quarta-feira, 1 de maio de 2019

RPG do Mês: Masks of Nyarlathotep - O Retorno da Maior Campanha de todos os Tempos


Masks of Nyarlathotep é considerada por muitos como a maior campanha de todos os tempos. Não estou falando apenas de Chamado de Cthulhu, estou me referindo a todos os RPG lançados até hoje.

Sério mesmo!

Masks é um ícone na história das campanhas prontas e talvez realmente mereça os elogios feitos por gerações de jogadores que participaram dela e guardam ótimas lembranças dessa experiência. Eu sei que joguei Masks e depois narrei e a considero uma das minhas melhores experiências de jogos até hoje.

Eu tenho noção que dizer que uma campanha é a melhor de todas constitui uma declaração no mínimo polêmica, mas Masks merece seu lugar de destaque. Ela é épica, transcendental, aterrorizante, cheia de reviravoltas e lances do destino. O foco de Masks é global, se passando em sete localidades, de Nova York a Shanghai, passando por Londres, Cairo, Quênia e Australia. Os vilões da campanha são igualmente interessantes, consistindo de múltiplos cultos dedicados a vários avatares, ou Máscaras do Caos Rastejante em pessoa, ou Nyarlathotep. O roteiro é absolutamente bem amarrado e com uma escala crescente de incidentes e acontecimentos.



Da mesma maneira, os jogadores - ou Investigadores, serão confrontados por um número enorme de oponentes e terão de analisar centenas de pistas que lhes permitirão deduzir a real natureza de seus inimigos e o que eles planejam nesta terrível conspiração. É claro, os cultos unidos em torno de um mesmo plano anseiam como sempre pelo retorno dos Mythos de Cthulhu. Masks of Nyarlathotep é um verdadeiro desafio para os jogadores. Muitos a consideravam uma das campanhas mais intrincadas e difíceis, beirando a impossibilidade. Não há apenas cultos numerosos e inimigos poderosos no caminho do grupo, mas horrores indescritíveis, aberrações famintas, situações limítrofes e uma fartura de desafios ao mesmo tempo naturais e sobrenaturais.

Além disso, chama a atenção dos jogadores as dimensões da campanha. Em uma palavra é possível definir Masks como GIGANTESCA! Aqueles que embarcam em Masks of Nyarlathotep podem esperar meses ou mesmo anos de aventuras até o complô ser revelado por inteiro. Ela é nada menos do que colossal em extensão e detalhismo. Para se ter uma ideia, a lista de NPCs é tão grande que se sugere ao mestre que tome notas de todas as personalidades encontradas após cada porção da história. Também é interessante que os jogadores mantenham algum tipo de diário para poder acompanhar todos os acontecimentos, uma vez que é fácil se perder dentre a infinidade de pistas e indícios recolhidos.


Curiosamente, Masks não foi a primeira campanha lançada pela Chaosium. No distante ano de 1982, coube a Shadows of Yog-Sothoth dar o início a era das Grandes Campanhas de volta ao mundo (conhecidas como Globetrotters). Shadows foi o planejamento para o que estava por vir e em 1984, Masks foi lançada com pompa e circunstância, estabelecendo o padrão no qual todas as demais campanhas de volta ao mundo buscariam se espelhar.

Sem dar grandes spoilers a campanha em si envolve o trágico destino da Expedição Carlyle. Em 1919, o notório playboy internacional Roger Carlyle deixa Nova York com uma expedição arqueológica ao Egito, passando pela Inglaterra onde os membros conduzem estranhas pesquisas. Os componentes da expedição são pessoas importantes, a nata da sociedade e figurões de grande poder e influência. Entre eles estão Hypatia Masters, uma rica socialite e herdeira, o Dr. Robert Huston, psiquiatra dos ricos e famosos e o aventureiro Jack Brady, espécie de mercenário e guarda costas da expedição. Em Londres, junta-se à esse seleto grupo o famoso arqueólogo britânico Sir Aubrey Penhew. Juntos eles partem para o Egito, onde pretendem realizar o que os jornais da época chamam de "a maior descoberta de todos os tempos".


Após alguns meses, sendo acompanhados por leitores ávidos mundo à fora, a Expedição Carlyle chega a um campo isolado na Colônia britânica do Quênia. Lá eles esperam descansar um pouco, longe dos olhos da imprensa. Infelizmente, uma tragédia os aguarda. A expedição inteira que participava de um safari na selva é massacrada por tribos locais. Nenhum deles sobrevive e o mundo lamenta o ocorrido.

Passam então cinco anos e entra em cena mais um personagem fundamental nessa trama, o autor Jackson Elias. Em Janeiro de 1925, ele contata um grupo de indivíduos de sua confiança - os investigadores - e pede a eles que o encontrem em Nova York. Ele adianta apenas que possui informações estarrecedoras a respeito do destino da Expedição Carlyle. Jackson alerta o grupo ainda da existência de um perigoso culto em atividade em Nova York. Esse é o ponto de partida para uma longa e perigosa investigação que revelará não apenas o destino dos membros da Expedição Carlyle, mas uma conspiração de enormes proporções. Os investigadores terão várias perguntas a responder: No que os membros da Expedição estavam envolvidos? O que Jackson Elias descobriu em suas pesquisas? Quem está arquitetando a sombria conspiração? E quais podem ser os resultados dela para a humanidade se os envolvidos tiverem sucesso?

Aos poucos, os investigadores revelam uma teia de conexões e uma trilha de eventos que os força a viajar pelo mundo, seguindo os passos de cada um dos membros e descobrindo assim as muitas ramificações da campanha. Ao longo do ano de 1925, os investigadores irão atravessar mares e desertos, realizar pesquisas em lugares inesperados, revelar tramas sinistras e enfrentar perigos grandes e pequenos, sofrendo enormes perdas, em matéria de sanidade, bem estar e aliados. Se eles tiverem exito - e conseguirem sobreviver! - talvez eles consigam frustrar os planos de um Deus Obscuro e de seus seguidores, e salvar o mundo!


Embora Masks of Nyarlathotep mereça todos os elogios que a cercam, a campanha estava longe de ser perfeita. Primeiro e mais importante, tratava-se de uma campanha demasiadamente grande e complexa, com tantos detalhes, pistas e sub-tramas que por vezes ela parecia impossível de ser narrada. Segundo, os jogadores precisavam comprar a ideia e fazer a sua parte. Essa era uma campanha que demandava seguir as pistas e entender os acontecimentos. Eles não podiam simplesmente esperar que o Guardião entregasse tudo de mão beijada. Terceiro, a campanha apresentava um NPC - Jackson Elias, um amigo dos investigadores que lançava as bases para a campanha. Embora ele seja tratado como um companheiro de longa data e alguém em quem o grupo confia, faltavam elementos que ligassem o NPC aos PCs. Pedir que eles enfrentassem todas essas agruras por alguém que eles conheciam apenas brevemente não parecia crível. Além disso, a campanha jamais aprofundou a relação de Elias com os personagens, Quarto, a campanha jamais mencionou como os investigadores deveriam viajar ao redor do mundo e com quais recursos. Quinto, os cultistas na maioria das vezes eram tratados basicamente como estereótipos raciais. Muito disso se devendo ao fato de que é uma história que seguia o gênero Pulp, na qual aventura e empolgação são os requisitos básicos para que ela siga adiante.

Ainda assim, Masks of Nyarlathotep permanecia como uma grande campanha, ainda que muitos Guardiões trabalhassem esses problemas por iniciativa própria. Faz alguns anos um enorme suplemento chamado Masks of Nyarlathotep Companion foi lançado com o objetivo de sanar os problemas e realizar ajustes para tornar a experiência mais proveitosa. Mais do que isso, o tal Companion trazia dicas de como narrar a campanha e como lidar com questões essenciais - como por exemplo: "O que fazer se todo o grupo for aniquilado durante a investigação"?  Não por acaso, o Companion de Masks era um verdadeiro calhamaço, com mais de 700 páginas.


Com o lançamento da Sétima edição de Call of Cthulhu, a Chaosium Inc decidiu encarar uma ambiciosa tarefa, adaptar Masks of Nyarlathotep e torná-la mais acessível aos novos Guardiões.

Foi assim que surgiu Masks of Nyarlathotep: Dark Schemes Herald the End of the World (Máscaras de Nyarlathotep: Esquemas Obscuros antecipam o Fim do Mundo), a quinta e supostamente definitiva edição da campanha, que foi completamente redesenhada para ser usado com as regras de Call of Cthulhu, Sétima Edição.

A mudança mais evidente para quem conheceu as edições anteriores é o tamanho. A quarta edição, lançada em 2010 contava com 244 páginas, já essa nova edição possui impressionantes 666 páginas. Quase três vezes mais páginas. De fato, ela é tão grande que o material foi dividido em dois grandes livros, cada um com quase o tamanho do Livro Básico de Chamado de Cthulhu. O primeiro volume cobre o prelúdio da campanha até o Egito, o segundo o restante da Campanha. Os dois volumes massivos são acondicionados em uma belíssima slip case de papelão que acompanha a edição especial.



A segunda mudança óbvia é que conforme a nova filosofia da Chaosium, o material é totalmente colorido, incluindo layout e ilustrações. Isso permitiu que os artistas fizessem um novo approach da campanha com novas e belas ilustrações, inclusive dos membros da Expedição Carlyle, da infame cena do hotel com Jackson Elias, do voo dos Shantaks, das pinturas de Miles Shipley e do próprio Faraó Negro com toda sua magnífica aura de ameaça. O resultado é impressionante, com dois enormes tomos contendo uma fartura jamais vista de ilustrações, mapas e diagramas. Mas a mudança, não é apenas cosmética: Masks of Nyarlathotep possui mudanças significativas.

Quer saber quais são essas mudanças?

Então fiquem conosco na segunda e última parte dessa enorme resenha a respeito de Masks of Nyarlathotep.

3 comentários:

  1. Só vontade de narrar essa campanha.....faltam jogadores....

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    1. Só vontade de jogar essa campanha...... faltam mestres....

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    2. Só vontade de ser essa campanha...... só faltam mestres e jogadores

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