Tomemos por exemplo um caso que desafia nossa compreensão há décadas e parece existir em um limbo de incertezas e teorias, algumas das quais aparentemente absurdas. O Caso envolve um grupo de amigos que certo dia saíram para um jogo de basquete e que desapareceram da face da Terra. O Caso permanece aberto até os dias atuais, com pistas enigmáticas e indícios inquietantes, mas poucas - ou nenhuma, certeza.
Essa história bizarra começa de uma forma aparentemente inócua, como tende a acontecer em muitos casos dessa natureza. Um grupo de amigos decide passar um final de semana juntos e compartilhar de um pouco de diversão. Gary Dale Mathias, Jack Madruga, Jackie Huett, Theodore (Ted) Weiher e William Sterling eram amigos de longa data com idades entre 24 e 32 anos que viviam em Yuba City, California e que compartilhavam de um interesse por esportes, em especial basquete. Em 24 de fevereiro de 1978, eles decidiram viajar no automóvel de Madruga, um Mercury 69 para assistir um jogo de basquete que aconteceria na Universidade do estado da California, em Chico, cerca de 50 milhas ao norte de Yuba. Os amigos se conheciam há um bom tempo, estudaram juntos, serviram o exército e pareciam animados com a perspectiva de um programa em grupo. Ninguém poderia suspeitar que eles entrariam no carro e que juntos adentrariam o hall dos grandes mistérios sem solução.
O grupo chegou ao local do jogo e foi visto no ginásio. Por volta de 22 horas, a partida terminou e eles foram vistos em uma loja de conveniência onde compraram alguns lanches antes de pegar a estrada de volta para casa. Entretanto, eles não retornaram, e quando na manhã seguinte, ninguém obteve notícias a respeito deles as pessoas ficaram preocupadas. O Departamento do Xerife do Condado iniciou as buscas na rota que os homens mais provavelmente teriam seguido, esperando que talvez eles simplesmente tivessem decidido ficar mais um dia ou que tivessem se perdido ou se atrasado. Contudo, nenhum sinal dos homens ou de seu veículo foi encontrado na estrada
Levaria três dias, em 28 de fevereiro, para que um guarda florestas que nada tinha a ver com o caso ou com a busca avisasse que um automóvel havia sido encontrado em uma área remota, isolada e de difícil acesso em plenas montanhas da Floresta Nacional de Plumas. O guarda anotou a placa do veículo e descobriu que havia informes de buscas a ele. Era estranho, uma vez que a estrada onde o carro fora deixado era distante da rota que o grupo deveria pegar para voltar para casa. De fato, a estrada era afastada demais e não tinha nada que pudesse justificar o aparecimento do veículo naquele local. Outra questão estranha é que nenhum dos homens estava vestidos adequadamente para visitar um lugar como aquele, sujeito a neve e temperaturas muito baixas.
Quando as autoridades chegaram ao local descobriram que as circunstâncias eram ainda mais estranhas do que o imaginado. O carro estava destrancado, sem as chaves, com uma janela aberta mesmo no frio congelante. O carro estava preso na neve, mas tudo indicava que cinco homens poderiam retirá-lo daquele obstáculo com relativa facilidade, bastando para isso empurrá-lo. Ademais, a parte mecânica do veículo foi examinada e os mecânicos não encontraram nenhum problema que os tivesse obrigado a parar ali. Dentro do carro, os investigadores encontraram embalagens de comida e latas de refrigerante, supostamente as mesmas que foram compradas na loja de conveniência e alguns mapas abertos da Califórnia. Mas do motorista e passageiros do carro não havia traço.
Nenhum membro de família, amigo ou conhecido era capaz de dizer o que teria levado aquelas cinco pessoas a tomar um desvio tão grande e visitar aquelas montanhas. Nenhum deles tinha parentes ou conhecidos na área, e ninguém se recordava de qualquer um deles ter um dia mencionado aquela região florestal isolada, quanto mais ir até lá. De fato, todos haviam deixado claro que planejavam assistir ao jogo e retornar tão logo ele terminasse. Alguns deles tinham afazeres e obrigações marcadas para o dia seguinte e nenhum fez menção a se ausentar por mais tempo do que o necessário para ir até o jogo e voltar. Da mesma maneira, todos estavam em perfeita saúde física e mental. Ninguém se recordava que algum deles estivesse deprimido, com problemas econômicos ou matrimoniais. O que teria então, levado os amigos a seguir por uma estrada marginal, verdadeiro ermo deserto em meio à floresta?
Também não havia uma explicação razoável que justificasse porque eles teriam deixado o veículo para explorar aquela região inóspita. A Floresta de Plumas é tão fechada que guardas florestais desaconselham pessoas sem experiência ao ar livre de andar por suas trilhas. Também havia a questão do clima. Na noite anterior ao jogo havia nevado e as estradas estavam desertas, apenas as pessoas que não podiam evitar ter de sair o faziam. Os rapazes não estavam vestidos corretamente para fazer uma exploração dessa natureza e com certeza sabiam que correriam riscos ao abandonar o carro e se aventurar do lado de fora. Também não possuíam qualquer equipamento, nem mesmo lanternas que os ajudasse a ver na escuridão.
Por que abandonar um automóvel em perfeito estado para vagar à esmo pelas montanhas em um lugar congelante, escuro e deserto? Os guardas florestais afirmavam que era quase suicídio, mas mesmo assim, todos os indícios apontavam nessa direção.
Os trabalhos de resgate foram organizados rapidamente visto que não havia tempo a perder. Infelizmente as condições climáticas e nevascas nos dias seguintes dificultavam enormemente os trabalhos de busca. A medida que as autoridades esperavam que a neve diminuísse, algumas pistas bastante estranhas vieram à tona.
A Polícia recebeu uma ligação de um homem chamado Joseph Schons, que afirmava que algumas noites antes (na data do desaparecimento) havia enguiçado seu carro na neve enquanto seguia para uma cabana de esqui há alguns quilômetros do local onde o Mercury dos rapazes foi achado. Schons contou que pensou em procurar ajuda, mas como estava muito frio decidiu sentar no automóvel e esperar amanhecer. Enquanto ele aguardava lá sozinho, cercado pela escuridão e um mar de árvores, imaginando o que deveria fazer, surgiu um automóvel, uma pickup que parou há pouco mais de 20 metros e da qual desceu um grupo de pessoas carregando lanternas. Schons mal podia acreditar na sua sorte, ou assim ele pensou. Ele desceu do carro e gritou para os estranhos pedindo ajuda, mas então aquelas pessoas simplesmente correram para a floresta. A pickup arrancou e se afastou assim que o motorista percebeu sua presença.
Se não fosse bizarro o suficiente, Schons contou que uma das pessoas que correu dele parecia ser uma mulher carregando um bebê de colo. A noite passou e Schons não viu mais nenhum sinal das pessoas ou da pickup. Quando amanheceu, ele conseguiu caminhar até uma trilha e chegar a um posto de guarda. De lá ele ligou para um reboque que veio apanhar seu veículo.
Schons contou que o local onde seu carro enguiçou e o onde o carro dos rapazes foi achado ficavam próximos, a pouco mais de 6 quilômetros um do outro. Ele disse à polícia que não sabia se aquilo que viu tinha alguma conexão com o desaparecimento dos cinco amigos, mas que a estranheza do ocorrido o deixou preocupado. Schons relatou não ter ouvido nada mais e que isso o deixou ainda mais perplexo... as montanhas estavam quietas e escuras, era como se o mundo estivesse imerso em um silêncio total. Ele disse que sozinho naquelas montanhas, sentiu-se aterrorizado e nada pode fazer senão esperar.
Outra história intrigante veio através de uma atendente de loja que vivia na pequena cidade de Brownsvillle, cerca de 30 milhas do local onde o carro dos rapazes foi achado. a mulher contou ter reconhecido quatro deles através de cartazes distribuídos pela polícia. Ela contou ainda que os homens pararam na loja em que ela trabalhava. Eles estavam viajando em uma pickup vermelha, dois dias depois do grupo ter ido ao jogo de basquete. Ela disse que Huett e Sterling pediram para usar a cabine telefônica, antes do grupo inteiro ir embora. O dono da loja corroborou o testemunho de sua funcionária, dizendo que os dois homens posteriormente entraram na loja e compraram alguns salgadinhos e refrigerantes. Eles pareciam tranquilos e calmos, nada em seu comportamento sugeria estarem sendo conduzidos contra sua vontade. O testemunho foi visto com grande confiança, embora ninguém fosse capaz de dizer de quem era a pickup vermelha na qual o grupo viajava e quem a conduzia.
Curiosamente várias outras pessoas se apresentaram nas semanas seguintes afirmando terem visto os cinco rapazes. Mas a essa altura, a polícia começou a suspeitar que nem todas testemunhas podiam ser levados à sério. Não havia nenhuma pista sólida para o caso, e estas, se existissem, pareciam estar enterradas em algum lugar das montanhas, possivelmente junto com os rapazes. Nada restava a fazer senão esperar a chegada da Primavera e o degelo para procurar essas pistas. Entretanto, a chegada da estação do degelo apenas acrescentaria mais mistérios ao caso.
Por volta de Junho a neve já havia derretido, o que permitia a realização de buscas na montanha. Coube a um grupo de motociclistas, a macabra descoberta em uma cabana abandonada usada pelos guardas florestais, localizada a 31 quilômetros do carro abandonado. Lá dentro, no interior gelado e sem aquecimento eles acharam o corpo de Ted Weiher e mais uma dezena de estranhas pistas distribuídas ao seu redor. Para começar o corpo estava completamente vestido, com exceção dos sapatos, que desapareceram por completo. O corpo estava parcialmente congelado, envolto por oito lençóis cuidadosamente estendidos sobre ele, de uma forma que ele próprio não poderia fazer. Na cabana havia um armário com fósforos e material de emergência para fazer fogueira, bem como uma lareira perfeitamente funcional. Ainda assim, nenhuma tentativa de fazer fogo havia sido feita, o que era inconcebível em um ambiente com temperatura abaixo de zero. Havia ainda um tanque cheio de propano conectado à cabana, mas ninguém fez qualquer tentativa de usá-lo para criar um ambiente mais confortável. O corpo foi achado caído diante de uma mesa. Sobre a tampa de madeira havia apenas um relógio que ninguém foi capaz de determinar ter pertencido a qualquer um dos homens. O relógio estava parado, com os ponteiros mostrando 20:34 e o vidro havia sido removido do visor.
Curiosamente o cadáver do homem tinha ao menos três meses de uma barba crescida - Weiher no dia do desaparecimento tinha o rosto perfeitamente liso. Aquilo sugeria que o homem usou a cabana na qual foi encontrado por algum tempo, mas sem sequer ter acendido a lareira. Mais estranho ainda, o laudo da autópsia indicou que a causa oficial da morte havia sido inanição. O exame afirmava que Weiher teria perdido algo entre 40 e 50 quilos antes de sucumbir, a despeito do fato de haver comida na cabana. Nas prateleiras na cozinha, haviam várias latas de ração militar tipo C que haviam sido abertas, mas apenas parcialmente consumidas. Além disso, haviam outros alimentos enlatados na despensa que foram simplesmente ignorados. Então, como possivelmente o homem teria sucumbido à fome?
No dia seguinte, os corpos de Madruga e Sterling foram encontrados cerca de 18 quilômetros adiante, com o corpo de Madruga parcialmente devorado por animais selvagens e em uma posição estranha, como se estivesse com uma mão segurando o relógio no outro pulso. O corpo de Sterling, encostado a uma árvore não era mais do que um esqueleto. Os dois vestiam os restos das mesmas roupas usadas para ir ao jogo de Basquete. Dois dias depois, os restos de outro homem, dessa vez pertencente a Huett foram achados alguns quilômetros adiante. Os legistas examinaram os cadáveres e concluíram que o mais provável é que todos tenham morrido de hipotermia. A despeito de uma imensa operação de busca e resgate, o corpo de Mathias não foi localizado, ainda que um de seus tênis e uma carteira tenham sido recuperados na floresta.
A sinistra descoberta causou uma grande inquietação e perguntas sem resposta. O que teria acontecido a esses homens? Por que eles foram até a montanha? O que pretendiam? Por que abandonaram um carro perfeitamente funcional? Como eles chegaram até a cabana, a 19 milhas de distância, em meio a escuridão e frio, sem trajes adequados? Era impossível saber se todos eles haviam chegado à cabana e o que aconteceu lá. Por que a lareira da cabana não foi acesa? Por que Weiher não comeu as provisões que poderiam ter garantido sua sobrevivência? Quem o cobriu com um lençol como se fosse uma mortalha? Qual foi o destino de Mathias? Com todas essas questões absurdas em aberto parecia impossível encontrar uma explicação minimamente racional para o incidente. Imediatamente teorias começaram a ser sugeridas, algumas sensatas e outras bizarras.
A principal teoria a respeito de como os amigos terminaram naquela área envolve imaginar que eles pegaram algum caminho errado, embora no carro tenham sido achados mapas. Além disso, o lugar era tão afastado que é difícil imaginar que eles tenham simplesmente se desviado tanto da rota que deveriam tomar originalmente. Outra sugestão é que talvez eles quisessem visitar algum amigo que morava na área e que acabaram se perdendo, mas se esse é o caso porque simplesmente não retornar pelo caminho pelo qual vieram? E por que deixar o automóvel? Uma ideia mais sinistra para explicar suas ações é que eles estivessem sendo coagidos por outra pessoa, alguém que fez com que eles tomassem esse rumo. Nesse caso, quem seria essa pessoa ou pessoas? Alguém que eles encontraram no jogo? Alguém que parecia perfeitamente confiável? Quem?
Parentes e amigos foram unânimes em afirmar que os amigos não conheciam ninguém naquela região e que não teriam motivos para tomar aquele desvio e parar em um lugar tão isolado.
Admitindo que eles conheceram alguém ou encontraram alguém em quem confiavam, resta saber quem poderia ser. Seriam as pessoas vistas no caminhão em Schon? Como ele teria convencido os amigos a segui-lo para o mato, no frio e sob qual alegação? Esse indivíduo pode tê-los ameaçado, coagido ou até forçado, mas é estranho imaginar que uma única pessoa conseguiu controlar outras cinco. Se esse foi o caso, quando e como esse indivíduo misterioso se separou dos demais que foram encontrados mortos, e para onde ele foi?
É razoável supor que alguns dos amigos, ao menos Mathias e Weiher, decidiram se refugiar na cabana e esperar que a neve derretesse. Weiher, que sofria de um congelamento severo nos pés parece ter recebido algum tipo de socorro. Além disso ele foi coberto e protegido por alguém que claramente se importava com as suas condições gerais. Em algum momento eles devem ter decidido que era o momento de tentar buscar ajuda e se lançaram na floresta. Weiher deve ter trocado seus sapatos com Mathias quando decidiu entrar no bosque. Parece razoável imaginar que eles tenham tentado sobreviver a nevasca, mas então porque não acenderam a lareira ou comeram os enlatados? São tantas as questões abertas e dúvidas que não se pode ter certeza de absolutamente nada.
Há uma outra teoria que envolve uma condição psiquiátrica conhecida como febre da cabana, na qual a pessoa se vê tomada por paranoia e loucura. Será que algum dos rapazes sofreu um episódio de loucura e se voltou contra os demais? Um surto esquizofrênico poderia ser a explicação para todo esse estranho comportamento adotado. É no mínimo intrigante imaginar como os rapazes teriam reagido a tal situação extrema e se eles estariam dispostos a confrontar uns aos outros. Não há, entretanto, sinais claros de violência que comprovem essa teoria.
No fim das contas, embora existam teorias o caso continua sendo um enigma inescrutável. Ele já foi discutido e debatido exaustivamente, mas ninguém foi capaz de fornecer alguma explicação razoável. O caso se tornou tão denso e bizarro, com seus detalhes perturbadores que ele é comparado frequentemente com as misteriosas mortes de 9 indivíduos nos Montes Urais, na União Soviética em 1959. Um caso igualmente surpreendente, conhecido mundialmente como o Incidente na Passagem Dyatlov.
Qual foi o destino daqueles cinco homens? Que estranhas circunstâncias os conduziram até aquele lugar ermo e isolado da civilização onde eles sozinhos encontraram seu destino? Parece impossível hoje encontrar alguma explicação para os acontecimentos que transcorreram nas montanhas, visto que não há testemunhas, além das árvores incapazes de falar. Se há uma explicação para o que houve naquele frio inverno de 1978 esta provavelmente morreu com aquelas pessoas.
Mais uma matéria instigante
ResponderExcluirParabéns
Sensacional!
ResponderExcluirNão produzir calor (luz) é uma pista, talvez para não chamar atenção, mas não comer?! Abandonaram o carro sem pegar as compras!? Realmente, minhas limitações intelectuais não permitem elucidar o caso. Como disse Lucy Lawless (em episódio de Os Simpsons), sempre que você assistir a Xena e perceber algo inexplicável, não foi erro de gravação, foi magia.
ResponderExcluirEstranho até demais. Nenhuma coação, nenhuma violência. Um surto coletivo?
ResponderExcluirParabéns otima matéria
ResponderExcluirContinue. Já perdi o Medo B e o Noite Sinistra ta morrendo, gosto muito do Blog, Obrigado.
o blog mundo real se foi, depois o isso e bizarro virou uma bosta e agora o otimo noite sinistra... resta praticamente voces. otimo blog
ResponderExcluirEssa tragédia da vida real poderia servir de base uma aventura envolvendo os Mitos.Só não consigo imaginar que tipo de monstros ou cultistas poderiam estar envolvidos nisso tudo.
ResponderExcluirUm caso antigo e até hoje sem solução... como é que ainda não foi feito um filme de terror baseado nisso??
ResponderExcluirNem todos eram mentalmente saudavéis, vi num outro post que Gary MATHIAS sofria de esquizofrenia.coincidentemente o único que não apareceu ou foi encontrado morto.
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