humano muito doente, que provavelmente morreu em face das alterações realizadas em seu crânio e da presença de várias doenças. 

É claro, à primeira vista, o crânio da "Criança das Estrelas" se assemelha muito ao dos alienígenas conhecidos como "Greys", com seu rosto amendoado, grandes olhos e boca pequena, que muitos apontam como a aparência mais provável dos extraterrestres. Uma reconstrução da aparência da "Criança das Estrelas" na época de sua morte, nos dá uma imagem impressionante que muitos ufólogos podem considerar conclusiva, mas mesmo essa semelhança não é o bastante para atestar a origem extraterrestre da criança.


De fato, há bem pouco no crânio desta criança que indique que ela seja outra coisa além de um indivíduo muito doente e muito humano, cuja cultura dos pais os incentivou a achatar a parte de trás de sua cabeça. Essa amarração na cabeça pode muito bem ter contribuído para sua morte precoce, mas, qualquer que seja a natureza precisa de sua condição patológica, o menino claramente não estava destinado a chegar à idade adulta. Apesar dos defensores do híbrido alienígena afirmarem que a criança estava em perfeita saúde no momento de sua morte, uma simples análise dos restos mostraria que esse não era o caso: as condições de saúde dele não deveriam ser de modo algum normais, não com tantas deformidades cranianas.

A despeito das explicações de médicos anatomistas, patologistas e especialistas em varias áreas, o crânio da Criança das Estrelas continua sendo apresentado como uma "prova inequívoca" de que não estamos sós no universo e que extraterrestres estiveram entre nós. A controvérsia apenas cresce ao longo dos anos.

Abaixo podemos ver uma simulação da aparência geral mais provável da "criança das estrelas" quando esta ainda vivia, por volta do ano 1000 dC.

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