É claro, o lendário continente de Atlântida não poderia ficar de fora da mitologia de Cthulhu.
Lovecraft e seus companheiros assimilaram teorias retiradas da Teosofia, doutrina que estava em voga desde o fim do século XIX e que encontrou novo fôlego no decorrer das décadas de 20 e 30. O mais famoso tratado sobre o assunto, The Story of Atlantis and the Lost Lemuria foi escrito no ano de 1925 por W. Scott-Elliot e causou controvérsia ao tratar as lendas à cerca de Atlântida como um fato.
Lovecraft também bebeu da fonte de H.P. Blavatsky e usou seus trabalhos mais famosos a Doutrina Secreta e o Livro de Dzyan (que é tratado como um tomo ligado aos Mythos!) como inspiração.
Finalmente, Atlântida era parte central da mitologia idealizada por Robert E. Howard para explicar o passado de sua Era Hiboriana onde ocorriam as aventuras de dois de seus personagens mais famosos Conan, o Bárbaro e o Rei Kull de Valúsia. Muitos dos conceitos criados por Howard se tornaram a base para a Atlântida do Mythos.
A Atlântida segundo o Mythos de Cthulhu:
O Continente Perdido ao longo de sua existência teve uma forte ligação com entidades e seres do Mythos de Cthulhu e foi o berço de feiticeiros poderosos, cultos devotados aos Grandes Antigos e guerreiros lendários.
A maior parte da história de Atlântida permanece oculta por um manto quase intransponível de mistério e segredos. Não se sabe ao certo quando ou como a civilização atlante se formou, mas é sabido que o Primeiro Reinado de Atlântida foi estabelecido por Valthoth, o Príncipe dos Últimos Dias. Milênios mais tarde ele seria adorado no Egito como o Deus Thoth. Valthoth estabeleceu o domínio sobre a magia e foi o responsável pela construção da cidade capital de Atlântida. Sua dinastia governou por muitos anos, mas eventualmente, foi derrubada por seres das profundezas marinhas (possivelmente Abissais ou mesmo as Crias Estelares de Cthulhu). É possível que Valthoth tenha ascendido e se tornado um dos Elder Gods, embora existam boatos que Nyarlathotep, o Caos Rastejante possa ter tomado sua forma para ser venerado como um Deus milênios mais tarde no Antigo Egito.
O Segundo Reinado se estabeleceu séculos mais tarde a partir da cidadela de Cleito nos limites do continente. Ela lançou uma dinastia de monarcas que combateram as criaturas marinhas empregando aço e magia. O Continente foi totalmente reconquistado e se converteu em um Império quando terras distantes foram exploradas pelas embarcações douradas atlanteanas. Nessa época, o lendário Rei bárbaro Kull partiu de Atlântida para conquistar o Reino de Valúsia um antro de feiticeiros construído na aurora da Terra pela Raça dos Homens Serpente.
Os Atlantes eram magníficos construtores e dominavam técnicas avançadas de metalurgia e engenharia. Poseidonis a Capital do Império era a mais bela das cidades com enormes templos com pilares de mármore, torres que riscavam os céus, canais navegáveis e muralhas fortificadas. O povo de Atlântida também combinava ciência e magia e detinha conhecimentos avançados mesmo para os dias atuais. O panteão de divindades reverenciadas pelos atlantes incluía Divindades do Mythos como Daoloth, Gloon e Bast. Em menor grau o povo de Atlãntida também reverenciava deuses negros como Ghatanathoa.
Com o passar dos séculos, Atlântida foi se tornando decadente e as forças do caos ganharam influência. Cultos devotados a Cthulhu e Dagon se fortaleceram e o sangue de abissais se misturou ao dos atlanteanos gerando híbridos.
Vinte mil anos atrás, no início da Era Hiboriana, uma grande porção de Atlântida afundou sob as ondas. As causas dessa tragédia são desconhecidas, teóricos acreditam que um grande terremoto ou a explosão de um vulcão pode ter sido responsável, mas alguns preferem apontar dedos acusadores para experimentos arcanos que saíram terrivelmente errado ou mesmo para a fúria de deuses negros.
Há rumores de que um documento muito antigo, o Illarnek Papyri, um dia repousou na lendária Biblioteca de Alexandria. Este documento escrito nos últimos dias de Atlântida era um testamento sobre a queda do Império após uma sangrenta Guerra Civil. Uma das facções envolvidas seria liderada por híbridos com sangue abissal que tentaram conquistar o trono. Para não permitir a vitória iminente dessa raça, os magos de Atlântida teriam deliberadamente destruído o continente empregando uma fontes desconhecida de energia destrutiva que varreu toda a ilha e causou sua imersão. Infelizmente o Illarnek desapareceu no incêndio da Biblioteca e os poucos trechos restantes parecem ter sido transcritos de modo incompleto.
No misticismo hiboriano, Atlântida era tratada como a terra natal dos primeiros magos que exportou para os reinos primitivos à sua sombra a semente da feitiçaria. Mesmo o Reino de Acheron (que mais tarde se tornaria a lendária Stygia e milênios depois o Egito) deve seu conhecimento místico aos sobreviventes de Atlântida que se estabeleceram naquelas terras após o ocaso do Império. Parte de seu conhecimento teria sido preservado por grupos como os druidas de Averoigne e o povo altivo de cabelos claros que fundou a Civilização Hiperbórea. Em pleno século XX, Sociedades Secretas que acreditam serem herdeiros de Atlântida continuam buscando artefatos e as poucas pistas que podem reunir sobre o Continente.
Com o fim da Era Hiboriana e um segundo cataclismo, o mega continente se dividiu em blocos de terra que foram gradualmente se afastando formando o mapa mundi que conhecemos atualmente. Ilhas também emergiram do leito submarino trazendo à tona fragmentos da Atlântida. A oeste do Mediterrâneo surgiram ilhas que se estendem do Estreito de Gibraltar até a Costa do Caribe que guardam resquícios do antigo império atlante. Exploradores teriam encontrado indícios de construções incrivelmente antigas nessas ilhas e artefatos que dão crédito a história do Continente Perdido.
Uma importante descoberta ocorreu em 1895, quando pescadores jogando suas redes na costa de Açores resgataram uma placa de pedra recoberto com inscrições no idioma Naacal, a língua falada na Atlântida. A placa mencionava divindades ancestrais e tinha ligação com Cthulhu, Dagon, os Abissais e Ghatanathoa, relatava o surgimento destes cultos no seio da população atlante. Infelizmente o conteúdo desse artefato jamais foi totalmente decifrado e ele permanece como um mistério até os dias atuais.
Outro indício, uma peça do vasto quebra-cabeças, foi descoberta em 1933 por uma Expedição Arqueológica conduzida por britânicos que realizavam escavações na Ilha de Cnossos na Grécia. O artefato em questão, uma pedra em forma de pilar contendo palavras esculpidas em Naacal e grego antigo supostamente fazia parte do tesouro real. Ela falava a respeito de um grandioso império que governou o mundo conhecido e que espalhou sua influência e conhecimento depois de enfrentar a destruição. O texto apenas preliminarmente decifrado mencionava deuses negros e entidades nefastas como as responsáveis diretas pelo fim de seu domínio. A pedra estava sendo transportada para a Inglaterra à bordo de um cargueiro, o Reilly. Uma violenta tempestade afundou o navio no Mar Egeu.
Em 1996 uma expedição submarina conseguiu localizar os restos do Reilly no fundo do mar e esperava-se resgatar sua preciosa carga, infelizmente a pedra não foi encontrada no compartimento de carga da embarcação, deixando uma incômoda questão: como ele teria desaparecido do leito marinho?
Sem dúvida Atlântida oferece um painel bastante amplo de possibilidades para aventuras ou até uma campanha inteira envolvendo a busca pelo Continente Perdido e seus mistérios.
Excelente artigo. Com certeza estes artigos acabam por gerar idéias nas cabeças dos leitores e claro, algumas delas se transformam em aventuras, contos e histórias de RPG!
ResponderExcluir...excelente post...a lenda de Atlântida é um otimo ponto de partida para um longa investigação...que pode levar a cantos mais obscuros do globo...
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