terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Fechando o Balanço - O que joguei, narrei e comprei de RPG em 2013


E aí, pessoal?

Último dia do ano chegando e a gente começa a fazer um balanço pessoal do que aconteceu, das coisas que fizemos ou deixamos de fazer, dos projetos que iniciamos ou decidimos arquivar por tempo indeterminado, dos acertos e erros.

Como esse é um blog dedicado entre outras coisas a RPG, pensei que pudesse ser interessante fazer um balanço de tudo o que aconteceu comigo, envolvendo RPG em 2013. E esse foi um ano pra lá de animado.

Um ano longo de muitos dados rolando com muita coisa legal para narrar, jogar e coisas bacanas que foram publicadas e livros em que eu consegui colocar as mãos.

Espero não esquecer de nada, mas peço desculpas de antemão se eu por algum acaso esquecer de mencionar alguma mesa da qual participei. Foram várias, por isso, dêem um desconto para minha memória.

Acho que a melhor maneira de fazer isso é dar uma olhada nas fotos que tirei ao longo do ano de mesas em que estive. Como essas coisas ficam arquivadas em pastas mensais, é mais fácil seguir a cronologia.

Sendo assim, vejamos:

JANEIRO

2013 começou com eventos de RPG, e como eu estava de férias, aproveitei esses dias para testar jogos novos que eu tinha comprado no ano anterior e que estava doido para rolar.

Logo nos primeiros dias do ano fiz a minha estréia com o sistema One Ring, apesar de ter jurado a mim mesmo que ia dar um tempo nos jogos com temática fantasia medieval. Inspirado fortemente pelo primeiro filme da trilogia "The Hobbit - Uma Jornada Inesperada" acabei narrando a aventura "The Marsh Bell" que vem no livro básico, lá no Saia da Masmorra.

Lá pelo fim do mês, mestrei minha primeira aventura de Call of Cthulhu no ano (a primeira de muitas!). Foi no Dungeon Carioca, o cenário "The Room Beyond" que se passava na Londres da Era Victoriana em 1886 e que seria a ponta do iceberg para a campanha Golden Dawn que ocuparia o ano inteiro (e que deve prosseguir em 2014). Aliás foi a partir dessa aventura que o meu grupo de jogo atual foi montado.

FEVEREIRO

Em fevereiro, fechei a mesa com os jogadores para minha campanha de One Ring. Eu gostei muito do sistema e da proposta do jogo, mas como não teria tempo para escrever meus próprios cenários, decidi recorrer a uma campanha pronta. Optei pela campanha "Tales from the Wilderland" lançada no final de 2012, composta de sete aventuras integradas que acompanha os personagens do início da carreira como aventureiros até a glória.

É claro, a ideia era não ter muito trabalho narrando uma campanha já totalmente estruturada, mas não demorou muito e acabei adaptando vários trechos para deixar ao meu gosto. A primeira aventura que narrei foi "Don't Leave the Path" na qual os personagens se conheceram e se embrenharam pela primeira vez na perigosa Floresta de Mirkwood.

Diário da Campanha de One Ring
Enquanto isso, no Dungeon Carioca, narrei o segundo cenário da Campanha Golden Dawn, turbinado pelo livro "Gaslight" que tinha acabado de sair. O cenário foi "The Eyes of a Stranger" (do livro Sacraments of Evil) uma das minhas estórias favoritas em todos os tempos. Grande roteiro de mistério, suspense e terror, envolvendo segredos da maçonaria, rituais antigos, Jack, o estripador, Fu Manchu, chineses malvados e invasões alienígenas.

Compras: Cthulhu Atomic Age livro da Chaosium com cenários se passando nos anos 1950.

MARÇO

No Dungeon Carioca conclui o cenário "The Eyes of Stranger" que acabei cortando na metade uma vez que ele é bem longo. Depois disso, já com o grupo consolidado, acabamos mudando o local dos jogos dessa campanha para a minha casa.

No Saia da Masmorra, perto do feriado de carnaval, narrei pela primeira vez o sistema independente Dread. Para quem não conhece, Dread é um sistema bem diferente para cenários de horror contemporâneos que utiliza ao invés de dados uma Torre de Jenga.

Narrei a aventura, "Amargo Pesadelo", baseado no filme dos anos 70 de mesmo nome. Nele um grupo de quatro amigos decide descer um rio que está prestes a ser alagado para a construção de uma Usina Hidrolétrica. Eles não imaginam que em meio a viagem, sua jornada se transformaria em um verdadeiro horror a medida que um bando de caipiras com sede de sangue decide persegui-los de maneira implacável. E como não poderia deixar de ser, acabei inserindo um elemento de sobrenatural na trama, com as motivações dos caipiras sendo muito mais terríveis e apavorantes. Gostei tanto do sistema e da proposta de Dread, que acabei narrando uma segunda vez para outro grupo.

Compras: The House of R'Lyeh (Chaosium), com cinco cenários de CoC inspirados por contos originais de H.P. Lovecraft.  

ABRIL

Em abril minhas campanhas deram um pequena parada. E de fato, joguei bem pouco...

O único jogo nesse mês foi o cenário "O Inocente" para Rastro de Cthulhu. O maior atrativo dessa aventura que escrevi baseada em uma outra estória pronta, foi adaptá-la para o Rio de Janeiro de 1935. Eu sempr etive vontade de adaptar estórias para o Brasil, e essa caiu como uma luva.

Mesa no Dungeon Carioca
MAIO

Maio também foi um mês meio parado... Eu fiz uma aventura de Conan RPG, usando o cenário da Mongoose e as regras do D20 3,5. A aventura não foi ruim, mas a proposta de começar mais uma campanha acabou não vingando.

Nesse mês eu consegui finalmente jogar, uma aventura de D&D 3,5. Os finais de semana foram dominados por Board Games.

Compras: The Savage Foes of Solomon Kane e The Path of Kane, ambos para Savage World of Solomon Kane. Sistema Savage World, o livro de monstros e um livros com ideias para aventuras. 

JUNHO

Em junho, já estava mais do que na hora de retornar às minhas duas campanhas fixas:

Em One Ring, o grupo se envolveu na sua segunda jornada através da Terra Média. A aventura foi "Of Leaves and Hobbit Stew" a segunda parte da campanha Tales from Wilderland. Para acompanhar os aconteciemntos, iniciei um diário da campanha descrevendo os acontecimentos. Infelizmente a aventura não terminou em uma única sessão e tive que quebrar ela na metade. Uma pena também que alguns dos jogadores não puderam continuar jogando aos domingos, única data que eu tinha livre. Por pouco a campanha não foi para o buraco.

Diário da Campanha Golden Dawn
Mais sorte teve a campanha da Golden Dawn, embora ela também tivesse uma longa pausa depois desse jogo. Em Julho narrei a primeira parte do cenário "Plant Y Daer" no qual os investigadores da Golden Dawn rumavam para o País de Gales e se metiam em uma bruta encrenca tendo de enfrentar o legendário Little People (povo pequeno).

No Saia da Masmorra joguei uma aventura de Bruxos e Bárbaros narrada pelo Diogo Nogueira. Fazia tempo que eu queria jogar algo baseado em Conan e dei sorte. A aventura era justamente uma adaptação de um conto clássico de Robert E. Howard.

Na semana seguinte, acabei finalmente retornando ao Dungeon Carioca depois de dois meses de ausência. Como o tema do encontro era Western, decidi narrar uma aventura da ambientação mais identificada com essa temática: DEADLANDS. Usei o livro Deadlands Reloaded com o sistema Savage Worlds. Foi uma aventura bem divertida chamada "Adios A-Mi-Go" que obviamente tinha um dedo Lovecraftiano. 

JULHO

Lá pela metade do ano, tivemos o retorno do Encontro Internacional de RPG em São Paulo, dentro do Anime Fest. Como fazia um bom tempo desde o último Torneio Tentacular, planejamos trazer de volta o evento dessa vez com um cenário para Rastro de Cthulhu. 

Escrevi uma estória se passando nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, entitulada "Sussurro, Lágrima e Trevas" envolvendo pracinhas brasileiros enviados para um vilarejo na Itália. O encontro reuniu cerca de 30 jogadores que disputaram o prêmio oferecido pela Editora Retropunk. O jogo foi muito divertido, uma tarde bastante movimentada, embora eu tenha acabado completamente sem voz.

Torneio Tentacular 2013 - EIRPG
No final de julho, acabei narrando uma aventura de AD&D no Dungeon Carioca. A aventura não funcionou direito, foi um jogo meio fraquinho... uma pena, pois o tema "Seu primeiro RPG" prometia. Acho que eu perdi um pouco a mão (e o pique) para narrar esse tipo de jogo.

Compras: Hellfrost Land of Fire (para Savage Worlds) e Deadlands Reloaded GM Screen with adventure.

AGOSTO

E agosto foi o mês da GENCON em Indianápolis!!!! 

Eu sempre quis conhecer uma autêntica convenção de RPG e em Agosto tive a oportunidade de finalmente fazer isso. É até difícil descrever tudo o que eu vi por lá. 

Incrível realmente ver tanta gente que compartilha do nosso hobby reunida para um mega encontro daquela categoria. Quase 50 mil pessoas, a maior Gen Con de todos os tempos segundo os organizadores. Pude também conhecer muita gente, autores consagrados, pegar autógrafos, conversar e trocar ideias cara a cara. Quem puder ir, vá! É o conselho que dou para qualquer entusiasta do hobby que deseja ver algo grandioso. A GenCon é uma verdadeira Meca do RPG mundial. Sem falar que é uma ótima oportunidade para fazer compras de livros e material de RPG. Voltei com tanta coisa que ainda estou organizando a lista para colocar a leitura em dia.

Gen Con - s melhores quatro dias para jogar
Ainda no final de agosto, narrei "The Burning Stars" em Call of Cthulhu na edição especial do Dungeon Carioca dedicada a H.P. Lovecraft. Excelente aventura que se passa no Haiti em 1928 e que tem uma das melhores e mais estranhas conclusões que já tive a chance de narrar.

Compras: Mês da GenCon aí a coisa saiu dos eixos:

- Deadlands Noir - Livro Básico, Noir Screen , Noir Companion e Noir Maps. (para Savage Worlds)
- Shadows of Esteren (Book One - The Universe)
- Nights Black Agents - Livro Básico e a campanha Zalansky Quartet
- World War Cthulhu (livro sobre a Segunda Guerra)
- Folklore (Cthulhu Britannica)
- Tales of the Sleepless City (Miskatonic River Press)
- Bumps in the Night e The Ressurrected: Out of the Vault (Pagan Publishing)
- Eternal Lies (Campanha de Trail of Cthulhu)
- Trail of Cthulhu Keepers Screen

SETEMBRO

Em setembro a campanha de One Ring finalmente voltou depois d eum longo hiato! Dois novos jogadores assumiram personagens de jogadores que haviam deixado o grupo. 

Finalmente concluimos "Of Leaves and Stewed Hobbits" na qual os aventureiros se infiltraram em um imenso covil de Goblins para resgatar um Hobbit sequestrado.

No mesmo mês, tivemos o final apocalíptico de "Plant Y Daer" (CoC) na qual o grupo escapou de ser chacinado por um triz. Aventura bem legal também que ajudou a pilhar o grupo a prosseguir na campanha Golden Dawn.

OUTUBRO

Em outubro joguei uma sessão de Crônicas RPG (do nosso colega Pedro Borges), no Saia da Masmorra. Muito legal por sinal. Um cenário viking inspirado pela lenda da "Bandeira do Corvo".

Também joguei a primeira sessão de uma campanha de Cthulhu Invictus que promete continuar ao longo de 2014. Torço muito para que ela dê certo! 

Nesse mesmo mês narrei o cenário "L.A. Diabolical", para Call of Cthulhu se passando na década de 1950, onde os jogadores encarnaram detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) às voltas com a estranha morte de um agente de talentos em Hollywood. O grande atrativo para narrar esse cenário foi o tema sugerido "Games". Adaptei os personagens e algumas situações do jogo L.A Noire, o que resultou em uma aventura incrivelmente divertida.

Dungeon mais uma vez
Compras: Numenéra (Livro Básico) sistema do Monte Cook.

NOVEMBRO

Com o início do Financiamento Coletivo de Chamado de Cthulhu, decidi que seria uma boa ideia divulgar o jogo para o maior número possível de jogadores. Pensando nisso, narrei "The Pale God", mas por motivos além do meu controle o cenário acabou não terminando.

De qualquer maneira, em novembro prossegui com as minhas duas campanhas regulares:

Na campanha de Call of Cthulhu, os investigadores se reuniram novamente para o cenário "Hell hath no Fury" no qual investigam uma bizarra maldição que atormenta um colega da Sociedade Secreta às voltas com uma bruxa renascida. O epílogo dessa estória ainda etsá pendente e espero que seja concluído em janeiro. 

E logo depois narrei a aventura "Dark Tidings and Kinstrife" de One Ring na qual o grupo se envolveu na perseguição a um fugitivo, acusado de supostamente ter assassinado um Beorning num vilarejo afastado. Acho que essa é a aventura mais fraquinha da campanha, ainda assim foi divertida.

Compras: The Heart of the Wyld (One Ring)

Além, é claro, do aguardado Financiamento Coletivo de Chamado de Cthulhu

DEZEMBRO

O que nos leva a dezembro.

E no auge do Financiamento Coletivo narrei três cenários clássicos de Chamado de Cthulhu para iniciantes nos principais encontros de RPG do Rio.

Escrevi a respeito desses cenários recentemente, é só dar uma olhada nas postagens desse mês para ver a descrição de como foi.

Compras: Financiamento Coletivo de Crônicas RPG.

*     *     *

Ufa! 2013 foi um ano agitado... Joguei relativamente pouco, mas mestrei como nunca.

Os planos para o ano que vem incluem:

- Terminar a Campanha da Golden Dawn, e dar início a Horror on the Orient Express, assim que a Chaosium enviar a caixa em sua versão física (até aqui chegou o pPDF)

- Continuar a Campanha Tales from the Wilderness de One Ring

- Jogar Numenéra, sistema e ambientação muito interessantes que vale a pena conhecer pela proposta inovadora e extremamente criativa.

- Narrar em encontros de RPG sempre que der for possível.

Bom, foi isso... por esse ano é só, p-p-pessoal...

Um Feliz 2014 para todos!

domingo, 29 de dezembro de 2013

Eclipse de Colombo - Como conhecimento de astronomia pode salvar sua vida


Os eclipses no passado eram considerados fenômenos assustadores e incompreensíveis. Eram tidos como presságios de grandes catástrofes ou de mau agouro. Povos da antiguidade observavam os céus com um misto de fascinação e terror. Existe uma teoria de que a avançada astronomia dos Incas e Maias só foi alcançada porque os governantes desejavam saber de antemão quando haveria um fenômeno celestial a fim de manter seus súditos tranquilos. 

Mas nem todos os povos da antiguidade tinham esse conhecimento e para eles um eclipse era um mistério contemplado com inenarrável terror.

Foi graças ao seu conhecimento de astronomia que o grande navegador genovês Cristovão Colombo se salvou da morte certa. 

No dia 12 de Outubro de 1492, como todos os alunos do ensino fundamental devem saber, Colombo alcançou uma ilha a Nordeste de Cuba, marcando daquela maneira a Descoberta da América. Mais tarde deu-lhe o nome de São Salvador. O que nem todos sabem, é que durante os dez anos seguintes, Colombo fez outras viagens ao "Novo Mundo", tentando provar sua convicção de que tinha chegado ao Oriente navegando para Oeste.

Foi na sua quarta e final viagem, enquanto explorava a costa da América Central, que Colombo se viu em maus lençóis. Sua esquadra deixou o Porto de Cádiz, Espanha, em 11 de Maio de 1502, com os navios Capitana, Gallega, Vizcaia e Santiago de Palos. Infelizmente, graças a uma praga de cupins que atacaram as embarcações, Colombo foi forçado a abandonar dois dos seus navios e finalmente teve que dar como encalhadas as suas duas últimas caravelas na costa norte da Jamaica a 25 de Junho de 1503.

Inicialmente, os nativos da Jamaica receberam os náufragos de braços abertos, providenciando-lhes comida e abrigo, mas à medida que os dias se transformaram em semanas, as tensões escalaram. Finalmente, após terem estado encalhados durante mais de seis meses, metade da tripulação de Colombo se amotinou. Os homens pilharam um depósito de comida, raptaram mulheres e assassinaram homens. Furiosos, os nativos, em maior número, mataram os amotinados e capturaram os demais espanhóis que juravam não ter participado do levante.

De nada adiantaram as explicações de Colombo, todos foram colocados em uma tenda para aguardar a decisão do chefe tribal, de como seriam executados.

Colombo em meio ao desespero formulou um plano engenhoso.

Quem veio em seu auxílio foi Johannes Müller von Königsberg (1436-1476), um importante matemático, astônomo e astrólogo  alemão conhecido pelo nome latino de Regiomontanus. Antes da sua morte, Regiomontanus publicou um almanaque contendo tabelas astronômicas cobrindo os anos entre 1475 e 1506. O Almanaque de Regiomontanus veio a revelar-se de grande valor, pois as suas tabelas astronômicas continham informações acerca do Sol, Lua e planetas conhecidos, bem como as mais importantes estrelas e constelações essenciais para a navegação. Depois de ter sido publicado, nenhum marinheiro se aventurava ao mar sem uma cópia do almanaque. Com a sua ajuda, exploradores foram capazes de traçar rotas comerciais e de se aventurar em mares inexplorados à procura de Novos Mundos.

Colombo, claro, tinha uma cópia com ele enquanto estava preso na Jamaica. Estudando as tabelas, descobriu que na noite de Quinta, 29 de Fevereiro de 1504, um eclipse total teria lugar pouco tempo depois do nascer da Lua.


Armado com o seu conhecimento, três dias antes do eclipse, Colombo pediu uma reunião com o Chefe e anunciou que o seu Deus estava enfurecido com os nativos por manter os marinheiros cativos. Sua cólera era tamanha que Ele estava prestes a mostrar um claro sinal de Seu descontentamento: dali a três noites, obliteraria a Lua nascente, tornando-a "vermelha como sangue". O líder tribal deve ter olhado para seus feiticeiros apreensivo - a Lua de Sangue (o eclipse total lunar) era tido como um dos presságios mais temidos. Mesmo assim, o chefe ordenou que os marinheiros permanecessem presos até sua decisão final.

Na noite prevista, à medida que o Sol se punha a Oeste e a Lua começava a emergir para lá do horizonte a Leste, era óbvio para todos que algo estava terrivelmente errado. Quando a Lua subiu totalmente acima da linha do horizonte, ela estava incompleta!

E, apenas uma hora mais tarde, à medida que afundava na escuridão, a Lua exibia uma aparência incendiária e "ensanguentada": no lugar da normalmente brilhante Lua Cheia de Inverno, agora pairava uma ténue bola vermelha nos céus.

De acordo com o filho de Colombo, Fernando, os nativos ficaram aterrorizados com tal acontecimento e "... com gritos vociferantes e lamentações correram para todas as direções, se jogando no chão e gritando apavorados. Aproveitando a situação, Colombo ordenou que todos fossem soltos e que os navios fossem reparados e estocados com provisões. Rezando ao Almirante para interceder por eles junto do seu Poderoso Deus, o líder prometeu que a tribo iria cooperar com Colombo e com os seus homens desde que ele restaurasse a Lua ao seu estado normal. O explorador disse aos nativos que teria que retirar-se para conversar em privado com a divindade e implorar que ele se acalmasse. Fechou-se então na sua cabine durante uns cinquenta minutos.

O "Deus" que ele teria de apaziguar era na verdade uma ampulheta que Colombo virava a cada meia hora para medir os diferentes estágios do eclipse, com base nos cálculos providenciados pelo Almanaque de Regiomontanus.

Momentos antes do fim da fase total do Eclipse, Colombo reapareceu, anunciando aos nativos que havia convencido Deus a poupá-los e que iria permitir o regresso gradual da Lua a sua forma original. E momentos depois, tal e qual a palavra de Colombo, a Lua lentamente começou a reaparecer para alívio da tribo. A partir daí, trataram Colombo e os seus homens bem, alimentando-os enquanto reparavam os navios avariados. Em 29 de junho de 1504, uma caravela surgiu no horizonte para resgatar os marinheiros perdidos. Colombo e a sua tripulação regressaram a Espanha no dia 7 de Novembro com uma grande história para contar.

Num interessante pós-escrito desta história, em 1889, Mark Twain, provavelmente influenciado pelo truque do eclipse, escreveu o romance "A Connecticut Yankee in King Arthur's Court". Na ficção, o personagem principal, Hank Morgan, usa um truque semelhante ao de Colombo para vencer Merlin numa disputa de magia.

Morgan "prevê" um eclipse solar que sabe que vai acontecer. No processo, reclama poder sobre o Sol. Oferece de bom grado o regresso da estrela ao céu em troca da sua liberdade e de uma posição como "ministro executivo perpétuo" na Corte de Arthur.

O único problema com esta história é que na data citada por Mark Twain - 21 de Junho do ano 528 - nenhum eclipse teve lugar. De fato, havia já três dias que a Lua tinha passado a sua fase de Cheia, uma configuração que não pode gerar um eclipse.

Mas essa não foi a última vez que saber astronomia se provou um recurso vantajoso para exploradores em perigo. Quatrocentos anos mais tarde, em 18 de fevereiro de 1905, o Capitão Belga Albert Paulis e vinte de seus homens foram capturados em uma área da África Central, pelos Mangbettu uma tribo hostil conhecida entre outras coisas pelos seus hábitos canibalescos.

O grupo de Paulis foi torturado e sofreu horrivelmente, enquanto os nativos se preparavam para oferecê-los em um banquete em homenagem ao Rei Yembio. Enquanto esperava a inevitável execução, Paulis se pôs a folhear um Almanaque Astronômico deparando-se com um eclipse lunar que estava prestes a acontecer. Lembrando-se do truque empregado por Colombo, ele exigiu ser levado diante do Rei.

Os Mangbettu permitiram que ele falasse abertamente. O explorador pediu uma lâmina e talhou a mão afirmando que qualquer ferimento desferido em seu corpo teria reflexo na face da Lua, portanto se eles matassem qualquer um dos exploradores, estariam "matando a Lua". Os nativos o olharam incrédulos, os feiticeiros riram e disseram que ele era louco, mas o Rei ficou preocupado e mandou o explorador de volta para a prisão. Horas mais tarde, Paulis e seus homens ouviram uma enorme comoção e o Rei mandou convocá-los imediatamente.

Quando chegaram escoltados a sala do trono, perceberam que as cabeças dos feiticeiros estavam empilhadas ao lado do trono ocupado pelo Rei de Yembio. O monarca implorou que Paulis restaurasse a Lua à sua forma original uma vez que "se ela continuasse a sangrar daquela maneira, inundaria o mundo com sangue e mataria a todos afogados".

Aproveitando a situação, Paulis exigiu que o Rei prometesse libertá-los e dali em diante tratasse bem os exploradores. O Rei Canibal imediatamente concordou. Só então, do lado de fora, Paulis gritou à plenos pulmões pedindo que o Eclipse terminasse. Minutos depois, a Lua perdeu o seu halo vermelho que tanto terror despertou nos nativos, voltando ao normal. Paulis e seus homens foram libertados.

Então, em sua próxima viagem a uma terra hostil, não esqueça de levar consigo um Manual de Astronomia. 

Ele pode salvar sua vida. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Polvo Assassino - Algo Cthulhiano nas Lagoas de Oklahoma


Uma série de mortes misteriosas por afogamento nos Lagos Thunderbird, Tenkiller e Oolagah no estado americano de Oklahoma tem assustado a população local e atraído a atenção de caçadores de mistérios em todo país.

A mais controversa das teorias a respeito dessas trágicas mortes dá conta de que alguma coisa estaria espreitando nas profundezas das águas plácidas desses lagos, a espera de vítimas desavisadas, que seriam arrastadas e devoradas nas profundezas.

Estórias a respeito de uma espécie de Polvo Carnívoro gigantesco se popularizaram nas últimas décadas em virtude do grande número de casos fatais de afogamento e desaparecimentos nessas três localidades. Conhecido popularmente como "Octopus de Oklahoma" a misteriosa criatura recebeu até a atenção de programas de televisão que buscam provar a existência de criptídeos (animas estranhos que "não deveriam existir"). O programa "Lost Tapes" do Animal Planet chegou a gravar um especial no Lago Thunderbird realizando filmagens na área, espalhando câmeras noturnas de monitoramento e entrevistando pessoas que afirmam ter visto a criatura.

De acordo com essas testemunhas, o animal demoníaco teria o tamanho de um cavalo e seria bastante similar a um polvo, com longos tentáculos e uma pele coreácea, de coloração castanha-avermelhada. Os tentáculos seriam extremamente compridos atingindo quase três metros, com uma coloração gradualmente mais clara a medida que se afastavam do corpo. A superfície deles era dotada de ventosas que ajudavam a aderir e agarrar objetos. O corpo do cefalópode seria dotado de olhos arredondados brancos/amarelados e de um dispositivo bucal, semelhante a um bico. Essas características fariam dele um perigoso predador, capaz de agarrar um homem adulto com a sua força, imobilizá-lo e arrastá-lo até o bico para morder até provocar sua morte.

A descrição encontra paralelo no Polvo Gigante do Pacífico, um animal capaz de erguer 100 quilos com seus tentáculos e dotado de um tipo de bico que consegue arrancar pedaços inteiros de suas presas. Além de ser bastante forte, cientistas já atestaram a notável inteligência dos polvos, capazes de aprender truques simples como abrir garrafas com tampa de rosca e girar maçanetas para abrir portas.

A existência de tal criatura, habitando um lago é extremamente improvável. A despeito das incríveis façanhas dos cefalópodes, nenhuma espécie, ao menos de que se tenha conhecimento, conseguiu realizar a transição completa de um ambiente de água salgada para um de água doce. A falta de glândulas especializadas em compensar a ausência de componentes salinos, acaba matando os animais quando privados desse meio. O oceano mais próximo fica a muitos quilômetros de distância. Portanto, se existe realmente um tipo de polvo habitando os lagos centrais de Oklahoma, trata-se de alguma miraculosa mutação. Criptologistas afirmam que algumas espécies de água viva conseguiram se adaptar fora de um ambiente de água salgada, em determinadas condições e que a mesma coisa pode ser possível com cefalópodes de grande porte que em um passado remoto tenham ficado presos em um lago a medida que o litoral recuava.

Estes mesmos caçadores de mitos, apontam para antigas lendas de nativos-americanos que mencionam a existência de monstros estranhos habitando esses lagos. 

Existem lendas de nativos descrevendo a existência de animais semelhantes a polvos, algumas delas com mais de duzentos anos. As estórias falam de monstros que habitam as profundezas do Lago Oolagah que eram como sanguessugas, mas com vários braços compridos. A maioria das tribos de Oklahoma foram transplantadas em meados de 1830 pelo governo dos Estados Unidos para reservas. Algumas dessas tribos chegaram a se negar a serem reassentadas nas cercanias de lagos por temer a presença de animais que guardavam semelhança com cefalópodes. Em pleno século XIX, era altamente improvável que os nativos que habitavam o centro do país tivessem tido algum contato com esses animais ou soubessem de sua existência. Não obstante, existem exemplos no artesanato das tribos Nanticoke e Seminole da representação de monstros muito parecidos com polvos.

Ainda segundo as lendas nativas, esses monstros do lago, viviam nas partes mais fundas e eram atraídos à superfície quando percebiam a presença de algum animal ou pessoa que se aproximava da margem para beber água. Eles lançavam seus tentáculos para agarrar suas presas e puxá-las para a água a fim de afogá-las. Um dos costumes dos Shawnee, tribo que habitou Oklahoma, era prudente carregar uma faca quando se fosse buscar água.


Céticos argumentam que as recentes mortes, três em um período de menos de seis meses, podem ter sido causadas por um grande bagre, e não por um polvo. Sabe-se da existência de peixes ferozes naquelas águas que podem derrubar ou afogar um homem, ainda mais se este estiver sob os efeitos de álcool. Uma vez que a área é usada para picnics e camping, não é totalmente estranho ocorrer acidentes relacionados ao consumo excessivo de bebida. A autópsia de uma das supostas vítimas revelou que ela estava sob o efeito de álcool, o que justificaria um afogamento acidental, contudo, os outros dois não tinham vestígio de bebida em seu organismo, sendo que um deles era um nadador experiente. Segundo fontes não oficiais, os três cadáveres apresentavam ferimentos consistentes com a ação de animais selvagens, o que pode ter dado início aos rumores sobre o polvo assassino.

A possibilidade de algo desconhecido (que parece ter saído de um filme barato do Canal Sci-fi) viver nas lagoas de Oklahoma é pequena, mas de qualquer maneira, as autoridades locais espalharam placas de alerta para que se tome cuidado ao mergulhar nessas águas. 

Nunca se sabe o que pode tentar puxá-lo para o fundo.

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O Mapinguari




quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Avatar do Terror - Natal é quando o Bom Velhinho vem te pegar




Eu sei, esse artigo já foi anteriormente publicado e republicado. Mas é véspera de Natal e ele parece propício a aparecer novamente aqui no Mundo Tentacular. Então peço desculpas aos leitores que já o leram ano passado (e retrasado!) e lanço novamente a imagem do "bom velhinho" (não tão bom), desejando a todos um FELIZ NATAL e Boas Festas. 

A cena se repete todo final de ano.

Pais em um misto de espírito festivo e vingativo sadismo levam seus pequenos para a tradicional fotografia com Papai Noel.

Nessa época do ano praticamente todas as lojas e shoppings de respeito contratam um Papai Noel. O cenário montado geralmente envolve o bom velhinho devidamente paramentado, uma cadeira de espaldar alto, pacotes de presentes espalhados pelo chão, um pinheiro e (se você estiver com sorte) algumas "Mamães Noel".

As crianças são arrastadas para esse cenário idílico, muitas vezes aos berros, chorando, chutando e gritando em desespero. É de cortar o coração.

Ontem eu estava fazendo compras de Natal e enquanto aguardava numa fila interminável reparei no ritual:

Um casal na fila tentava segurar uma criança que se agitava no colo, para escapar à qualquer custo. O rosto do garotinho, que devia ter uns 2 anos no máximo, estava vermelho e coberto de lágrimas. O pai visivelmente nervoso tentava se controlar contando até 10 para não estragar o clima e a magia daquele momento encantador.

Mais atrás, uma mãe penteava e arrumava uma menininha de uns 3 anos que chorava tão alto e de forma tão medonha que todos os clientes que passavam olhavam. "Ela é uma boba, está com medo do Papai Noel" repetia para qualquer estranho que passava e olhava assustado.

Lá na frente, o Papai Noel se esforçava para acalmar duas crianças de uns 4 ou 5 anos. A menina estava branca, lívida, olhos arregalados. Resoluta de que não adiantaria chorar pois seu destino estava selado. Ela sentaria no colo daquele estranho barbado vestindo uma roupa vermelha. O menino ao seu lado, que imagino, era seu irmão parecia em estado de choque. Ele segurava o pescoço do pai e virava o rosto em desespero cada vez que o bom velhinho tentava esticar a mão na direção de sua cabeça. Quando o pai tentou passá-lo para as mãos do Papai Noel, ele se agarrou com tanta força que nem um pé de cabra o arrancaria dali.


É engraçado que uma figura que traduz o espírito natalino de boas festas desperte tal reação na maioria das crianças. É claro, isso tem a ver com o fato de ser um estranho, vestido com roupas ainda mais estranhas. Pegas de surpresa e obrigadas a fazer aquilo que seus pais sempre disseram a elas para não fazer (ir com estranhos), as crianças obviamente reagem com medo, dúvida e apreensão.


Há alguns anos atrás, um jornal de Chicago lançou uma promoção bastante curiosa. Pediu que os leitores enviassem fotografias de crianças chorando no colo do Papai Noel, as melhores seriam publicadas e ganhariam um prêmio de consolação. O jornal foi inundado por uma avalanche de fotos provando que o fenômeno é muito mais comum do que se pode imaginar.

As melhores fotos deram origem a um livro chamado "Scared of Santa" ("Apavorado com o Papai Noel"). A seleção mostra imagens de crianças simplesmente aterrorizadas diante da perspectiva de enfrentar o bom velhinho.

Diante de tudo isso, passou pela minha cabeça uma daquelas sinistras Teorias Conspiratórias que só a mente desocupada é capaz de formular.

E se Papai Noel fôsse na verdade uma das inúmeras formas adotadas por Nyarlathotep? O Caos Rastejante, usaria esse disfarce acima de qualquer suspeita, como parte de um plano macabro visando incutir na mente das crianças um medo profundo. E estas crianças cresceriam com a semente de um trauma dormente que um dia iria florescer e desabrochar em loucura, terror, medo... a estrada para a queda da humanidade estaria sendo então pavimentada. Natal após natal...


Enquanto eu pensava nessas insanidades, reparei que o Papai Noel sussurrou baixinho algo no ouvido de um menino que imediatamente começou a chorar e gritar. Os pais correram para acudir e o garotinho foi devidamente levado embora.


Nisso, tive a nítida impressão que o Papai Noel olhou na minha direção com um sorrisinho sinistro e algo se agitou em baixo da sua barba branca.

Por sorte, chegou a minha vez na fila: paguei, o vendedor me desejou um Feliz Natal, eu apanhei minhas compras e fui embora sem olhar para trás. E em algum lugar o "Ho-Ho-Ho" pareceu um sonoro e distorcido "Iä! Iä!".


Um Feliz Natal, boas festas e um Próspero ano Novo, são os votos da equipe do Blog Mundo Tentacular.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um Feliz Natal Tentacular - Um solstício muito assustador e tudo mais...






















Coloque a musiquinha alegre da H.P. Lovecraft History Society e ao som dela, leia a mensagem abaixo:


HAVE YOURSELF A VERY SCARY SOLSTICE:

E mais um ano termina...

A todos os leitores frequentes, visitantes ocasionais, curiosos sem noção, náufragos da internet que chegam a esta ilha de insanidade sem querer, sejam vocês investigadores ou cultistas que descobriram o Blog, gostaríamos de desejar um Feliz Cthulhumass, um belo Yuletide e um Muito Assustador Solstício.

Nesta data tão feliz, esperamos:

Que o próximo ano seja mais um ano de Sobrevivência de nossa espécie diante das depredações dos Grandes Antigos.

Que todos consigamos manter a nossa Sanidade diante de revelações tenebrosas e visões atordoantes.

Que Papai Nodens traga para todos, em seu trenó puxado por Nightgaunts, tomos de conhecimento profano e artefatos blasfemos de poder inimaginável.

Que suas magias e rituais, não falhem e que seus feitiços de invocação não tragam algo impossível de ser mandado embora.

Que viagens no tempo não atraiam Cães de Tindalos ou a atenção de entidades malignas.

Que você não sonhe com Hastur, e acorde gritando o seu nome proibido.

Que Nyarlathotep esteja de bom humor quando você o "contatar por acidente". Que Tsathoggua esteja sem fome. Que você esteja vestindo Amarelo se for parar em Carcosa.

Que Cthulhu continue dormindo em seu soninho de beleza e que o seu sono esteja livre dos pesadelos e emanações psíquicas dele.

E que você fique conosco por mais um ano.

Um Feliz Natal do Blog MUNDO TENTACULAR - A Casa de Lovecraft, dos Mythos e de Chamado de Cthulhu!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Coulrofobia - A História e a Psicologia por trás do Medo de Palhaços


Existe uma palavra que embora não seja reconhecida pelo Dicionário Inglês Oxfordou por manuais de psicologia, se refere diretamente ao medo patológico de palhaços: Coulrofobia.

Não são muitas pessoas que sofrem de uma fobia debilitante de palhaços; um bom número de indivíduos no entanto, simplesmente não gosta deles. Faça uma busca no "Google" por "Eu odeio palhaços" (I hate clowns) e a você encontrará vários sites sobre pessoas intimidadas por eles. No facebook existe um grupo chamado "Eu odeio palhaços" que conta com mais de 500 mil membros. Alguns circos aceitaram prestar um serviço de utilidade pública, mostrando seus artistas se maquiando antes das apresentações a fim de provar que são apenas pessoas por trás da maquiagem. Em Sarasota, Florida, em 2006, um estranho sentimento de pavor tomou conta da população, quando a cidade foi escolhida para sediar um encontro de palhaços vindos de várias partes do mundo. Moradores da cidade chegaram a mover um abaixo assinado pedindo que outro lugar fosse escolhido e justificaram sua reprovação pela sensação de medo diante dos visitantes. No mesmo mês, o número de crimes aumentou na cidade e alguns acreditam que foi devido ao medo que algumas pessoas sentia.

Mesmo aqueles que deveriam gostar dos palhaços - as crianças - muitas vezes não gostam deles. Em 2008, um estudo da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, entrevistou 250 crianças com idade entre quatro e dezesseis anos e concluiu que um grande número delas tinha uma reação de medo diante das faces maquiadas dos palhaços. Um estudo encomendado pela BBC descobriu que as crianças nos dias atuais se sentem pouco à vontade assistindo a apresentação de um palhaço. Para a maioria das crianças entrevistadas eles não parecem engraçados, pelo contrário eles são estranhos de uma maneira categorizada como perturbadora. 

É claro, a maioria dos palhaços não estão tentando ser estranhos. Eles tentam transmitir doçura através de suas travessuras, diversão encarnada. Então surge a questão: quando os palhaços, supostamente figuras que personificam alegria infantil, se tornaram algo que causa apreensão e temor? Quando os palhaços se tornaram assustadores?

A verdade é que, talvez, eles sempre tenham sido.

Palhaços, brincalhões, bobos, arlequins, e incontáveis tipos de bufões sempre estiveram presentes nas sociedades humanas. Eles aparecem na maioria das culturas - Anões vestidos como palhaços faziam os Faraós rirem em 2500 A.C; na antiga China imperial, um palhaço chamado YuSze era, de acordo com registros históricos o único que podia apontar erros no plano do Imperador Qin Shih Huang de pintar a Grande Muralha da China. Os nativos americanos Hopi tinham em sua tradição uma figura semelhante a um palhaço cuja função era amenizar o ar de seriedade de certos rituais através de brincadeiras. Na Roma antiga, artistas circenses chamados stupidus eram muito apreciados por todas as classes sociais; os bobos da corte da Europa Medieval gozavam do direito de fazer graça com qualquer pessoa, inclusive nobres e poderosos; e nos séculos XVIII e XIX a pantomima ganhou espaço na Europa ocidental e Grã-Bretanha.

Mas palhaços sempre tiveram um lado negro associado a eles. Alguns afirmam que isso decorre do fato de que eles espelham uma visão distorcida da sociedade. Eles são como um reflexo caótico da normalidade, capazes de subverter tudo que é convencional. O bufão sempre foi visto como uma espécie de duende endiabrado, capaz de fazer o que bem quisesse e ter o comportamento que desejasse à margem das convenções ditadas pela convivência humana.  

Andrew Stott, pesquisador da Universidade de Buffalo escreveu vários artigos a respeito de palhaços e sobre o pavor que algumas pessoas sentem deles. Stott é o autor de uma biografia centrada na figura de Joseph Grimaldi, o mais famoso artista da Pantomima que fez sucesso na Inglaterra Victoriana chegando a se apresentar no palco do London Regency.  

Grimaldi foi o responsável por criar a imagem dos palhaços modernos. Ele é a razão pela qual palhaços ainda são chamados de "Joeys" na Inglaterra. Em sua época, Grimaldi foi incrivelmente popular, alguns jornais diziam que os espetáculos do artista atraiam tanta gente que mais de 80% da população de Londres já havia assistido uma de suas apresentações. Em 1820, a fama de Grimaldi era tão grande que seu rosto era mais conhecido do que o do Primeiro Ministro. Grimaldi se apresentava em teatros, não em circos. Antes dele, os palhaços usavam apenas um pouco de maquiagem no rosto, o suficiente para sugerir estarem meio embriagados. Grimaldi foi o primeiro a pintar o rosto com tinta branca, destacar os olhos e a boca com círculos coloridos e usar uma bola vermelha no nariz. Para compor o personagem ele usava uma peruca azul e roupas brilhantes. Ele era um mestre da comédia física - saltava no ar, fazia malabarismo e dava piruetas com desenvoltura. Sua habilidade para imitar os trejeitos das pessoas e satirizar os acontecimentos do dia a dia lhe valeram críticas de Bispos e políticos, mas a população em geral adorava suas brincadeiras. 

Grimaldi era uma verdadeira estrela, mas sua vida pessoal estava longe de ser uma comédia. Na biografia, Stott disseca a personalidade sombria por trás da máscara. Nascido em um lar dividido, Grimaldi era filho de um pai tirânico e abusivo que o surrava constantemente e que foi responsável pela morte da esposa. Ele cresceu nas ruas, tornando-se um batedor de carteiras. Nos reformatórios descobriu seu talento para imitar as pessoas e conquistar sua confiança através da comédia. Começou a se apresentar nas ruas de Londres até ser descoberto por um agente de talentos. Dali foi catapultado para o estrelato rapidamente. Grimaldi no entanto, tinha mudanças drásticas de personalidade, possivelmente sofria de um quadro maníaco-depressivo. Havia se casado e tratava a mulher e filhos de maneira brutal disciplinando-os com surras e deixando as crianças passar fome. Um de seus métodos preferidos de "ensinar lições" aos filhos era deixá-los quase a beira da inanição e mandar preparar ceias suntuosas. As crianças eram obrigadas a assistir o pai se fartar, sem ter permissão de tocar em nada.

Tornara-se um alcoólatra para compensar as dores que sentia pelas quedas durante os shows de malabarismo. Em mais de uma ocasião, dizem, se apresentou completamente bêbado, quase incapaz de ficar de pé. As coisas se agravaram ainda mais quando a esposa de Grimaldi morreu ao dar a luz ao quarto filho do casal.

Eu sou severo o dia inteiro, mas faço vocês rirem a noite.” repetia o palhaço frequentemente. Há rumores (nunca corroborados) de que Grimaldi era um pedófilo e um cliente costumeiro de bordéis em Londres, onde pagava fortunas para ser espancado, chicoteado e ridicularizado. Outros boatos atestam que no fim da vida ele casou legalmente com uma menina chinesa de 13 anos. O filho de Grimaldi cometeu suicídio e essa perda foi a derrocada na carreira do artista que nunca mais se apresentou.

Joseph Grimaldi morreu em 1837, literalmente na sarjeta, sem um tostão e vítima de um quadro crônico de cirrose. O autor britânico Charles Dickens escreveu um romance em série, publicado em jornais, baseado na vida de Grimaldi. Na versão de Dickens as risadas do público provocavam no palhaço dores incomensuráveis. Para Stott, a descrição vívida de Dickens da vida dupla do palhaço atormentado foi o início do mito dos palhaços assustadores. O que Dickens fez foi tornar difícil olhar para um palhaço sem imaginar quem ele realmente era por trás da máscara. A versão romanceada da vida de Grimaldi se tornou extremamente popular na Europa e América, servindo talvez para alterar a percepção a respeito dos palhaços. 

No rastro do sucesso de Grimaldi, outra figura se tornou extremamente popular na Europa, o francês Jean-Gaspard Deburau Pierrot, um palhaço silencioso que usava tinta branca no rosto, baton vermelho e sobrancelhas escuras para divertir seu público. Deburau começou sua carreira nas ruas de Paris, atraindo admiradores que o reconheciam mesmo sem a maquiagem. Mas na medida que Grimaldi era trágico, Deburau era sinistro: Em 1836, ele matou um garoto de 11 anos com um golpe de sua bengala depois que o menino gritou insultos para ele na rua. O palhaço foi inocentado das acusações, mais em função de sua fama do que qualquer outra coisa. Conta-se que Debureau era intempestivo, com arroubos de fúria nos quais agredia e xingava quem estivesse perto. Em um desses surtos teria avançado contra pessoas numa apresentação. Pierrot, que popularizou a figura do palhaço triste teve sua carreira abreviada por esses episódios.

Dois dos mais conhecidos palhaços eram homens cheios de problemas por baixo da face pintada. Depois de Grimaldi e de Pierot, as apresentações de pantomima mudaram consideravelmente; palhaçadas deixaram de ser encenadas em teatros e passaram para a arena de circos. Os circos itinerantes se tornaram populares apenas na segunda metade do século XVIII com espetáculos equestres e com animais exóticos. Com a adição de malabaristas, trapezistas e mágicos, vieram os palhaços. Seguindo o estilo de Grimaldi, eles faziam apresentações usando maquiagem e roupas espalhafatosas. 

Os palhaços serviam basicamente como alívio cômico para os espetáculos envolvendo desafios e façanhas de outros artistas. A medida que esse estilo de humor começou a ganhar espaço, os palhaços foram se tornando populares. Mas sempre havia algo de obscuro em sua comédia como escreveu Edmond de Goncourt, um crítico francês em 1876: “O palhaço personifica um tipo de arte repleta de ansiedade e apreensão. Tudo o que ele faz remete ao caos, confusão e ao asilo de loucos. E a loucura não é divertida, é assustadora” A ópera italiana, Pagliacci (Palhaço) de 1892, na qual o personagem principal, um artista no estilo de Grimaldi assassina sua esposa infiel, mostra como os palhaços eram considerados assustadores - e uma fonte para o drama.

A Inglaterra exportou o circo e os palhaços para a America, onde o gênero floresceu; no início do século XIX. Os circos deixaram de ter um único picadeiro e passaram a ser espetáculos grandiosos que viajavam de cidade em cidade. Muita coisa mudou nos circos, mas os palhaços continuavam os mesmos - Emmett Kelly, por exemplo, era o mais famoso dos "palhaços vagabundos" americanos. Com seu ar cínico que não se permitia jamais sorrir, conseguia ainda assim ser hilariante.

Palhaços tiveram um tipo de apogeu nos EUA com os programas televisivos dos anos 1950 onde artistas como Clarabell, o palhaço, Howdy Doody e Bozo disputavam a atenção das crianças. Bozo, em meados dos anos 1960, tinha um programa asistido diariamente por milhares de crianças e longas filas de espera para participar do show. Em 1963, a rede de lanchonetes McDonalds criou Ronald, o palhaço feliz, para vender hamburgers e promover a marca. tornando o rosto de seu "embaixador" famoso internacionalmente.

Mas essa "época de ouro" não duraria muito tempo. Antes do século XX, palhaços não eram uma diversão infantil, os artistas de pantomima, por exemplo, tinham piadas e viviam situações destinadas ao público adulto. Alguns espetaculos eram grotescos, cheios de palavrões, violência e preconceito. A mudança dos palhaços para o entretenimento infantil ocorreu de forma abrupta, sem alterar a figura original do personagem mantendo sua maquiagem espalhafatosa e humor caótico. A máscara sempre despertou certa desconfiança também: "Onde há mistério, existe desconfiança".

Muitos palhaços não escondem nada, são apenas artistas devotados ao entretenimento que desempenham o papel com alegria e entusiasmo. Mas assim como Grimaldi e Pierot, é o sentimento de que palhaços tem uma vida dupla que mexe com a percepção das pessoas e alimenta certos temores. Temores que atingiram a estratosfera na década de 1970.

Quando Bozo ainda fazia sucesso, um palhaço mais sinistro começou a aterrorizar o meio-oeste dos EUA. Publicamente, o negociante John Wayne Gacy era um sujeito amigável e trabalhador; que também se apresentava para crianças como o palhaço Pogo (foto ao lado). Mas entre 1972 e 1978, Gacy atacou sexualmente e assassinou mais de 35 jovens da região de Chicago. “Sabe como são as coisas... nada melhor do que um palhaço para controlar crianças" teria dito a policiais logo depois de ser preso.

Gacy foi julgado culpado de 33 delitos graves e executado em 1994. Ele entrou para a história como “O Palhaço Assassino” um apelido exaustivamente utilizado pela mídia para identificá-lo. Bizarramente, enquanto cumpria sua pena no corredor da morte, Gacy fazia pinturas; a maioria delas de palhaços tristonhos retratados como Pogo. Gacy, não apenas assumia a identidade de Pogo, mas fazia uso dela para se aproximar de crianças e planejar seus crimes. O caso alimentou os medos de "predadores sexuais", e transformou palhaços em objeto de suspeita. 

Depois que Gacy chocou a América, a figura do palhaço sofreu uma mudança de rumo. Antes, filmes como a super produção de 1952, "O maior espetáculo da Terra" de Cecil B. DeMille podia brincar com a noção do palhaço trágico, mas agora, palhaços eram usados como elemento de medo.

Em 1982, o filme Poltergeist - o fenômeno, colocou uma típica família de subúrbio americano como vítima de espíritos malignos. Em uma determinada cena, um palhaço de brinquedo serviu como agente do sobrenatural tentando arrastar um garoto para de baixo da cama. Em 1986, o escritor Stephen King lançou o romance It, no qual um ser demoníaco assume a identidade de Pennywise, o Palhaço Dançarino para matar crianças inocentes. Em 1988, o filme B, "Killer Klowns from Outer Space" se tornaria um inesperado sucesso no filão trash. No ano seguinte Clownhouse, um filme cult mostrava doentes mentais perigosos assumindo o papel de palhaços para aterrorizar uma comunidade rural. O vilão do filme e dos quadrinhos do personagem Spawn usa maquiagem de palhaço. E o que dizer do maior inimigo do Batman, o Coringa que deixou de ser um simples palhaço para se converter em um homicida aterrorizante? A partir da década de 1980, o palhaço passou a ser associado muito mais a horror do que comédia, transformando-se num bicho-papão tão frequente quanto vampiros e lobisomens.

Muitos circos chegaram a suspender a aparição de palhaços em seus espetáculos para não assustar crianças. A figura negativa de palhaços dispostos a se aproveitar da inocência infantil para os mais horríveis atos ficou tão enraizada no inconsciente coletivo que terapeutas acreditam que essa imagem se sobrepôs a de palhaços divertidos. Por sinal, na internet existem mais imagens de palhaços assustadores do que de palhaços alegres. 

Isso gera uma espécie de círculo vicioso que alimenta um medo irracional de palhaços. É claro, é muito difícil determinar quantas pessoas sofrem de uma real fobia de palhaços, mas há casos comprovados de indivíduos que simplesmente congelam diante da presença deles, sendo incapazes de reagir. Outras sentem falta de ar, suor nas mãos, boca seca ou simplesmente um desconforto.    


Da perspectiva psicológica, o medo de palhaços se inicia na infância. Existe inclusive um trecho no famoso guia Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM, em que se atesta a existência do medo de palhaços, embora ela esteja incluída na categoria da fobia pediátrica de indivíduos vestindo fantasias (desde Papai Noel até Coelho da Páscoa, passando por Mickey Mouse). “Esse medo se inicia geralmente com crianças de dois anos, quando elas desenvolvem um grau de ansiedade na presença de estranhos” explica a Dra. Brenda Wiederhold, do centro de tratamento de fobia e ansiedade de San Diego.

Na opinião dela, a Coulrofobia é muito real. A maioria das pessoas, cresce e esquece esse medo, mas um pequeno número de indivíduos - talvez 2% dessas pessoas, carregam para a idade adulta a ansiedade diante de palhaços que tinham quando crianças. Pessoas que sofrem de Coulrophobia, relatam que um dos elementos mais perturbadores a respeito de seu temor, diz respeito ao fato deles não conseguirem determinar as reais emoções na face do indivíduo maquiado como palhaço. Em segundo lugar, está o medo de que o palhaço possa perder o controle e fazer o que bem entender sem ser reconhecido, por usar um disfarce.

O medo, no fim das contas, é algo estranho. Como ele se manifesta na mente de uma pessoa e porque certas coisas despertam um pavor irracional em outras é uma questão ainda não inteiramente resolvida.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Mesa Tentacular: Edição Tripla - Chamado de Cthulhu na RedeRpg, no Dungeon Carioca e no Saia da Masmorra


Nas últimas semanas, ainda em meio a dúvida cruel de não saber se o Financiamento Coletivo de Chamado de Cthulhu iria fechar ou não, decidi que apresentar o jogo ao maior número possível de pessoas seria uma maneira de divulgar o projeto e quem sabe encontrar novos financiadores.

Com isso em mente, levei três cenários de Chamado de Cthulhu a três encontros regulares de RPG aqui no Rio de Janeiro na Zona Norte, Sul e Oeste. O resultado foram Mesas Tentaculares cada uma com no mínimo seis jogadores, muitos dos quais iniciantes no universo do Mythos que participaram de suas primeiras investigações.

Fico muito orgulhoso de poder dizer que alguns desses jogadores ficaram sabendo do Financiamento através dessas sessões e posteriormente acabaram se tornando financiadores.

O objetivo era que se apenas um comprasse a ideia já estaria ótimo, mas no fim foram nada menos do que seis colegas que acabaram se juntando ao esforço, isso sem considerar os outros que já haviam entrado antes (!!!).

Valeu pessoal! Bom demais conhecê-los e espero que possamos em breve jogar novamente, de preferência com regras em português. 

Aqui estão as fotos e alguns comentários.

REDE RPG NO BOB'S TIJUCA 
(7 de dezembro)


Primeira mesa no tradicional encontro da REDERPG, em sua edição número 118, evento especial de divulgação do Crônicas RPG (outro excelente jogo brasileiro que também está em Financiamento).


Aventura "O Inocente" para seis jogadores se passando no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro no ano de 1928. 

Nessa estória um grupo de investigadores é contratado para lidar com o sequestro do único filho de uma ilustre família carioca, levado de sua própria casa na calada da noite. Mas é claro, nem tudo é o que parece e quanto mais o grupo mergulha nos segredos da família, mais estranha se torna a estória. 


Cenário se passando no Brasil tem que ter personagens inspirados em artistas nacionais como ilustração. José Mayer, Bia Seidel e José Wilker, entre outros fizeram parte da aventura.


E teve que rolar um certo grau de patriotada... coleção de dados verde-amarelos.

DUNGEON CARIOCA
(13 de dezembro)


Sábado passado, mesa no Dungeon Carioca na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio para sete jogadores.


Cenário "O Deus Pálido" - uma das aventuras que eu narrei mais vezes, por alto, devo ter mestrado essa estória umas sete ou oito vezes.


Não por acaso é uma das minhas aventuras prediletas, cheia de possibilidades e opções a serem seguidas pelos personagens. E repleta de Handouts...


Nela, o grupo investiga a horrível morte de um antigo amigo que se envolveu com as forças implacáveis do Mythos. Tendo como pano de fundo a cidade de Arkham, Massachusetts no ano de 1928, essa aventura é excelente para encontros de RPG, uma vez que seu final é um verdadeiro "Moedor de Carne" de personagens. 

Quem sai vivo dessa pode se orgulhar!


Outros acabaram ficando completamente insanos, lançando os braços para o ar e se rendendo diante de uma abominação ancestral, jurando que iria servi-la pela eternidade (ou dadas as circunstâncias, quanto tempo for possível). 


E essa é a tradicional foto "placar da rodada". Sete jogadores entraram, apenas dois conseguiram sobreviver às depredações impingidas pelas entidades do Mythos.

SAIA DA MASMORRA
(14 de dezembro)

E finalmente, aventura no Saia da Masmorra em Ipanema, Zona Sul do Rio.



Eu nem esperava narrar nesse dia, pensei em jogar alguma coisa ou levar um jogo de tabuleiro para descontrair, mas no final das contas acabei correndo até a casa dos meus pais para pegar um livro reserva e mestrar "No Limiar das Trevas" para um grupo de seis jogadores.


O mais legal nessa sessão foi o fato de que apenas um dos jogadores havia jogado Chamado de Cthulhu em outra oportunidade e que duas das jogadoras tiveram sua primeira sessão de RPG. Sinceramente espero que tenham gostado.

A aventura se passava novamente em Arkham, mais uma vez no ano de 1928 e envolvia a macabra investigação do legado de um professor envolvido com um horror além das esferas do tempo e espaço.


Como foi uma aventura meio improvisada, eu não pude usar os Handouts acima, feitos especialmente para esse cenário. Mesmo assim, acho que foi divertido e deu para transmitir a proposta do cenário.

Bom, mês que vem tem mais, e ao longo de 2014...

Deixem os dados rolar!