"A figura... tinha entre quinze e dezoito centímetros de altura, e era de lavor requintado. Representava um monstro vagamente antropomórfico, mas com uma cabeça semelhante a de um polvo cuja face era uma massa de tentáculos; tinha o corpo escamoso, como se fosse feito de borracha, dotado de garras nas patas dianteiras e traseiras, além de asas longas e estreitas. Essa coisa, que parecia despertar um instinto de medo e maldade, possuía um tipo de corpulência inchada, e estava agachada obscenamente em um bloco retangular ou pedestal coberto de caracteres indecifráveis. As pontas das asas tocavam o canto posterior do bloco, o corpo ocupava o centro, e as longas e recurvadas garras das patas traseiras, dobradas sobre si mesmas, prendiam-se no canto anterior e se estendiam por um quarto da altura do pedestal. A cabeça estava curvada para a frente, de modo que as extremidades dos tentáculos roçavam os dorsos das enormes patas dianteiras, que agarravam os joelhos dos membros inferiores. O aspecto da coisa era anormalmente vivo, e ainda mais sutilmente assustador devido ao fato da estatueta ter origem desconhecida".
- H.P. Lovecraft
"The Call of Cthulhu"
Em crenças religiosas primitivas, ídolos rústicos eram entalhados para servirem como objetos de adoração que simbolizavam a presença física da divindade, espírito ou demônio para o qual se rendia tributo. Cultos ancestrais muitas vezes praticavam seus ritos sagrados perante imagens, que frequentemente eram vestidas, alimentadas ou paramentadas.
Crenças comuns insinuavam que estes ídolos recebiam o animus (espírito) da divindade venerada e que este se instalava a partir das orações, oferertas de sacrifícios ou palavras místicas. Uma vez encarnados nos ídolos, eles se tornavam participantes ativos dos rituais, assistindo ou até presidindo os mesmos.
Os aspectos religiosos e sua relação com ídolos e lugares sagrados pode ter sido um dos fatores que incentivou a prática sedentária dos povos originalmente nômades.
As imagens abaixo se referem a curiosos ídolos pertencentes a diferentes épocas e localidades, parte do acervo e de coleções de museus ao redor do mundo. Há de se reparar na impressionante similaridade de algumas destas estátuas. Alguns antropólogos que estudam os mitos primitivos da humanidade chegaram a lançar bases para uma chocante teoria: a existência de um mesmo culto primitivo datado da aurora do homem e que teria se mantido ativo por séculos.
O Professor Mathias Brum, da Universidade de Leipzig na Alemanha escreveu um artigo a respeito destes ídolos. Suas teorias a respeito do que ele chamou de "Mito Ancestral" não foram bem recebidas pela comunidade acadêmica. Brum infelizmente faleceu em circunstâncias estranhas enquanto organizava palestras a respeito de suas descobertas.
Abaixo algumas imagens de ídolos que faziam parte do estudo conduzido por Brum.
Ídolo de pedra, encontrado nas escavações da cidade de Amira na Jordânia em 1919.
O ídolo foi descoberto pelo notório arqueólogo e caçador de tesouros Albert Holcomb e segundo boatos foi o responsável por uma maldição que se abateu sobre Holcomb e seus companheiros de expedição. Em menos de uma semana quatro membros da expedição, inclusive o renomado aventureiro, sofreram acidentes fatais, alguns inexplicáveis. A peça desapareceu pouco depois restando relatos e fotografias que comprovam sua existência.
A estátua, um pesado item de pedra com 50 cm de altura possuía curiosos símbolos em sua base que foram copiados. Anos mais tarde eles foram relacionados com documentos descobertos em uma caverna no Mar Morto. Os símbolos ainda não foram totalmente decifrados, mas suspeita-se que sejam um dialeto semítico do século III antes de Cristo.
A peça ao lado é conhecida como "O Buda de Lanzhou", também chamado de "Buda Profano" ou "O Adormecido". Descoberto em 1936 na China Central, ele é parte do acervo do Museu Histórico de Xian. Sua origem é desconhecida, mas supõe-se que ele tenha ligação com o obscuro povo Tcho-tcho habitantes da região de Tsung. Alguns acreditam que o Buda seja uma rara representação de um demônio nepalês. Há rumores que monges tentaram roubar e destruir o item repetidas vezes.
Acreditava-se que a peça havia sido destruída durante a Revolução Cultural por constituir um item de superstição camponesa desencorajada pelo governo comunista.
Ídolo em bronze, Alemanha, século XIV, parte da vasta coleção de ocultismo pertencente ao ilustre Barão Friedrich Wilhelm Von Junzt, autor do blasfemo Unausprechlichen Kulten editado em 1839.
Von Junzt alegava que o ídolo, medindo 22 cm de altura fora obtido com membros de um culto satânico em Dresden. Com a morte do Barão, seus herdeiros se desfizeram de seus itens particulares. O ídolo esteve perdido supostamente em coleções particulares até reaparecer em 1936. Especula-se que ele tenha sido adquirido pelo ocultista nazista Olaf Bitterich. Após a Segunda Guerra, o objeto desapareceu novamente, alguns acreditam que ele tenha sido capturado por soldados soviéticos na tomada de Berlim ou vendido no mercado negro para um colecionador particular.
Este ícone esculpido em pedra, data do século V, ele foi descoberto em 1910 em escavações de ruínas vikings próximas a Malmo, na Suécia.
Parte do acervo do Museu de História Viking em Estocolmo.
Acredita-se que o objeto em questão seja a representação de um monstro ou divindade aquática, cogita-se ser uma efígie de um monstro marinho presente na cultura nórdica. As runas na base da estátua no entanto o identificam como "Kulu".
Acredita-se que o objeto em questão seja a representação de um monstro ou divindade aquática, cogita-se ser uma efígie de um monstro marinho presente na cultura nórdica. As runas na base da estátua no entanto o identificam como "Kulu".
Pequenos ícones como este eram levados em longas viagens marítimas como proteção dos marinheiros contra as interpéries do oceano e como pacificador de monstros marinhos.
Ídolo de Barro cozido adquirido na India em 1846, e atualmente parte do acervo do Museu Britânico em Londres.
O objeto foi confiscado de um culto na Província de Diapesh pelas autoridades britânicas. Comenta-se que o culto foi responsável por inúmeros assassinatos e desaparecimentos na Província e que a população local temia esse secto considerando-o extremamente perigoso. Até onde se sabe, o Culto foi desmantelado e seus líderes (aqueles que puderam ser julgados) enforcados.
O ídolo medindo 45 cm, é uma representação do demônio Chadul, uma divindade estranha à rica mitologia indiana. Os rituais em homenagem de Chadul eram descritos como selvagens, envolvendo sacrifícios e desmembramento. Seus seguidores aguardavam o despertar de Chadul que marcaria o fim da humanidade e uma era de morte e destruição.
Peça entalhada em pedra, pertencente ao acervo da Universidade Miskatonic em Arkham, Massachusetts.
A peça em questão foi doada a Universidade no ano de 1930. Ela foi originalmente confiscada pela polícia de Nova Orleans, em uma ação nos Pântanos da Louisiana em 1907. Na ocasião as autoridades desbarataram o que foi chamado de um culto satânico composto de centenas de pessoas. A estátua parecia ser um dos ídolos idolatrados pelos fanáticos religiosos.
Na base da estátua constam símbolos semíticos que fora decifrado pelo falecido Prof. George Gammell Angel. O trecho foi traduzido da seguinte forma:
"Em sua casa R´Lyeh, o morto Cthulhu espera, sonhando". O significado enigmático destas palavras ainda é desconhecido.
A descrição em itálico no alt desse artigo se refere a esse ídolo.
Peça pequena (9 cm) escupida em bronze, possivelmente do século XI antes de Cristo, encontrada na Calábria, Itália. Parte do acervo do Museu Etrusco em Nápoles.
O objeto, supostamente uma efígie usada para favorecer a sorte podia ser levado amarrado ao pescoço. Supostamente a figura retratada era uma divindade marinha que protegia marinheiros e viajantes através do mar.
Essas crenças possivelmente foram introduzidas por navegadores estrangeiros e assimilada por marinheiros e mercadores italianos.
Efígie de madeira descoberta em escavações nos arredores da vila pesqueira de Haugensund, na Noruega em 1876.
A imagem entalhada era usada como carranca na proa de um Drakkar, típico navio de guerra viking. Ela simboliza uma entidade marinha primitiva, usada para causar terror nos inimigos. O navio em questão foi descoberto no interior de um monte funerário em meio a outras riquezas evidenciando que ele pertencera a um líder guerreiro (Jarl).
Peça em exposição no Museu Nacional em Oslo.
A estatueta esculpida em pedra foi encontrada na costa de uma das ilhas que compõem o Arquipélago de Samoa Ocidental no Oceano Pacífico. Sua origem ou idade são totalmente desconhecidos.
A base da estátua possui uma série de símbolos e caracteres de origem desconhecida que segundo alguns místicos fornece coordenadas que podem ser traçadas em um ponto do Oceano Pacífico. Essas especulações são contestadas por estudiosos que consideram essas teorias como falácia. O ídolo faz parte do acervo do Museu do Louvre em Paris.
Estudiosos que tiveram acesso aos Tabletes Zanthu igualmente resgatadas do leito do oceano na Costa do Chile e que se encontram no Instituto Samborne na Califórnia, relataram impressionante similaridade entre os símbolos, podendo constituir o mesmo alfabeto.