Dentre os personagens mais estranhos criados por H.P. Lovecraft sem dúvida o Clã dos Whateley merece destaque.
Essa família de degenerados que habitava os arredores do decrépito povoado de Dunwich em uma das partes mais remotas do interior da Nova Inglaterra, ousou realizar um experimento blasfemo. Desta experiência resultou o nascimento de não apenas uma, mas duas aberrações inomináveis cujo parentesco direto estava ligado a um Deus Exterior - Yog-Sothoth. Este artigo examina esse estranho parentesco e tenta compreender o que aconteceu quando um Deus fertilizou o útero de uma mulher humana gerando nela suas crias.
O Clã dos Whateley era originalmente formado por Noah Whateley, também conhecido como Velho Bruxo Whateley e sua filha albina Lavínia que segundo alguns era "lenta" ou seguindo o jargão da época "retardada". Os dois viviam em uma pequena propriedade formada por um casebre de alvenaria que mudou pouco ao longo de décadas de ocupação, mas que recebeu grandes acréscimos quando os planos de Noah começaram a frutificar e ele viu a necessidade de expandir o segundo pavimento afim de fornecer uma habitação adequada aos seus "netos".
Todas as menções até então aos Whateley são reticentes já que o "bom povo da Nova Inglaterra" tem uma tendência a se manter distante dos assuntos familiares alheios. Contudo, parece que no caso do estranho clã, foi impossível o povo de Dunwich manter silencio diante do que viam. Em um primeiro momento não se sabia quem era a mãe biológica de Lavínia, assim como, num segundo era ignorada a identidade do pai da criança que ela esperava.
Existe uma considerável discussão a respeito do papel do incesto em "O Horror de Dunwich". Lovecraft jamais citou explicitamente se a prática incestuosa existia ou não, deixando essa hipótese em aberto para os leitores concluírem e se chocarem com o mero vislumbre do que poderia estar acontecendo entre quatro paredes na casa dos Whateley. Isso talvez se deva ao fato de Lovecraft ser bastante pudico quanto a assuntos de natureza sexual, ainda que suas histórias busquem na relação sexual matéria prima para situações de horror (a concepção dos abissais, por exemplo).
Parece bastante razoável que o incesto seja um elemento presente na história. É sabido que em regiões isoladas, sobretudo no interior, laços familiares acabam se dissolvendo e relações espúrias acabam se formando com maior frequência do que em comunidades onde os olhos de estranhos, passíveis de crítica, estão à toda volta.
Para suportar essa hipótese há alguns indícios contidos nas entrelinhas do próprio conto.
Primeiro o fato de Lavínia ser albina e ter deformidades levanta um questionamento a respeito de sua origem já que albinismo no início do século XX estava intimamente associado a incesto. Contudo, hoje sabemos que essa característica não indica necessariamente um elemento consanguíneo. É verdade que incesto de qualquer espécie aumenta a probabilidade de manifestação de genes recessivos, como os que caracterizam o albinismo, porém o albinismo pode se manifestar em outras circunstâncias que não necessariamente incesto. A condição de albinismo está associada a duas características distintas: na produção do pigmento melanina e no tipo sanguíneo. Portanto, embora a manifestação de características recessivas possa ser um indicativo, não é uma certeza de incesto.
Existem entretanto outros indícios. Quando Curtis Whateley, um membro não degenerado da família vê a criatura ele comenta haver uma semelhança macabra entre ela e o Bruxo Whateley. Ele é muito específico nessa descrição, afirmando categoricamente que a criatura não "parece com Wilbur ou com os Whateley em geral, mas que se assemelha ao velho Noah. Isso pode ser um indicativo de que Noah seria mais do que o avô dos gêmeos.
Existe a hipótese sugerida por estudiosos como Robert M. Price de que para impregnar Lavínia, Yog-Sothoth recorreu a Noah Whateley, habitando temporariamente o seu corpo e fazendo com que ele fertilizasse a própria filha. Essa possibilidade é bastante factível já que seria difícil assumir como se daria o contato íntimo necessário para a transferência de material genético de um Deus para uma mortal. Nessa hipótese, Yog-Sothoth faria de Noah seu depositário genético usando-o como um canal para fecundar Lavínia, algo que seria inviável dele realizar por conta própria sem destruir a mulher. Essa explicação parece em concordância com o assumido na história Providence de Alan Moore, no qual vemos Noah tomado pelo Deus tendo sexo com Lavínia.
Nesse contexto, Yog-Sothoth usaria o corpo de Noah para habitar e uma vez dentro dele, manipularia sua genética misturando elementos Seus aos do homem, para gerar assim uma combinação capaz de fertilizar Lavínia. O resultado seria portanto um amálgama do material de Noah e do Deus. Se assim for, pode-se intuir ter havido incesto, ainda que de modo indireto.
Mas vejamos o que sabemos a respeito de Noah Whateley antes de seguir em frente.
O pouco que é sabido a respeito de Noah vem de fofocas e boatos disseminados pelo povo de Dunwich que via de regra preferia manter distância do homem. A razão para isso está ligada diretamente a reputação dele e de seus parentes mexerem com magia negra. O apelido "bruxo" não é um exagero, já que Noah tinha a fama de conhecer encantamentos e conduzir rituais na calada da noite no topo dos montes que circundam o povoado. O "Bruxo" Whateley poderia segundo alguns conjurar as forças do inferno, fazer chover, atuar sobre o clima, encantar, curar ou matar animais e lançar maus olhados fulminantes. Sabendo de sua reputação, não é de se estranhar que muitos preferissem evitar o contato com Whateley e suas práticas excêntricas.
Nas poucas vezes que descia na direção do povoado, as pessoas atravessavam a rua para não encontrá-lo diretamente. Ainda assim, a maioria dos moradores não o discriminava ou atentava contra ele, talvez por medo, mas mais provavelmente por um senso estranho de familiaridade.
Nas poucas vezes que descia na direção do povoado, as pessoas atravessavam a rua para não encontrá-lo diretamente. Ainda assim, a maioria dos moradores não o discriminava ou atentava contra ele, talvez por medo, mas mais provavelmente por um senso estranho de familiaridade.
A outra razão para temor dizia respeito a morte da esposa de Noah que permanecia sem uma explicação cabível já que a única testemunha do passamento teria sido o próprio marido. A mulher, cujo nome sequer é mencionado, teria falecido quado Lavínia completou 12 anos de idade, e as circunstâncias permaneceram desconhecidas. De fato, o povo do vilarejo sabia pouco a respeito dela, visto que jamais visitou o povoado e raramente era vista quando alguém passava pela casa. Comentava-se que Noah a mantinha sempre na casa e a proibia de se afastar. Quando muito raramente alguém os visitava, dava desculpas de que ela não estava se sentindo bem e a mantinha longe dos olhos. Por muito tempo houve a suspeita de que a misteriosa esposa de Noah poderia ser uma prima, irmã ou quem sabe até uma filha já que a diferença de idade, segundo alguns, era considerável. Fato é que só se soube da sua morte quando Noah comunicou meses depois em uma de suas raras visitas à Dunwich.
Não é de se estranhar que o fato tenha atraído muita suspeita e desconfiança entre a população. Noah jamais contou onde ela foi enterrada e quais foram as circunstâncias da morte. Mas até onde se sabe nunca houve questionamento formal ou inquérito por parte das autoridades policiais. Vivendo em um arrebalde tão distante e isolado, o que acontece naquela região, não dizia respeito a mais ninguém.
Havia alguma especulação sobre a idade de Noah quando da concepção de Lavínia. Alguns davam a ele 50 anos, mas outros afirmavam que ele já teria passado dos 70. A aparência do homem era de um velho, com barba cerrada e grisalha, ainda que tivesse energia e inquestionável saúde. Era forte e não dava mostras de qualquer limitação imposta pela idade. Alguns diziam que não era exatamente coerente, falava sozinho e murmurava coisas sem sentido.
Curiosamente, apenas após o nascimento de Wilbur, seu neto, é que a saúde até então perfeita começou a degenerar. Talvez isso esteja ligado a hipótese dele ter servido como receptáculo do poder de Yog-Sothoth na ocasião da geração de Wilbur, mas não há como saber ao certo. Noah morreu em 1 de agosto de 1924, 11 anos depois do nascimento de Wilbur e embora a causa da morte tenha sido definida como "natural", é possível que ela tenha sido decorrente de um câncer. Talvez a doença tenha se desenvolvido pela exposição ao poder de Yog-Sothoth, ainda que essa seja apenas uma suposição.
Curiosamente, apenas após o nascimento de Wilbur, seu neto, é que a saúde até então perfeita começou a degenerar. Talvez isso esteja ligado a hipótese dele ter servido como receptáculo do poder de Yog-Sothoth na ocasião da geração de Wilbur, mas não há como saber ao certo. Noah morreu em 1 de agosto de 1924, 11 anos depois do nascimento de Wilbur e embora a causa da morte tenha sido definida como "natural", é possível que ela tenha sido decorrente de um câncer. Talvez a doença tenha se desenvolvido pela exposição ao poder de Yog-Sothoth, ainda que essa seja apenas uma suposição.
Lavinia Whateley pode ou não ter sido resultado de incesto, mas muitas pessoas contavam tal coisa como uma certeza. Assumiam que a esposa de Noah tinha algum grau de parentesco com o marido. Lavínia era descrita como uma menina tímida e arredia que raramente se aventurava além da propriedade do clã. Outros a tinham como "lenta das ideias" e "estranha".
É provável que o que mais contribuía para essa presunção fosse justamente sua aparência física. Definiam a pobre simplória como extremamente feia. Lavínia era uma moça pequena, frágil e de olhar nervoso, sempre sobressaltada como se tivesse uma visão do mundo particular. Ela falava com uma morosidade característica e não parecia letrada, ainda que tenha sido vista folheando os estranhos livros do pai.
Ela era albina, sua pele e os cabelos desgrenhados eram alvos como a neve, enquanto seus olhos tinham uma coloração pálida cor de rosa. Lavínia era magra, vestia-se de maneira modesta com vestidos simples de juta, remendados e por vezes era vista com os delicados pés sem calçados. Com certeza, embora parecesse frágil, tinha uma boa saúde. Os serviços de casa eram de sua responsabilidade, mas o estado geral da habitação denotava que não era muito esmerada na função.
Ela tinha 35 anos quando Wilbur nasceu e até onde se sabe, assumiu por completo o papel de mãe, ainda que sem demonstrar muito entusiasmo. A identidade do pai foi um mistério escandaloso para o povo de Dunwich por muitos anos, alguns conjecturavam que pudesse ter sido um andarilho ou vagabundo que viu algum encanto na moça atarracada ou então a tomou pela força. Outros sussurravam que Noah teria se aproveitado do isolamento em que viviam para compelir sobre ela suas vontades animalescas. Não se sabia ao certo e ela nunca comentou o assunto.
Tema de muitas discussões e polêmica era o fato de que mais de uma testemunha teria visto Lavínia e seu filho vagando nus pelos campos à noite. A moça se destacava pela brancura de seu corpo que a tornava inconfundível mesmo que à distância. A razão para esses passeios e em que circunstâncias se davam, desafiava uma explicação cabível mas pareciam coincidir com datas místicas. Depois de alguns flagrantes, ela passou a ser mais cuidadosa, ainda que alguns afirmassem tê-la visto próximo de Sentinel Hill, dançando e rodopiando nua no topo do Monte ou levando a criança pela mão. Esses estranhos passeios aconteceriam até Wilbur completar 10 anos.
Lavínia desapareceu da face da Terra em 31 de outubro de 1927. Não se sabe o que aconteceu com ela e Wilbur, última pessoa que a viu, nunca explicou exatamente em que circunstâncias teria ocorrido seu falecimento. Ele também não informou onde enterrou a mãe. A morte de Lavínia foi assunto entre o povo de Dunwich, mas o consenso foi que ela teria morrido de gripe ou outra doença comum. É claro, pesaram suspeitas sobre Wilbur, mas o rapaz tinha apenas 14 anos (embora parecesse ter mais) e ninguém quis tomar a frente para fazer uma acusação formal. Lavínia não era querida, não tinha amigos e quanto menos as pessoas se envolvessem nos negócios dos Whateley, melhor.
A única pessoa que talvez soubesse detalhes sobre o que se passava na casa era uma vizinha de nome Mamie Bishop que visitou a casa em meados 1926. Na ocasião, Lavínia manifestou preocupação a respeito de Wilbur e temor sobre sua segurança, sem no entanto, entrar em detalhes.
De acordo com "O Horror de Dunwich", Lavínia deu a luz a gêmeos como resultado direto de uma estranha e única união sexual com o Deus Exterior Yog-Sothoth. A família teria tentado criar "uma raça à parte", misturando o gene humano e o alienígena.
Baseado na aparência física e desenvolvimento metabólico de Wilbur Whateley, o gêmeo que veio a ser conhecido elo povo de Dunwich, a presunção não parece muito longe da verdade. Ainda que Wilbur fosse para os padrões gerais "mais humano", algumas de suas características mais aberrantes precisavam ser mantidas ocultas para não chocar as pessoas. Ainda assim, em grande parte sua aparência, mesmo quando criança chamava a atenção.
Desde o nascimento, Wilbur tinha um físico peculiar. Primeiro seu desenvolvimento físico era fenomenal quando comparado a um ser humano normal. Segundo rumores ele já era capaz de andar sozinho aos sete meses e aos onze era capaz de falar, ainda que, com um estranho sotaque. Sua voz e os sons que produzia tinham um timbre incomum que foi se acentuando. Eram sons que pareciam vocalizados por órgãos não naturais.
Testemunhas que afirmaram tê-lo visto na companhia da mãe, Lavínia, nas ocasiões em que os dois foram flagrados dançando nus no topo dos montes afirmaram ter visto algo inexplicável. Na falta de explicação concluíram que ele vestia o que parecia ser uma estranha calça, dotada de drapeados franjados que pareciam farfalhar enquanto ele dançava e saltava. Mas essas testemunhas viram a cena por apenas um momento, tendo como iluminação apenas a luz da lua e de fogueiras, quanto mais à uma distância considerável.
A medida que Wilbur continuou crescendo, sua aparência foi se tornando cada vez mais anormal para uma criança: cabelos castanhos grossos se espalhavam pelo seu corpo, suas feições eram angulares e com uma distinta característica caprina, reminiscente dos míticos faunos ou sátiros da mitologia. Seus lábios eram grossos e carnudos, a pele apresentava marcas amareladas que aos poucos foram escurecendo, as orelhas se tornaram cada vez mais pontudas, assim como o queixo. Seus olhos eram grandes e arredondados, com um brilho estranho que deixava as pessoas que os encaravam incomodadas.
Aos 10 anos, Wilbur tinha a mente, a voz e o corpo de um homem adulto. Ele era alto e corpulento, movia-se com um gingado estranho e parecia pouco à vontade nas roupas apertadas que se obrigava a vestir. As pessoas de Dunwich comentavam que ele sempre aparecia de chapéu, isso porque certa vez o removeu em público e alguns curiosos afirmaram ter visto crescer em sua cabeça o que parecia ser um chifre. As pessoas que se aproximavam o bastante detectavam um odor rançoso e suarento que lembrava o cheiro de animais da fazenda. Não é à toa que animais sensíveis a odores o farejavam de longe. Digno de nota é o fato de que cães o detestavam e latiam sem parar quando ele estava próximo. Nessa idade, Wilbur passou a carregar consigo um revólver que usava para espantar os cães que se aproximassem. Ele detestava os cães tanto quanto eles o odiavam, e reagia com um silvo furioso quando passava por um destes animais.
Aos doze anos, Wilbur já atingia dois metros e seu corpo tinha uma constituição sólida. Ele continuava andando com aquele balanço estranho, mas agora parecia mais centrado e à vontade com sua estatura avantajada. Olhava as pessoas do alto e não desviava mais os olhos; lançava sobre aqueles com quem falava, um tipo de encarada penetrante. Sua voz se tornou mais gutural, cavernosa e retumbante. Sua face apresentava uma barba rala castanha que parecia sujar seu queixo pontudo. As unhas eram sempre bem cortadas, mas os dedos eram curtos e com pontas quadradas.
Em 1928, quando tinha 15 anos, Wilbur Whateley fez uma tentativa fracassada de roubar a tradução latina de Olaus Wormius do livro conhecido como Necronomicon. O volume estava na Biblioteca da Universidade Miskatonic. O cão de guarda da biblioteca o atacou furiosamente, rasgando a sua roupa e deixando aparente sua pele. Com isso, foi possível ver pela primeira vez a anatomia alienígena do rapaz.
A primeira coisa percebido no cadáver sem vida foi a poça de bile verde-amarelada que se formou ao seu redor. O odor dessa substância era nauseante. Esse "sangue" em uma análise científica era similar a "hemolinfa", um fluido que circula pelo corpo de artrópodes. Essa classe de animais invertebrados possuem exoesqueleto, corpos segmentados e apêndices. Diferente de vertebrados, que possuem um sistema circulatório interno que impulsiona o sangue rico em hemoglobina, artrópodes possuem um equivalente chamado hemolinfa que circula por seu interior, nutrindo os órgãos em um sistema aberto. O sistema de Wilbur possivelmente era dessa modalidade.
Também é frustrante reconhecer que seu corpo não deixou ossos ou mesmo crânio e que todos estes se desmancharam como se fossem feitos de uma substância passível de derretimento após o cessamento das funções.
Embora a porção superior de seu torso fosse suficientemente humana em aparência, a parte inferior de Wilbur lembrava pouco a de um ser humano comum. Acima da cintura a pele era rígida e escamosa, com uma coloração amarela nas extremidades, tornando-se mais escura até um preto manchado no centro. Abaixo da cintura, as diferenças se acentuavam com uma concentração de pelos grossos no abdomen, genitália e nas pernas. Ao redor da cintura destacavam-se protuberâncias longas e cinzentas semelhantes a tentáculos com bocas ciliadas avermelhadas. Ao longo dos anos, o povo de Dunwich percebeu estranhas marcas no corpo do Bruxo Whateley e em Lavínia. Aparentemente essas marcas eram similares em tamanho e forma às bocas capazes de sugar na ponta dos tentáculos. Isso pode significar que Wilbur usava os tentáculos para sugar sangue de seu avô e mãe.
Sabemos que a criatura enorme batizada de Horror, se alimentava de sangue fresco. É justo assumir que Wilbur se alimentava de maneira similar drenando porções de sangue que permitiriam a ele tirar sustento.
No momento da morte de Wilbur, seu corpo começou a encolher e desmanchar em um tipo de acelerada decomposição hiper-dimensional. Como muitas "coisas de fora do espaço e tempo", a matéria que compunha o corpo físico de Wilbur não pertencia a essa realidade e necessitava de uma grande quantidade de energia para seu sustento e manutenção. Logo que o organismo se viu a beira da ruína a energia dispendida para essa função foi reduzida e o material hiper-dimensional começou a se dissipar. Outras entidades lovecraftianas, como os Mi-Go e Shoggoth, exibem reações similares quando cessam as funções biológicas deixando poucos traços de sua matéria constitutiva. O mais provável é que essa matéria alienígena se desintegra quando não é suprida de energia.
O nascimento de Wilbur decorre de uma tentativa de Yog-Sothoth de criar uma forma de vida estável constituída de sua própria energia e matéria, o equivalente a nossa "carne e sangue". A criação de um ser vivo como Wilbur que conjugava elementos de duas realidades com propriedades e constantes únicas seria uma anátema para nossa ciência biológica, impossível de compreender e conjecturar do ponto de vista das ciências médicas.
O verdadeiro "Horror de Dunwich" talvez não fosse o monstro imenso e invisível que vagava faminto pelo Vale de Miskatonic, mas a coisa semi-humana que desenvolveu inteligência e persuasão humana.
Wilbur talvez fosse a real ameaça para a espécie humana. Seu propósito parecia ser abrir o caminho para a criação de uma nova e abominável raça de seres semelhantes a ele próprio. E se os seus planos não frutificaram, foi graças ao acaso e a intervenção de um animal feroz, capaz de captar o mal que ali se ocultava.
Mais um texto incrível do blog. 10 anos acompanhando aqui. Meu favorito!
ResponderExcluirFantástico absurdo assustador
ResponderExcluirPerfeito em seu horror
Melhor blog
Apesar da presença sinistra de Wilbur, eu não deixei de reparar a sombra de Noah como um dos monstros presentes nesse texto.
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