Considerando a criatura alvo desse artigo, parece meio impróprio falar em anatomia já que a "coisa" não possui uma anatomia definida e pode se transformar em qualquer forma de vida. Mas vamos manter o título por conveniência.
A COISA (THE THING)
"As pessoas na sala ficaram abruptamente tensas. A coisa estava ali estendida na superfície oleosa da mesa. A parte superior quebrada de um machado de gelo ainda enterrado em seu crânio bizarro. Três olhos, transbordando ódio pareciam vivos como fogo, brilhantes como sangue fresco gotejante, em uma face repleta de vermes azulados se contorcendo e se arrastando onde cabelos deveriam crescer".
John W. Campbell, "
Who Goes There"
O nome real dessa raça é desconhecido, elas são genericamente conhecidas como "
coisas", na ausência de uma designação mais precisa.
As informações sobre a raça são igualmente escassas, sabe-se que eles são nativos de um planeta com clima predominantemente quente, orbitando uma estrela azulada, contudo sua localização precisa é desconhecida.
Trata-se de uma civilização tecnologicamente avançada, em pé de igualdade com os
mi-go e
Sham e capazes de construir máquinas anti-gravidade, armas de raio e geradores manuais de energia. A raça também é capaz de realizar viagens pelo espaço usando veículos de propulsão interestelar que lhes permite alcançar outros planetas. Não é descartada a possibilidade dessa espécie dominar outros segredos, até mesmo o da viagem no tempo.
As Coisas são extremamente beligerantes, uma raça de conquistadores espaciais que procura se estabelecer entre suas vítimas com objetivo de domínio. A assimilação total de outras espécies parece ser uma das metas primordiais da raça que explora outros mundos em busca de formas de vida aptas a serem absorvidas.
Grandes naves de exploração carregam estes organismos através do espaço, uma vez chegando a outra esfera que comporta formas de vida, eles realizam uma análise das espécies dominantes. O procedimento visa determinar a existência de seres inteligentes que se tornam o alvo prioritário de sua atenção. Em certos casos, as coisas podem lançar sondas em forma de torpedo para realizar explorações preliminares.
Sendo uma criatura parasítica, a Coisa tenta absorver e assimilar qualquer forma de vida nativa presente. Isso permite que ele ganhe abrigo e seja capaz de se adaptar virtualmente a qualquer ambiente que sustente seres complexos multi-celulares, sua principal fonte de sustento.
Cada célula individual da criatura é ao mesmo tempo parte de uma forma de vida multi-celular e uma criatura independente do todo. Essa dupla-funcionabilidade permite que a criatura destaque células individuais ou agregados de células para funcionar como organismos separados focando em um único objetivo; assimilar e imitar outras criaturas.
A Coisa é capaz de assimilar outras formas de vida de duas maneiras: Contaminando o organismo do hospedeiro com as suas próprias células ou usando a massa de seu corpo para capturar a presa que é então consumida a medida que uma réplica perfeita emerge de seu interior. Dependendo do tamanho e complexidade da presa e também do método empregado, o processo de duplicação pode demorar alguns poucos minutos ou mesmo vários dias, período em que a atividade da coisa se resume a construir cadeiras de DNA idênticas ao do hospedeiro.
Quando a Coisa ataca outro organismo tentando imitar sua forma, ela cria uma infinidade de membros (braços, pernas, bocas ou tentáculos) com o objetivo de intimidar e capturar a vítima. Essa vasta gama de apêndices é composta de partes de outros seres previamente assimilados. O ataque tende a ser rápido e visa imobilizar a presa, arrastando-a para perto da massa principal responsável por desencadear o processo.
Uma vez capturada a presa, a Coisa cria uma série de filamentos semelhantes a fios de cabelo em seu próprio corpo. Estes fios penetram na epiderme da vítima depositando suas próprias células na corrente sanguínea e sedando o organismo. As células invasoras agem imediatamente capturando e absorvendo as células sadias usadas como fonte de energia para suas atividades. Durante esse processo, as células parasitas analisam e gravam o código genético da vítima para futura referência.
Usando as informações obtidas e a biomassa da presa, a criatura inicia o processo de cópia a medida que consome toda a matéria adicional que não será usada. Cada célula da coisa é capaz de infectar milhões do organismo, matando essas células e criando cópias idênticas delas.
Para se manter em segurança durante essa fase, a coisa prefere atacar vítimas solitárias que possam ser isoladas sem levantar suspeitas. A forma de vida copiada emerge do interior da coisa com todas as características e peculiaridades da criatura original, incluíndo defeitos fisiológicos ou condições de saúde adversas, como por exemplo pré-disposição para doenças cardíacas.
O tempo necessário para efetuar a assimilação varia, mas a medida que a "coisa" copia criaturas com estrutura genética similar, o processo se torna gradativamente mais rápido -- como se a criatura aprendesse com a repetição.
Se as circunstâncias permitirem, a Coisa irá remover roupas e objetos da vítima (sobretudo tecidos sintéticos, brincos, anéis ou piercings) a fim de optimizar o processo de transformação. A Coisa consegue copiar apenas estruturas biológicas, sendo impossível para ela assimilar elementos inorgânicos e metais. Estruturas sintéticas presentes (como por exemplo, aparelhos odontológicos, amálgama dentário, placas ou pinos para correção ortopédica) são expelidas durante o processo.
Uma vez que a assimilação é concluída, a coisa se separa da réplica recém criada e as duas se tornam formas de vida independentes, cada qual com seus objetivos. Uma quantidade mínima de células é necessária para manter a coesão da criatura. Se partes da estrutura se perderem (digamos em virtude de um ferimento) estas se tornam mais sensíveis a estímulos externos. Dessa forma, uma coisa consegue manter seu disfarce mesmo que seja ferida, mas se um fragmento do organismo for exposto a condições adversas, reagirá imediatamente. É por isso que uma porção pequena de sangue contaminado colocado em um pote tenta escapar se exposto a uma agulha aquecida.
As limitadas análises científicas de células colhidas nos anos 80 indicam que a estrutura celular do organismo é diferente de qualquer coisa existente no planeta Terra. A especificidade dessas células em copiar outras estruturas mais simples é notável. Para todos os efeitos, a cópia é perfeita nos mínimos detalhes e mesmo exames de DNA não conseguem apontar uma cópia.
A coisa pode fazer surgir a qualquer momento partes da anatomia de criaturas previamente assimiladas gerando órgãos ou membros conforme a necessidade. Dessa forma, a criatura pode criar em uma cabeça decepada olhos e pernas aracnídeas ou fazer surgir uma grande boca repleta de dentes afiados no abdomen de uma cópia humana. Essa é uma das peculiaridades mais inquietantes à respeito das "Coisas": sua incrível capacidade de alteração corporal. Dispondo de mapas genéticos em sua memória, uma coisa pode assumir inúmeras formas alienígenas combinando traços da anatomia de diferentes espécies em um mesmo corpo.
Indivíduos que testemunharam essas súbitas alterações corporais salientaram a notável rapidez com que as coisas integram e desintegram seus corpos. Para um observador a ação sugere que elas simplesmente desmancham uma forma, enquanto outra surge em seu lugar.
Há, no entanto, limites. A coisa não pode expandir ou gerar massa se não tiver uma reserva de bio-massa suficiente para isso. A cópia de um humano não pode criar um tentáculo com 20 metros de comprimento no lugar do braço sem eliminar massa de algum outro lugar.
Uma coisa é capaz de assimilar várias formas de vida ao mesmo tempo a fim de obter bio-massa suficiente para construir uma anatomia maior. Em termos gerais, uma coisa poderia assimilar a bio-massa de 3 homens simultaneamente para se transformar em um urso polar (desde que é claro, ela tenha o código genético desse animal).
Em momentos de desespero, sobretudo quando lutam pela própria vida, a coisa pode se transformar em uma massa de carne amorfa com pedaços da anatomia de dezenas de seres diferentes cada qual usada para se defender contra uma ameaça em potencial. Nestas situações, uma coisa pode tentar capturar presas ao seu alcance apenas para usar sua bio-massa como "combustível" de outras transformações, não com o intuito de copiá-las.
Até onde se sabe, duas "coisas" foram encontradas na Terra, ambas na
Antártida.
Há cerca de 20 milhões de anos, uma pequena sonda em forma de torpedo caiu no continente afundando no gelo. Exposta a uma temperatura negativa, a criatura entrou em processo de êxtase criogênico, de forma muito semelhante ao que acontece com o fungo da levedura. Isso permitiu que ela se mantivesse dormente, enquanto aguardava ser descoberta por alguma forma de vida inteligente capaz de tirá-la da hibernação.
Ela foi encontrada em 1938 por uma expedição norte-americana. Os humanos conseguiram destruir a sonda, pouco antes da criatura escapar e eliminar metade do grupo. Felizmente o monstro foi destruído por um esforço coletivo. Sem provas para corroborar a história, o relato dos sobreviventes não foi levado em consideração e esquecido.
Um segundo veículo espacial, dessa vez um disco de proporções muito maiores visitou a Terra há aproximadamente 100 mil anos. É possível que esse veículo tenha sido atraído seguindo algum tipo de sinal emitido pela sonda torpedo. De forma semelhante ao que havia acontecido com seu predecessor, a coisa que tripulava a nave acabou sendo aprisionada no gelo, tendo de esperar ser descoberta milhares de anos depois.
SPOILER (para quem não viu o filme "A Coisa" pule os parágrafos à seguir até a marcação do "fim do spoiler")
Em 1982, uma equipe de pesquisadores noruegueses encontrou a nave espacial e um espécime congelado da "coisa" que veio à bordo do veículo. Um pedaço de gelo retangular que encerrava o alienígena foi cortado e carregado para a estação de pesquisa onde a palontologista
Kate Lloyd ajudou a extrair a criatura. A coisa, devidamente reanimada escapou e começou a fazer vítimas na estação matando os pesquisadores noruegueses e uma pequena equipe americana.
Os sobreviventes abandonaram a estação, mas a "coisa" copiando um cão
husky siberiano conseguiu escapar. Fatalmente, ela chegou até a
Estação-31, lar de uma equipe de cientistas e pesquisadores norte-americanos.
O grupo adotou o cão, julgando que os noruegueses haviam sofrido um episódio de febre da cabana. Naquela mesma noite, o cão provou ser um organismo alienígena disposto a tudo para sobreviver. Uma visita à estação norueguesa parcialmente destruída deu aos americanos um
insight sobre o que estavam enfrentando. Os restos da coisa devidamente animados conseguem escapar criando um clima de paranóia e desespero a medida que ninguém mais sabia quem era quem. Ao que tudo indica a coisa foi destruída pelo piloto de helicóptero
R.J McReady, mas é possível que restos dela ainda se encontram ativos.
SPOILER (pronto podem ler daqui em diante em segurança)
O resultado do contato e consequente contaminação de uma área densamente populada pela coisa é indeterminado. Análises sugerem que a partir do início da contaminação, uma cidade de 100 mil habitantes poderia ser inteiramente assimilada em menos de 48 horas.
Considerando que o processo de assimilação tende a se acelerar à medida que as células da coisa se especializam em uma determinada estrutura biológica o tempo de contaminação de toda a população humana do planeta seria reduzido exponencialmente.
A conclusão é que esse tipo de contaminação, uma vez iniciada resultaria na aniquilação da raça humana e sua substituição cmo espécie dominante.
(A seguir: A Coisa para Chamado e Rastro de Cthulhu)
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