sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Lendas Urbanas da Coréia do Sul - Cinco Histórias Bizarras e perturbadoras



Não importa onde, não importa quando, Lendas Urbanas surgem espontaneamente e se espalham com enorme rapidez, sobretudo nestes tempos em que a internet permite a comunicação quase imediata.

Lendas urbanas, mitos urbanos ou lendas contemporâneas são pequenas histórias de caráter fabuloso ou sensacionalista, amplamente divulgadas de forma oral, por e-mails ou pela imprensa e que constituem um tipo de folclore moderno. São frequentemente narradas como sendo fatos acontecidos a um "amigo de um amigo" ou de conhecimento público.

Muitas delas já são bastante antigas, tendo sofrido alterações ao longo dos anos. Muitas foram mesmo traduzidas e incorporadas a outras culturas assumindo um formato diferente. É o caso, por exemplo, da história da loira do banheiro, lenda urbana brasileira que fala sobre o fantasma de uma garota jovem de pele muito branca e cabelos loiros que costuma ser avistada em banheiros, local onde teria se suicidado ou, em outras versões, sido assassinada. Os Parques de Diversões itinerantes onde costumam ocorrer crimes, os avistamentos do lendário Demônio de Jersey  e os jacarés habitando as profundezas de galerias de esgotos em Nova York, também são exemplos clássicos de lendas urbanas.

Muitas histórias têm origem recente, como as que dão conta de homens seduzidos e drogados que, ao acordarem no dia seguinte, descobrem que tiveram um de seus rins cirurgicamente extraído por uma quadrilha especializada na venda de órgãos humanos no mercado negro.

Muitas das lendas urbanas são, em sua origem, baseadas em fatos reais (ou preocupações legítimas), mas geralmente acabam distorcidas ao longo do tempo. Com o advento da Internet, muitas lendas passaram a ecoar de maneira tão intensa que se tornaram praticamente universais.

Talvez a Coréia do Sul seja o lugar que acumula o maior número de Lendas Urbanas. O país asiático desponta como um depositário de rumores e histórias medonhas compartilhadas. Há histórias para todos os gostos, coisas realmente bizarras e macabras que deixam a gente pensando: "Como isso começou"?

Fizemos um apanhado de algumas dessas Lendas Urbanas, algumas são de perder o sono...

5. Sementes de Gergelim



Lendas Urbanas envolvendo tentativas bizarras de aumentar a beleza ou realçar a aparência física são muito comuns mundo a fora.

É curioso, mas elas vem sempre acompanhadas de uma lição de moral geralmente aconselhando: "cuidado com o que você deseja" ou "até onde está disposto a ir para obter a beleza desejada".

Essa lenda se tornou tão popular na Coréia do Sul que ela foi dramatizada em formato de episódio para um programa de televisão a respeito do paranormal. Posteriormente, ele foi considerado impróprio, sendo divulgado na internet, transformando-se em uma verdadeira sensação no país.

A história acompanha uma moça que está preocupada com sua beleza. Ela tem um pesadelo no qual vê a si mesma velha e enrugada e não quer que isso aconteça na vida real. A garota fica sabendo então de um método muito antigo para tornar a pele macia e fresca. Alguém conta a ela que colocar sementes de gergelim na água, durante um banho de banheira, faz verdadeiros milagres pela pele.

Naquela mesma noite, ela decide testar. Ela enche a banheira e despeja na água uma grande quantidade de sementes de gergelim. Após algumas horas na banheira, a mãe estranha que a garota está demorando e resolve bater na porta. Nada! Preocupada, a mãe resolve forçar a porta trancada.

Ao entrar se depara com uma cena assustadora.

As pequenas sementes de gergelim se depositaram de baixo da pele da garota, lançando raízes microscópicas como filamentos que aderem a epiderme mais profunda. Puxar essas sementes da superfície da pele causa horríveis sangramentos e uma dor insuportável.

A Lenda Urbana dá conta que a pele da garota fica com horrendos sulcos, como se estivesse coberta por buracos negros e profundos. A garota obviamente enlouquece e termina seus dias trancada em casa para que as pessoas não possam vê-la. 

Seu passatempo é remover lenta e dolorosamente cada uma das centenas de sementes que cobrem seu corpo, usando para isso um pedaço afiado de madeira. E assim ela vai cada vez mais fundo, cada vez mais fundo em sua própria pele...

4. Morte na Água



Existe uma crença muito difundida de que aqueles que morrem de causar violentas no folclore coreano não encontram descanso. Nesse caso, é melhor deixar os lugares onde estas mortes violentas ocorreram em paz: não explorá-los, não visitar, melhor de fato, sequer se aproximar.

Alguns destes lugares ficam tão contaminados pela experiência de morte que acabam conspirando para fazer mal aos vivos aumentando ainda mais a aura de tragédia que o envolve. Lagos, rios, trechos de praias e até piscinas podem se tornar lugares especialmente aterrorizantes quando alguém se afoga e desaparece em suas profundezas.

Há uma Lenda Urbana muito popular que menciona uma espécie de espírito vingativo chamado Mul Gwinshin, um tipo de assombração que se forma depois que alguém morre afogado. O Mul Gwinshin se esconde na parte mais funda e fica esperando que alguém vá tomar banho. As risadas e a alegria de alguém entrando no covil desse fantasma o deixam furioso.

Segundo a Lenda, a pessoa que desrespeita o fantasma dessa maneira sente alguma coisa tocando seus pés com dedos gelados. A sensação por vezes é suficiente para causar uma câimbra muito dolorosa que pode levar o nadador a se afogar rapidamente. Aqueles que conseguem escapar tem sorte.

Se realmente estiver furioso o Mul Gwinshin puxa a pessoa com toda força para as profundezas, segurando suas pernas e braços impedindo que a vítima nade para a superfície. Quando finalmente, a pessoa se afoga, o espírito disfarça sua presença amarrando algas, cordas ou objetos pesados em suas pernas fazendo com que tudo pareça apenas um trágico acidente.

Para não causar a ira desse espírito, algumas pessoas mais precavidas pedem permissão antes de entrar na água e ficam na parte rasa por alguns instantes tentando perceber qualquer movimento estranho. Outra dica é jamais entrar na água rindo ou falando alto, comportamentos que certamente desagradam o espírito.

A Lenda é tão popular que quando uma criança se afogou em uma piscina pública no Centro de Seul alguns anos atrás, o lugar ficou vazio por semanas apesar de ser o auge do verão. Apenas quando a água foi drenada e trocada é que os frequentadores aceitaram retornar.

3. Remoção de Acne


Mais uma Lenda Urbana sobre a busca pela beleza.

Essa Lenda Urbana envolve um rapaz atormentado pelas espinhas em seu rosto. Incomodado pela quantidade gritante de acne ele lê um artigo online a respeito de um método experimental de limpeza de pele. Ele acaba respondendo ao anúncio e se torna voluntário de uma experiência.

Fica sabendo que os esteticistas descobriram uma maneira de limpar a pele e remover as espinhas de maneira profunda, removendo as secreções gordurosas nos poros enquanto a pessoa é colocada em um sono profundo. Desesperado ele acaba aceitando participar do experimento e assina uma série de papéis e documentos oficiais.

Ele recebe um sedativo e dorme, enquanto os esteticistas trabalham em sua pele. Quando acorda ele sente um leve desconforto, como se o rosto estivesse formigando, mas os especialistas asseguram que isso é perfeitamente normal. Eles recomendam que ele mantenha as ataduras por mais uma semana e para que compareça à clínica para remover as bandagens. E que não tente fazê-lo por conta própria.

Na primeira noite em casa ele sente o mesmo formigamento em sua face, que o incomoda, mas ele acaba suportando o desejo incontido de retirar as ataduras. Mas com o passar dos dias, a sensação vai piorando e ele se sente cada vez mais incomodado. Certo dia, enquanto dorme, ele tem uma desagradável surpresa, acorda sentindo algo arranhando seus lábios cobertos pelas bandagens, alarmado tenta coçar e depois de muito esforço abre um pequeno buraco na máscara protetora, através do qual escapa uma barata minúscula!

Horrorizado, ele entra em contato com a clínica e estes pedem que ele venha logo cedo e que não toque nas ataduras.

Quando chega à clínica, o rapaz é informado que o procedimento teve resultado, sua acne foi removida quase que por inteiro. O tratamento consistia em colocar sobre o seu rosto uma máscara com substâncias especiais que aderem aos poros. Em seguida centenas de baratas adultas são colocadas sobre a face com o intuito de comer a substância e roer a acne no processo, realizando uma espécie de "raspagem epidérmica".

O rapaz sente que está prestes a desmaiar com a notícia medonha, mas ela não é o pior.

O esteticista explica que normalmente para o procedimento, eles costumam utilizar apenas insetos esterilizados. Entretanto, algumas vezes, pode acontecer de uma ou mais baratas depositar ovos no interior dos poros da pessoa e nesse caso não há nada que possa ser feito... além de esperar.

2. Máscara Cirúrgica Vermelha



Cirurgia plástica é algo relativamente corriqueiro na Coréia do Sul, onde as pessoas perseguem constantemente um ideal de beleza. Alguns anos atrás, estava muito em voga um tipo de cirurgia plástica que deixa os lábios mais grossos, algo considerado sensual na sociedade local. É um procedimento simples, coma  inserção de camadas de gordura corporal, geralmente das nádegas aplicadas na epiderme labial.

Segundo a história, certa noite um médico estava viajando sozinho em um vagão de metrô, quase cochilando com o balanço do trem. Em uma determinada estação, de preferência perto de um hospital, uma mulher embarca e busca um assento em frente ao sujeito. Seus cabelos são longos e escuros. Seus olhos bonitos e amendoados. Sua face, no entanto, está coberta com uma máscara cirúrgica vermelha.

Quando o trem segue viagem, ele percebe que a mulher está olhando fixamente para ele. Seus olhos não desgrudam dos seus como se ela o reconhecesse de algum lugar. O homem sem jeito sorri e pergunta: "Quem é você"? ou "Posso lhe ajudar"?

A mulher se levanta e vai até ele, andando lentamente e quando está a poucos metros pergunta com uma voz abafada: "Você me acha bonita"?

O médico acaba respondendo afirmativamente. Ela então remove a máscara vermelha revelando o que está escondido abaixo dela.

A carne foi totalmente consumida no entorno da boca, marcas de queimadura e pele seca formam cicatrizes horríveis. Os lábios se perderam e um queixo pontudo e ossudo se projeta para frente. Os dentes estalam e a língua se move de forma medonha no interior da boca descarnada.

"Eu sou bonita agora?" ela pergunta se atirando sobre a pobre vítima que tenta escapar da mulher que o ataca de forma enlouquecida. Ela o imobiliza e lhe dá um beijo ardente. Sua boca com um cheiro de formol insuportável quase o entorpece. No final, ela morde seu lábio e o puxa com força suficiente para rasgá-lo e arrancá-lo por inteiro, deixando o sujeito horrivelmente mutilado.

Segundo essa lenda urbana, a mulher teria contratado um médico para fazer a cirurgia plástica em seus lábios, mas durante o procedimento um acidente envolvendo a ignição de uma máscara de oxigênio teria destruído sua face. Não é muito claro se a mulher seria uma pessoa em busca de vingança ou uma assombração, de qualquer forma essa Lenda Urbana parece se concentrar em profissionais da área de saúde que são as vítimas preferidas.

1. Elevador para o Inferno



Essa Lenda Urbana se tornou conhecida em toda Coréia do Sul sendo repetida e testada por jovens e adolescentes.

Ela envolve uma experiência supostamente metafísica que permite abrir uma passagem sobrenatural para um outro mundo, supostamente o Inferno, utilizando para isso um código especial no painel de um elevador. O "ritual" só pode ser realizado em um prédio com mais de 10 andares - o que não chega a ser difícil nas maiores cidades do país. Ele também só pode ser conduzido à noite (preferencialmente depois das duas da manhã) e com a pessoa sozinha. Se alguma dessas especificações não for obedecida à risca, a experiência simplesmente não funciona.

A pessoa deve seguir o seguinte roteiro dentro do elevador:

Pegue o elevador no primeiro andar (não no térreo).
Aperte o botão do quarto andar, quando chegar não desça, ao invés disso, aperte o dois.
Quando chegar ao segundo andar, aperte o seis..
Quando chegar ao sexto andar, aperte o dois novamente.
Quando chegar no segundo andar, aperte o dez. 
Quando chegar ao décimo andar, aperte o cinco.
Quando chegar ao quinto andar, uma garota irá entrar no elevador. Essa mulher NÃO é humana! Não fale ou olhe para ela. Se você fizer isso, estará correndo um sério perigo!
Ela irá perguntar "Para que andar você vai"? e irá insistir numa resposta. 
Mantenha-se em silêncio, não ceda a tentação de olhar para ela ou responder.
Pressione o botão um. Ao invés de descer, o elevador começará a subir o que significa que você fez tudo certo. A garota irá começar a gritar como louca, seus gritos cada vez mais parecidos com guinchos de dor e sofrimento. 

Não dê atenção a ela e de modo algum ofereça ajuda! Isso é um truque!

Ao chegar no décimo andar ela vai correr para fora a medida que seu corpo começa a se desmanchar revelando que abaixo de sua pele há algo "não humano". Não vá atrás dela, não demonstre pena ou curiosidade. Se você descer atrás dela, correrá o risco de jamais conseguir voltar.

Assim que ela descer do elevador, espere. A porta irá fechar sozinha e descer para o térreo.

Ao abrir, você perceberá que está em outro mundo. Trata-se de uma outra realidade, uma dimensão paralela, um lugar distante, um bolsão planar... há diferentes interpretações, mas o consenso da maioria sugere que se trata do Inferno e que a garota é um tipo de guardião demoníaco. Nesse caso, os números seriam uma maneira de se proteger e evitar que a criatura lhe faça mal, uma espécie de senha infernal.

Ao desembarcar do elevador a pessoa verá um lugar semelhante ao prédio em que ela realizou o experimento, mas este estará totalmente escuro. Não haverá ninguém à vista a não ser você. Na escuridão será possível ouvir o som de lamentos, gritos distantes e de pessoas chorando. Há também o ruído de metal arranhando e estática. 

Aparelhos eletrônicos (câmeras e celulares) não funcionam nesse lugar, portanto, não há como registrar o que é visto.

Do lado de fora do prédio não há nada a não ser um terreno deserto e estéril, coberto de terra. Alguns afirmam ter visto ossos semi-enterrados e insetos semelhantes a besouros. No céu não há lua, nem estrelas ou mesmo nuvens. Tudo é imerso em escuridão indevassável. Aconselha-se não se afastar demasiadamente da entrada do prédio - embora não haja uma explicação do que pode acontecer nesse caso.

Para retornar volte ao elevador.

Siga a seguinte ordem de botões: 4-2-6-2-10-5
Depois de chegar ao quinto andar, aperte 10.
Se o elevador descer, você fez tudo certo e ele chegará o térreo e você estará de volta.

Há uma última informação adicional. Ao chegar em casa depois da experiência, a pessoa supostamente irá DESMAIAR.

Isso é "perfeitamente normal". É uma forma do corpo se acostumar com o choque da viagem e do retorno. A pessoa deverá dormir por muitas horas, segundo alguns por até 12 horas ininterruptas, até que o choque passe. O problema é se a pessoa não desmaiar ou for acordada antes do tempo. Nesse caso, a pessoa corre o risco de ser encontrada pela garota demoníaca que começa a segui-la.

É possível vê-la e ela aparece cada vez mais frequentemente. Nesse caso, algo errado aconteceu e a entidade demoníaca o seguiu para o nosso mundo. Isso significa que terá de fazer a experiência novamente e torcer para que dessa vez nada errado ocorra.

Por surreal que possa parecer, em Seul pelo menos 20 jovens foram filmados por câmeras em elevadores tentando repetir esse ritual que se tornou muito difundido na capital.

*     *     *

Lendas Urbanas...

Sempre uma fonte de arrepios.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Galeria do Medo II - Mais Quatro Pinturas Assombradas


E vamos dar sequência em nossa Galeria do Medo, com mais quatro pinturas e obras de arte consideradas malditas, assombradas ou amaldiçoadas.

Notem que muitas vezes as obras não são bizarras ou assustadoras, na maioria das vezes elas são até bastante inocentes. Mas é a história por de trás de cada uma dessas pinturas, o background no qual elas foram concebidas e a biografia de seus criadores que realmente importam e constroem o mito aterrorizante.

Vamos a elas...

Love Letters, por Richard King


Aqui está um perfeito exemplo de uma pintura que à primeira vista nada tem de assustador ou maligno. Qualquer um poderia pendurar essa tela na parede de sua casa e jamais desconfiar de sua reputação sinistra.

A pintura chamada de Love Letters (Cartas Amorosas) foi feita por Richard King, um artista que ganhou certo renome na época da Guerra Civil Americana e que era um profundo crítico do conflito. Segundo alguns o quadro retrata a imagem de uma menina, a filha de um amigo de King que servia no Exército Confederado e que foi tragicamente morto na sangrenta Batalha de Gettysburg. Segundo alguns especialistas, a carta nas mãos da menina seria o informe oficial da morte de seu pai que ela alegremente se preparava para entregar à sua mãe. O teor da carta torna a aparente alegria da criança retratada e sua expressão de satisfação algo lúgubre e cheio de mau agouro. O quadro foi mencionado várias vezes por organizações contrárias à guerra e que usaram a imagem como uma forma de denunciar a tragédia da Guerra que ainda estava sendo travada e devastava a vida de incontáveis famílias.

Ok, até aí tudo bem, mas é claro, tem mais...

A pintura de King foi comprada pelo Hotel Driskill estabelecido na cidade de Austin, Texas. O Driskill é considerado por muitos parapsicólogos como o Hotel mais assombrado dos Estados Unidos, um lugar onde se registrou atividade paranormal em vários quartos, em que alguns aposentos, acredita-se, apresentam drásticas variações de temperatura, onde sombras e fantasmas são frequentemente vistos, em que gritos e sons guturais quebram a rotina e onde os próprios funcionários colecionam histórias perturbadoras. 

Além disso, o Driskill se incendiou três vezes (sendo que, em pelo menos duas ocasiões não houve uma explicação de como o fogo se iniciou), ele foi palco de pelo menos um grande massacre (na década de 60 gangsters usaram um quarto para eliminar quatro membros de uma quadrilha rival que foram esquartejados), vários suicídios ocorreram em seu interior e a fama de lugar amaldiçoado só cresceu com a passagem do tempo. O primeiro dono do Hotel, o Coronel Jesse Driskill perdeu todas suas economias e a posse do próprio Hotel nas mesas de pôquer. Alucinado, ele teria cometido suicídio no próprio hotel jurando que seu fantasma iria assombrar o lugar. Alguns acreditam até que o Driskill foi erguido sobre o terreno de uma antiga reserva indígena, possivelmente sobre um cemitério que o contaminou com uma maldição perpétua.

Verdade ou mero boato, "Love Letters" rapidamente se incorporou às lendas macabras do Hotel.

A história mais popular afirma que uma menina chamada Samantha Morton se hospedou no Driskill acompanhando seu um Senador dos Estados Unidos em viagem. O ano era 1887, e a menina ficou encantada pelo quadro pendurado no alto de uma escadaria que levava para o Salão de Jantar do Hotel. A razão para a menina se apaixonar pelo quadro era simples, todos que conheceram a menina afirmavam categoricamente que ela era extremamente parecida com a criança retratada na pintura - além da mesma idade, o tom da pele, a cor dos olhos e cabelos, tudo era muito semelhante, quase como se a pintura tivesse sido feita com Samantha servindo como modelo.

Certo dia, Samantha estava descendo as escadas para se juntar ao pai para o desejum quando inadvertidamente escorregou no alto da escadaria. A criança despencou, antes de chegar ao último degrau já estava morta: o pescoço quebrado pela queda, torcido em um ângulo absurdo. O incidente recebeu grande destaque na imprensa que classificou o ocorrido como uma das mais pesarosas tragédias de Austin. A perda foi demais para o Senador. Após o enterro da menina, ele cometeu suicídio disparando um projétil contra a cabeça. A mãe de Samantha enlouqueceu e foi internada em um asilo onde morreu.

O Hotel contratou um artista para fazer um retrato em homenagem a Samantha. Quando ficou pronta a pintura foi colocada no final do lance de escadas onde ela se acidentou. A semelhança com a menina no quadro de King não passou desapercebida e foi motivo de grande discussão. Curiosamente, a pintura não ficou muito tempo em exposição. Certa noite, o retrato de Samantha Morton foi destruído, a tela retalhada violentamente. Ninguém soube quem foi o responsável pela destruição da pintura. Posteriormente, um novo quadro foi encomendado, mas o artista chamado para concluir a obra contraiu uma doença mortal e morreu antes de completar a tarefa. Mais ou menos nessa época, o Driskill - que já tinha fama de ser assombrado, foi parcialmente destruído em um incêndio e ficou fechado por quase dois anos.

Ao ser reaberto, várias pessoas funcionários e hóspedes começaram a afirmar ter visto uma menina com um vestido cor de rosa circulando pelas escadarias do Hotel. A menina, extremamente semelhante a Samantha Morton sempre parecia sorridente, mas quando alguém se aproximava para falar com ela, corria e sumia em algum corredor como se jamais tivesse existido. Visitantes afirmavam que o quadro exercia uma forte influência sobre pessoas mais sensíveis e que alguns sentiam vertigem e náusea diante da pintura. Alguns acreditavam que a menina na pintura era capaz de se comunicar e que sua expressão mudava de tempos em tempos. Pessoas disseram ter ouvido risadas infantis nos corredores do Hotel e o som de batidas secas nos degraus da escadaria. 

As lendas parecem exageradas, mas o fato do quadro ter sobrevivido a repetidos incêndios sem jamais ter sido danificado acrescenta um detalhe de estranheza. 

Na década de 70, Love Letters foi removido e passado para outro Hotel da Companhia que passou a administrá-lo. Durante a inauguração do Hotel, em Phoenix, houve um incêndio e três pessoas morreram queimadas na sala em que o quadro era mantido. É claro, a pintura sobreviveu ao incidente sem sofrer nenhum dano. 

Depois disso, ele retornou ao Driskill, onde se encontra em exposição até hoje. 

Man Proposes, God Disposes por Sir Edwin Landseer




No Royal Holloway College na Universidade de Londres, pode ser encontrada uma pintura de Edwin Landseer chamada "Man Proposes, God Disposes", datada de 1864. O curioso a respeito dessa obra é que em geral, uma bandeira da Grã-Bretanha cobre a tela impedindo que ela seja apreciada. Isso por que alguns estudantes acreditam que seu mero vislumbre pode pode causar confusão e até loucura só de olhar para ele.

O tema da pintura é realmente sinistro, beirando o macabro. Ela é baseada em um acontecimento notório da História das Explorações, a fracassada Expedição Franklyn ocorrida em 1845. Foram os rumores a respeito do desfecho dessa missão que inspiraram a tela e posteriormente o terror nos alunos.

A pintura de Landseer invoca toda a aura de tragédia que cerca o destino da Expedição em um panorama de pessimismo niilista tamanho que chega a soar sufocante e claustrofóbico. A pintura em si mostra dois ursos polares selvagemente atacando um dos navios da Expedição, bem como os restos mortais da tripulação que embarcou na missão liderada por John Franklin, que buscava a Passagem Norte. Descobrir essa passagem era essencial para a Grã-Bretanha e para os marinheiros do século XIX uma vez que ela ligaria os Oceanos Atlântico e Pacífico reduzindo de maneira considerável distâncias e tempo em viagens marítimas.

"Man proposes, God disposes" revela o quanto os Vitorianos se mostravam angustiados pelo fracasso da expedição científica e o destino da tripulação.

Franklin era um explorador experiente que já havia se aventurado nos mares gelados do Ártico. A Expedição partiu em 1845 composta por dois navios da Marinha Britânica, com 129 homens e suprimentos para três anos. A Expedição partiu cercada por expectativa e excitação. Em 1848, quando nenhum sinal da expedição foi ouvido, várias missões de busca e resgate foram organizadas com o intuito de descobrir seu paradeiro. Em 1854, John Rae liderou uma expedição que conseguiu obter algumas pistas através de tribos de esquimós Inuit que afirmavam ter encontrado restos dos navios nas calotas de gelo. Os tripulantes teriam abandonado os navios encalhados e seguido para terra com o objetivo de montar um acampamento e sobreviver até o degelo no ano seguinte. Os Inuit afirmavam categoricamente que ninguém conseguiria sobreviver ao inverno severo sem as devidas provisões e que certamente todos estariam mortos.

Alguns corpos foram encontrados ao lado de equipamento que serviu para reconhecer aqueles homens como membros da Expedição de Franklin - inclusive o telescópio do comandante visto na pintura. O mais tenebroso, no entanto, foram os inequívocos indícios de que os homens da Expedição sofreram horrivelmente em seus momentos finais no desolado deserto de gelo. Os ossos pertencentes aos tripulantes contavam uma história de horror, loucura e morte, marcada por sinais de violência e canibalismo.

o retornar para a Inglaterra com um relato tão medonho, Rae causou grande controvérsia. Os-vitorianos acreditavam profundamente em sua superioridade moral como a sociedade mais civilizada e avançada da época. Eles não podiam acreditar que ingleses, cristãos poderiam chegar ao ponto da completa barbárie e recorrer ao tabu definitivo, a antropofagia.

Com uma história tão macabra é surpreendente que Thomas Holloway, o fundador da Instituição que levava seu nome, tenha encomendado uma pintura baseada nesse incidente, ainda mais para adornar a parede de sua faculdade, um lugar destinado a Ciência e instrução. O resultado foi essa impressionante tela que realmente não é para os que tem espírito fraco. O objetivo de Edwin Landseer, o artista que a criou, era apresentar uma obra que mostrasse todos os perigos envolvendo a exploração das fronteiras do planeta e como a humanidade em seu desejo de desvendar os mistérios do mundo podia vir a se arrepender de tamanha ousadia.

O próprio título da obra, "Man Proposes, God Disposes" (algo como "O homem propõe, Deus dispõe") alude para todo o perigo manifesto pela ousadia científica de se tentar ir longe demais, embarcando em um caminho sem volta no qual a morte e o esquecimento são as únicas recompensas.

Durante a cerimônia de apresentação da pintura no Salão de Honra da Universidade de Londres muitos convidados se sentiram ultrajados pelo teor da obra. Imaginem só a reação dos parentes e familiares de membros da expedição que estavam presentes à cerimônia e que viram em primeira mão uma interpretação do que havia ocorrido com seus entes queridos. Os jornais da época noticiaram vaias, discussões e até desmaios na ocasião. Diante da reação, a direção da Faculdade decidiu mover o quadro para uma sala de aula ao invés de deixá-lo no Hall de entrada como haviam planejado inicialmente.

Com toda história macabra cercando a pintura, não demorou até começar a surgir rumores a respeito da natureza assombrada do quadro. Alunos e empregados do Holloway se sentiam incomodados pela presença da pintura em uma das salas de aula. Alguns alegavam não serem capazes de suportar a visão, outros simplesmente não conseguiam desviar seus olhos da sangrenta cena ali retratada. Alunos afirmavam sentir dores de cabeça, náusea, vertigem e até mesmo calafrios ao contemplar a obra.

Mas o pior ainda estava para vir.

Em 1886 um aluno que estava fazendo uma prova na sala em que a pintura fora colocada sofreu um ataque epilético causado pelo simples terror de ver os detalhes mórbidos do quadro. O estudante caiu no chão durante uma prova e teve de ser socorrido às pressas, segundo boatos, ele jamais retornou ao Holloway alegando ser incapaz de ficar próximo ao medonho quadro. Na mesma semana, outros estudantes se queixaram da pintura e logo a coordenação de ensino estava sendo abarrotada de cartas de alunos pedindo (de fato, implorando) que "Man Proposes, God Disposes" fosse removido o quanto antes, visto que estava provocando "reações peculiares" em alguns estudantes que experimentavam pesadelos com a horrível pintura.

Certo dia, um dos professores entrou na sala e descobriu que a obra havia sido coberta com uma bandeira da Grã-Bretanha. Ninguém sabe ao certo quem foi o responsável por fazê-lo, mas dali em diante, passou a ser uma tradição no Holloway College que a pintura de Landseer permanecesse coberta por uma bandeira, algo que no entender dos alunos era suficiente para conter a "maldição".

Ainda hoje, a pintura se encontra na sala de aula e é uma tradição que ela permaneça coberta durante o ano letivo sendo exibida, entretanto, em duas ocasiões anualmente: na data em que a Expedição Franklin partiu para sua derradeira missão e na data de aniversário de seu líder John Franklin. 

Nesses dias, "Man Proposes, God Disposes" pode ser visto em toda sua glória atroz atraindo multidões dispostas a encarar de frente o Horror que ele continua conjurando.

7. The Crying Boy, por Bruno Amadio


A pintura seguinte em nossa Galeria do Medo não é apenas uma obra, mas uma série de pinturas coletivamente conhecidas como "The Crying Boy" (O Menino Chorando). Em meados de 1950, o artista italiano Bruno Amadio, que também era conhecido pelo nome de Giovanni Bragolin, pintou cerca de 65 retratos de órfãos italianos chorando, que ele vendeu para turistas no final da Segunda Guerra Mundial. O objetivo de Bragolin era sensibilizar as pessoas e chamar a atenção para a triste situação de crianças que perderam seus pais nos dias mais terríveis do conflito.

Ao longo dos anos 50, as pinturas se tornaram extremamente populares na Inglaterra, sendo reproduzidas em massa e vendidas em todo país como uma obra de arte acessível para o grande público. Até os anos 1980 nenhum incidente estranho foi associado com essas pinturas. No entanto, a partir de 1985, alguns bombeiros começaram a relatar algo curioso envolvendo o Crying Boy. Diziam que diversos quadros semelhantes eram encontrados em casas e apartamentos destruídos por incêndios. Mais do que isso, as pinturas, em geral, eram encontradas em perfeito estado, não tendo sido danificadas pelas chamas e nem pela fumaça. Algumas vezes, eram a única coisa que se salvava das ruínas fumegantes. Mais estranho, os bombeiros perceberam um segundo padrão: na maioria dos casos, os lugares que se incendiavam haviam queimado até o chão e as causas para o fogo eram desconhecidas. Em várias ocasiões falava-se que o incêndio havia começado do nada, quando não havia ninguém presente capaz de produzir as chamas, fosse de modo proposital ou acidental.

Os jornais sensacionalistas começaram a investigar o caso, relacionaram mais de 50 casas que haviam sido consumidas por incêndios inexplicáveis. Em comum, o fato de que em todas elas um quadro do Menino Chorando havia sido encontrado em perfeito estado. O artigo mencionava ainda que em casas onde a pintura era exposta, ocorreram vários princípios de incêndio, a maioria sem uma explicação razoável.

Vários investigadores psíquicos sugeriram que os quadros teriam de alguma maneira concentrado uma forte carga negativa e que os incêndios estariam sendo causados por esses sentimentos ali represados. Um famoso parapsicólogo londrino afirmou categoricamente que o quadro carregava consigo uma aura responsável por deflagrar tragédias. O tabloide britânico "The Sun", publicou um artigo no qual relatava como o Orfanato em que o artista retratou as crianças na Itália havia sido destruído em um incêndio em 1984 e que tal incidente teria ligação com os incêndios que ocorriam na Inglaterra.

O resultado direto do artigo foi uma corrida das pessoas para destruir as pinturas consideradas malditas. O The Sun chegou a organizar enormes fogueiras onde os donos poderiam levar suas pinturas e destruí-las de maneira perfeitamente segura. Na época, muito se comentou a respeito do fato de que as pinturas demoravam muito tempo para pegar fogo e que apenas depois de vários minutos expostas às chamas diretamente, elas eram destruídas

Embora a maioria das pessoas não tenham levado à sério a notícia, um incidente serviria para sacramentar a "má fama" do Crying Boy. Poucos dias depois da publicação do artigo, um incêndio destruiu uma casa em Liverpool matando três de seus moradores que não conseguiram escapar à tempo. Quando o lugar começou a ser limpo, os bombeiros estupefatos encontraram pendendo em uma parede um exemplar da pintura maldita em perfeito estado. Na manhã seguinte, milhares de pessoas se livraram de seus quadros do Crying Boy.

Há uma outra versão da história do quadro que jamais foi confirmada, envolvendo sua origem.

Bruno Amadio, o artista que criou a pintura, teria fugido para a Espanha logo após o término da Segunda Guerra Mundial em busca de uma vida melhor. Em Barcelona, Amadio teria conhecido um menino órfão chamado Don Bonillo, que ficou mudo depois que testemunhou a morte dos pais em um incêndio. Amadio resolveu adotar a criança, embora ele tenha sido advertido pelo diretor do orfanato, um padre local, de que o garoto era o causador de vários incêndios misteriosos que começavam de forma inexplicável. As pessoas supersticiosas diziam que o menino era o filho do diabo.

Amadio se recusou a acreditar nessas histórias absurdas, o menino parecia perfeitamente inofensivo e carente de sua atenção. O artista usou o filho adotivo como modelo para sua pintura mais famosa, o Menino Chorando. Nessa época, ele começou a perceber que algo estava muito errado em sua casa. Por pouco o lugar não pegou fogo em duas ocasiões e sempre que Dom estava sozinho.

Certo dia, a sorte de Amadio terminou. Sua casa e o estúdio onde ele mantinha suas pinturas foi destruído. Lembrando dos avisos do padre, Amadio começou a se ressentir do menino acreditando que ele fosse piromaníaco. Eventualmente ele resolveu retornar a Itália, devolvendo o menino ao orfanato onde o havia encontrado. Até onde se sabe, Dom Bonillo cresceu no orfanato até atingir a maioridade e partir.

Décadas mais tarde, um incêndio destruiu um prédio nos arredores de Barcelona e se espalhou, consumindo vários andares. Miraculosamente, a tragédia causou a morte de uma única pessoa, o morador do apartamento onde ele teve início. O corpo horrivelmente queimado foi identificado como o de um homem de 30 e poucos anos de idade, chamado Dom Bonillo.

Nenhum desses fatos jamais foi confirmado. Bruno Amadio, morreu em 1981, a verdade sobre essa história se foi com ele. A única coisa que ele disse a respeito de sua pintura mais famosa é que se arrependia de um dia tê-la pintado: "Ela sempre será a minha maldição!" revelou de maneira enigmática poucas semanas antes de falecer.

8. Painting of a Headless Man, por Laura P.



Nossa obra final nessa Galeria assombrada de obras de arte é uma pintura feita com base numa curiosa fotografia. Em meados de 1990, uma artista obscura chamada Laura P. estava trabalhando em uma série de pinturas baseadas em fotografias antigas. Ela se sentiu atraída por uma estranha fotografia pertencente ao fotógrafo profissional James Kidd. A fotografia em questão mostrava uma antiquada carroça abandonada em um pátio junto com um vagão enferrujado. Até aí, não havia nada incomum, contudo, um exame mais cuidadoso revelava uma figura etérea sem cabeça que o fotógrafo insistia, não estava lá no momento em que a foto foi feita, tendo aparecido apenas no momento da revelação.


Laura não conseguia explicar o que a atraiu inicialmente na direção da fotografia, mas quando viu a imagem, sabia exatamente que era naquilo que ela desejava trabalhar. Ela sentia uma necessidade irresistível de traduzir aquela imagem fotográfica para uma tela através de desenho e tinta. Era como se algo a estivesse compelindo a fazer aquilo.

Durante o trabalho, Laura se sentia dominada por uma sensação quase palpável de horror, medo e inquietude. Ela não conseguia progredir e parecia adiar sempre que deveria iniciar a porção em que aparecia a imagem do corpo sem cabeça. Laura chegou a desistir do trabalho, trancou a tela em seu ateliê, mas sentia ao mesmo tempo um inquietante desejo de concluir a obra. Apesar de hesitar, ela acabou insistindo consigo mesma e enfim terminou a obra acrescentando a macabra forma fantasmagórica ao quadro que ela chamou de "Painting of a Headless Man" (Pintura de um Homem sem Cabeça).

Mas é claro, esse não foi o fim da história. 

A pintura foi emoldurada, vendida e pendurada do lado de fora de um escritório onde logo começou a aterrorizar as pessoas que lá trabalhavam. 

Funcionários do escritório se queixavam de dores de cabeça, sangramentos nasais, vertigens, assim que a pintura foi colocada na parede. Papéis e documentos sumiam, discussões bobas se tornavam bate boca violentos, os aparelhos de ar-condicionado queimaram e as luzes apagavam sem mais nem menos. Além disso, o quadro na parede estava sempre desalinhado, como se estivesse pendendo para o lado esquerdo. Após apenas três dias, o dono do escritório pediu a Laura que pegasse o quadro de volta pois os funcionários haviam exigido que ele fosse removido. Aparentemente dois empregados se negavam a aparecer no trabalho enquanto a pintura estivesse lá.

Laura curiosamente não estranhou o pedido, instintivamente ela sabia que aquela pintura tinha algo de estranho e perturbador. Até então achava que apenas ela estava sujeita a sua influência nefasta. Laura pegou a pintura, colocou em um estojo e levou para sua nova casa, os funcionários respiraram aliviados.

Não demorou até que Laura e o marido começassem a perceber coisas estranhas acontecendo em seu lar. Havia sons anormais e soturnos, batidas rítmicas nas paredes, passos no sótão, portas batendo, ruídos de respiração e gargalhadas abafadas dia e noite. Tudo acontecia perto da pintura. A partir de então as coisas foram se tornando cada vez mais assustadoras, culminando com uma frequente atividade poltergeist: objetos flutuavam e mudavam de lugar, sumiam ou estouravam como se lançados violentamente nas paredes ou no chão. O marido de Laura foi ferido por um copo de vidro que o atingiu na testa quando ele procurava a fonte de um ruído noturno. O cão da família desapareceu sem deixar vestígios.

Laura contou a um amigo sobre esses estranhos fenômenos, mas ele se mostrou deveras cético e chegou a dar uma risada quando viu o quadro aparentemente inofensivo. De acordo com Laura, quando o amigo retornava para sua casa aquela noite, um pedaço de uma marquise cedeu e atingiu seu automóvel provocando um bizarro acidente que o deixou ferido. Coincidência ou o quadro não havia gostado das risadas?

Outro amigo veio conhecer a pintura e fez uma fotografia com lentes especiais infra-vermelhas. Na foto, a imagem do espectro sem cabeça aparecia em destaque, quase se projetando à frente do background como em uma projeção tridimensional. Atormentado por pesadelos com fantasmas e seres incorpóreos, ele decidiu jogar os negativos fora e advertiu Laura a se livrar da pintura antes que fosse tarde demais.  

Laura pesquisou a fotografia tirada por James Kidd nos anos 1940 e descobriu que o local onde a foto foi tirada era um descampado isolado em Utah onde bandidos e criminosos eram enforcados e degolados no século XIX. Segundo rumores, dezenas de pessoas foram executadas por grupos de linchamento que faziam justiça com as próprias mãos. 

Assustada com tudo o que descobriu, Laura decidiu consultar psíquicos que afirmaram que a fotografia original - e depois o quadro, havia de alguma forma captado e aprisionado um espírito maligno. Provavelmente o espírito pertencente a um criminoso executado naquele lugar maldito. Ela foi aconselhada a visitar o local e pintar um segundo quadro, dessa vez, sem a imagem fantasmagórica em evidência. Laura fez conforme indicado e apesar de ter sentido um enorme desconforto ao visitar o descampado, sentiu um grande alívio quando terminou a tarefa, quase como se um peso tivesse sido retirado dos seus ombros. 

Ela substituiu o quadro original na sua parede pela nova pintura. Depois disso, a atividade paranormal cessou em sua casa. "Picture of a Headless Man" foi colocado em uma caixa e transferido para o cofre de um banco onde permanece até hoje. 

Laura recebeu várias propostas para vender sua obra, mas se negou a fazê-lo.

*      *      *

Neste artigo e no anterior, cobrimos apenas algumas das obras consideradas assombradas ou amaldiçoadas. É incrível a quantidade de pinturas que alegadamente possuem uma aura que as torna o foco de incidentes inexplicáveis. São centenas de pinturas em todo mundo...

Será que esses trabalhos artísticos são realmente assombrados ou o receptáculo de entidades sinistras? Ou não passam de construções criativas capazes de afetar as mentes mais sensíveis? Não há dúvidas que algumas dessas obras tem histórias macabras e são capazes de provocar sensações e despertar emoções inesperadas. A arte é considerada a janela para a alma, e quando um artista pousa sobre uma superfície vazia a sua criatividade, ele permite um vislumbre de sua mente e de suas aspirações. Trata-se de uma experiência sensorial que pode ser arrebatadora em suas implicações. A abertura de um portão para emoções compartilhadas: tristeza, solidão, medo, dor, angústia... emoções capazes de influenciar os outros de uma maneira surpreendente.

Seja lá o que forem, está claro que essa coleção reúne muito mais do que simples obras de arte.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Krampus - Outro bicho-papão que vem assustar suas Festas.


Artigo originalmente publicado em 25 de dezembro de 2015

A popularidade da postagem a respeito de Grýla, a bruxa/troll/bicho papão da Islândia que costuma atormentar crianças travessas na época do Natal fez com que eu buscasse outros monstros que aparecem na época das festas natalinas.

E não são poucos...

O Krampus eu já conhecia, mas nunca tinha levado muito à sério.... sempre achei que a lenda fosse meio exagerada e inventada, mas parece que a estória realmente existe e foi importante, até cair em desuso e ser redescoberta nas últimas décadas.

Já que estamos ainda em clima natalino (de horror) que tal investigar a Lenda do Krampus?

Todos nós sabemos o que o Papai Noel simboliza. Ele é uma espécie de espírito benevolente que representa a bondade e a harmonia entre as pessoas. As crianças recebem um tratamento especial do Velho Noel. Aquelas que são boas e se comportaram ao longo do ano são agraciadas com presentes na véspera de Natal, mas o que acontece com aqueles que foram maus?

Reposta: eles são entregues ao Krampus, o demoníaco oposto do Papai Noel.

Cartão Postal alemão de 1910 mostra as crianças saudando o Krampus
O Krampus é uma Lenda muito antiga, possivelmente contemporânea do Papai Noel. A maioria das celebrações do Krampus - que ocorre anualmente no dia 5 de dezembro, são marcadas por diversão. Contudo uma análise mais criteriosa mostra que a lenda não é nem um pouco inocente.

O nome Krampus vem da palavra germânica krampen, ou garra, e de fato faz sentido já que a criatura é um monstro completo, com direito a garras, presas, chifres, cascos e todos os demais atributos que constroem um demônio clássico. A origem do Krampus não é fácil de definir, ele parece ser uma mistura de vários mitos alpinos, embora existam elementos que possam ser conectados ao folclore céltico e nórdico. Há menções a ele em texto escritos no século XVII, citando a Krampusnaicht na qual a celebração do personagem chegava ao auge. No século XIX, o Krampus figurava em vários cartões natalinos, usado pelos vitorianos como um símbolo de Natal tão marcante quanto o próprio Papai Noel.

Nos últimos anos, Krampus vem sendo redescoberto e celebrado em algumas cidades da Europa em desfiles festivos - a parada de dezembro em Viena, na Áustria é especialmente animada. Nela, diversas pessoas vestidas com fantasias de Krampus vagam pelas ruas assustando as crianças. Eles carregam porretes, varas de marmelo e chicotes que não cansam de brandir ameaçadoramente diante das crianças. Alguns levam grandes sacos nas costas para supostamente carregá-las para as profundezas do inferno. A festa atualmente é organizada pela prefeitura de Viena, visto que alguns autoproclamados Krampus passaram dos limites em sua encenação. Bebedeiras são comuns na ocasião e alguns atores acabaram encarnando o espírito do Krampus de maneira muito realista, distribuindo bordoadas e chicotadas no público. Desde 2010, cada Krampus leva uma espécie de colar em volta do pescoço com um número e autorização para participar do desfile. A tradição do Desfile de Krampus vem se espalhando nos últimos anos, tendo chegado aos Estados Unidos, onde é celebrado em Connecticut e Nova York.

Mas qual o apelo desse mito antigo e de onde ele vem?

Assim como o Papai Noel, o mito do Krampus parece ter origens muito mais antigas que podemos supor, acessando níveis mais profundos da psique humana.

Krampus é possivelmente uma manifestação de um dos "Deuses Cornudos", um termo que antropólogos utilizam para as várias divindades veneradas na Europa pré-Cristã e que foram posteriormente demonizadas, literalmente, pela Igreja Católica. O Deus com Chifres - meio humano, meio animal, foi um dia muito popular na Europa e no Oriente Próximo. Hathor no Egito, Moloch em Canaan são representações bastante claras, bem como o Deus Romano Pan, associado com comunidades rurais. Sua importância era marcante em festejos de colheitas e em celebrações que visavam garantir a abundância do solo.

Cartão postal britânico do início do século XX
As cerimônias devotadas a essas entidades divinas incluíam rituais orgiásticos, música, vinho, violência e sexo. Não é de se surpreender que elas tenham chocado os primeiros cristãos que professavam um estilo de vida asceta. Vistos como uma celebração de elementos condenados pela Igreja - impureza, desejo, idolatria, imoralidade, o "Deus Cornudo" em suas inúmeras variações acabou sendo duramente combatido e eventualmente elevado ao patamar de "Inimigo de Deus". Alçado ao papel de Satã, as comunidades que adoravam os Deuses Cornudos, não necessariamente "malignos", foram combatidos de maneira implacável até que o medo falasse mais alto e os rituais fossem abandonados. 

Contudo, os Deuses Pagãos, não seriam inteiramente esquecidos. Eles acabariam sobrevivendo aos séculos, transfigurados e adaptados, é bem verdade, mas ainda passíveis de reconhecimento. Krampus provavelmente foi adotado como um contraponto ao símbolo do Natal e ao benevolente Saint Nicholas (São Nicolau) que distribuía presentes às crianças boas. Krampus, a personificação do anti-Natal, surgia como uma figura maligna punindo as crianças que no correr do ano, haviam sido más. Nada poderia ser mais adequado para a imagem do anti-Natal do que um monstro com claros traços demoníacos.

O Krampus, que começou a aparecer de maneira recorrente a partir do século XVII não mudou muito nos séculos seguintes. Ele sempre era retratado como uma espécie de demônio condizente com a mitologia judaico-cristã: um monstro de aspecto animalesco, dotado de enormes chifres de carneiro, presas aguçadas na boca que despontavam para fora, olhos vermelhos, patas de bode e garras afiadas. Ele tinha uma longa língua que serpenteava sem parar. Sua pele sempre é negra como alcatrão ou em alguns casos vermelha e muito quente. O Krampus balia pelas ruas das cidades, carregando uma corrente enferrujada, exalando um fedor de enxofre nauseante. Ele avançava contra grupos de pessoas reunidas, investindo contra elas com alguma ferramenta punitiva, fosse um chicote ou uma vara de marmelo. Por vezes batia em quem estivesse por perto, adulto ou criança, atirando os pequenos em um cesto de vime, gaiola ou em um saco de couro que carregava nas costas. Dessa forma, o Krampus, levava as crianças más para conhecer os tormentos do submundo. Ele servia como uma espécie de guia infernal, levando as crianças a um tour pelas câmaras profundas do Hades, para que pudessem testemunhar em primeira mão os suplícios das almas que eram condenadas ao suplício eterno. Servia assim como um aviso claro: "ou vocês começam a se comportar ou irão acabar no inferno".

Os pais não deixavam de levar seus filhos às festas conhecidas como Krampuslauf (literalmente Corrida de Krampus) tradicionalmente comemoradas na Alemanha, Áustria, Suíça e em parte do Leste Europeu. Nela, homens vestidos com trajes medonhos davam varadas ou agarravam as crianças, mesmo nas que estavam comportadas. A ideia é que vendo o Krampus (e apanhando dele) no desfile, as crianças passariam a se comportar melhor e obedecer aos seus pais sem questionamentos. Na Inglaterra, para onde o mito foi carregado por imigrantes, as celebrações se tornaram comuns até o início do século XX.

A partir da publicação do influente livro "O Deus das Feiticeiras" da antropóloga Margareth Murray de 1933, Neo-Pagãos começaram a resgatar os Deuses Cornudos, um termo cunhado pela própria autora. Krampus foi imediatamente reconhecido como um exemplo de alegoria pagã que simplesmente fora cooptado pela Igreja para compor as tradições natalinas. Suprimido, banido e ridicularizado, ao longo de séculos,o Krampus jamais desapareceu por completo, ele continuou entre nós assumindo diferentes máscaras e assim sobrevivendo.

Durante a primeira metade do século passado, os regimes fascistas proibiram o uso do Krampus considerando-o uma má-influência para a população. Na Áustria sob o domínio nazista, depois de 1938, as tradicionais festividades de dezembro foram inteiramente banidas. Máscaras e fantasias de Krampus foram queimadas em praça pública e uma pesada multa era imposta a quem desobedecesse as leis. O governo britânico também proibiu o uso do Mito nas celebrações do calendário natalino por considerar a lenda prejudicial - em parte por sua origem germânica.

Uma fotografia de 1935 mostra um Desfile de Krampus na Áustria
O Krampus parecia fadado a desaparecer uma vez mais. Contudo, ele acabou sobrevivendo a mais esse oponente. Na década de 1960, a festa voltou a ser realizada na Áustria - que parece ser o berço original da lenda. Dali foi levada lentamente a outras terras: Bavária, Norte da Itália, Romênia, Croácia, Hungria, República Tcheca e várias outras nações.

Atualmente o Krampus experimenta um momento de redescoberta ao redor do mundo. Há ainda muito debate se ele é adequado ao público infantil ou se ele deveria ser de alguma forma censurado. Não obstante, a Internet parece ter sido instrumental para trazê-lo de volta do limbo em que se encontrava espalhando sua existência para outros povos e continentes. 

Adotado por diferentes públicos por diferentes motivos, sua popularidade nunca foi tão grande.

Update:

Nossa... eu não convidaria o Sr. Krampus para a Ceia Natalina.

Já o Sr. C, faz parte das nossas festas:


Feliz Natal para todos!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Páginas do Diário - Notas da Campanha Horror on the Orient Express


Não tem muito tempo, escrevi um artigo a respeito de Diários de Campanha em RPG. Quem não leu pode acessar através do link.

Por motivos aleatórios, acabei esquecendo de postar o complemento dele que trata de meu diário mais antigo.

Trata-se do meu diário da Campanha "Horror on the Orient Express", escrito em 1994-95, quando eu joguei a tal campanha uma das mais saudosas lembranças da minha "carreira de jogador de RPG".

Caras, esse é de longe meu caderno de notas de campanha mais querido. Por muitos anos ele ficou no fundo de um armário e eu até achei que o tivesse perdido para sempre - talvez o tivesse deixado na casa de alguém ou jogado fora por acidente. 

Mas nada como uma mudança para encontrar nossas relíquias mais antigas...

Nem vou comentar a felicidade de quando encontrei o velho Diário de Lady Helen Marie Hutchington, Condessa de Olenska, sobrevivente da fatídica jornada do Oriente Express a Constantinopla (e volta), Investigadora Notável do Clube Hades para Damas e Cavalheiros.

Ao longo de cerca de 300 (!!!!) páginas está a história de nossa campanha narrada de maneira romanceada em primeira pessoa como se fossem as memórias da personagem - um marco do roleplay que só era viável numa época em que a gente tinha tempo e disposição para essas loucuras...

O mais legal é que além do diário em si, encontrei dentro dele uma série de props da campanha, cartas simulando correspondência e material usado durante as sessões de jogo.

Material muito bacana que merece ser postado num artigo com fotos.

Então, sem mais delongas...


Por fora, o diário não é grandes coisas...

Eu usei uma dessas agendas antigas e funcionou bem. 

Lady Olenska era baseada na atriz Grace Kelly, não apenas por que eu adorava a atriz e por que ela tinha APP 17, mas por que de alguma forma tinha tudo à ver usar a imagem dela para a personagem.

Se não me engano, tinha mais algumas imagens dela pré-internet, mas não achei essas dentro do diário, uma pena...

Se não me engano, ainda tenho a ficha em algum lugar numa pasta.

Antes que perguntem, sim, as páginas foram envelhecidas com suco de limão (ou borra de café, não lembro direito). Nem todo o diário recebeu esse tratamento, acho que lá pelas tantas a tinta começou a ficar borrada e para não perder o que havia escrito resolvi deixar para envelhecer as páginas em outra ocasião - o que nunca aconteceu.

Mas deu um efeito bem legal!


Lembro quando eu era moleque de ter levado o "diário" para algum lugar e ter aberto ele no ônibus. 

Uma senhora sentada ao meu lado esticava o olho cheia de curiosidade sempre que eu virava uma página para olhar o que estava escrito. Lá pelas tantas ela não se conteve e perguntou: 

"Esse livro aí é muito antigo, meu filho?"

E eu prevendo a pergunta já tinha até ensaiado o que dizer:

"É um diário de uma parente dos anos 20, minha bis-avó".

Ao que a Senhora com um ar pensativo respondeu:

"Nossa, estou vendo! O lugar disso era num museu, as páginas estão até amareladas."

Bom, se passou por autêntico, fico feliz. 😉

Outro detalhe interessante a respeito do Diário é que ele foi usado como prop no jogo.

Quando um personagem/jogador novo entrou na metade da campanha, a maneira como ele tomou conhecimento dos acontecimentos do jogo até então, foi lendo o diário. Ele não sabia de nada a respeito dos cenários e foi muito legal ter uma aventura só para contar os detalhes do que estava escrito no diário.

Alguns handouts que ficaram comigo foram colados nas páginas para servir como referência dos acontecimentos da aventura.

O diário foi bem útil para ajudar na investigação e nos detalhes, sobretudo, por que a campanha é longa e há muitos detalhes que podem passar desapercebidos.

Essas daqui são algumas das cartas e da correspondência trocada entre os jogadores. Isso sobreviveu porque estava dentro do diário, inclusive o "passaporte britânico" que eu fiz para minha personagem.

Essa carta com selo chegou ao cúmulo de ter um selo postal emitido pelo Império Austro-Húngaro (tá bom confesso, eu tinha coleção de selos!) já que ela havia sido despachada pelos correios daquele país.

O selo era o sinal universal de "mensagem secreta", já que ele havia sido colado de cabeça para baixo! Os jogadores fizeram um teste para descobrir que havia uma mensagem secreta na carta e depois de muito procurar encontraram a mensagem no lado esquerdo inferior da folha de papel.

Escrita com suco de limão, a mensagem poderia ser lida depois de aproximar a borda de uma fonte de calor, no caso, uma vela.  

É... eu tinha visto, "O Nome da Rosa' e queria testar para ver se funcionava! E surpresa, funcionou!


Essa aqui era a carta com "Últimos desejos e Vontades" para o caso da personagem não sobreviver até o final da campanha.



















Como metade do grupo já havia morrido, enlouquecido ou pior, nada mais justo do que a personagem relacionar o que deveria ser feito em caso de morte, loucura, ou pior dos que haviam restado...
A carta final continha uma espécie de testamento da personagem com alguns pedidos e instruções para um segundo grupo intervir caso eles não conseguissem sucesso em frustrar os planos do Culto do Skinless One.


No melhor estilo Lovecraftiano, a personagem se despedia de uma maneira muito dramática - a essa altura a sanidade já estava baixa e parecia que não ia dar para completar a viagem.

Mas ela acabou sendo um dos (poucos) sobreviventes da campanha.

Bom é isso!

O Diário de um dos meus personagens favoritos.

*     *     *

Caras, enquanto estava escrevendo essa postagem encontrei essa página com a oferta de um Diário artesanal para ser usado em Call of Cthulhu.

Minha nossa, que coisa linda!

Detalhes: Tamanho do Diário 16 x 13 cm ~ espessura de 5 cm ~ com detalhes em relevo dourado, costurado e encadernado à mão com couro italiano curtido ~ 480 páginas de papel envelhecido gramatura 100 ~ Margem com desenhos e epígrafe com frases extraídas da obra de H.P. Lovecraft.

Ao custo de (ai, ai), US$ 75,00, mas chega a doer de tão maneiro!



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Galeria do Medo - Quatro pinturas consideradas malditas


Muito se fala a respeito do propósito da arte.

No sentido conceitual, a arte proporciona uma forma de prazer visual, ela entretém, enriquece as relações humanas, desperta emoções. Não resta dúvida de que uma pintura pode exercer uma poderosa influência sobre as pessoas. Elas são coisas realmente impressionantes. Quando um artista distribui a tinta sobre uma tela, ele está de certa maneira dando forma ou canalizando sua imaginação, seu poder de criação e por vezes, sua própria alma, em imagens que serão vistas pelas pessoas. E essas imagens podem causar um forte impacto emocional no público. Alguns podem ser levados às lágrimas na mesma medida que outros podem ser acometidos por uma grande depressão. Pinturas podem inspirar, elevar o espírito, causar indignação, ou ocasionar todo um espectro de emoções meramente através de seu vislumbre.

Entretanto, é possível que a arte possa assombrar? 

Poderiam certas pinturas exercer influência sobre as pessoas a ponto de aterrorizá-las?

Seriam essas obras de arte, algo mais do que meras pinturas? 

Embora quadros possam causar um poderoso efeito sobre alguns, é certo que certas obras extrapolam os conceitos do que consideramos normal o que nos leva, por definição a enveredar no campo do paranormal.

Há muito tempo, de fato, desde o início da Arte em si, fala-se de pinturas amaldiçoadas ou assombradas, responsáveis por despertar muito mais do que reações emocionais. Nesse artigo nós iremos sondar o misterioso, ameaçador e por vezes horripilante mundo das pinturas fantasmagóricas. Mas tenha em mente que muitos consideram algumas dessas imagens aqui incluídas, como responsáveis por causar estranhos efeitos em indivíduos sensíveis, mesmo quando vistas pela internet.

Então estejam avisados!

Juntem-se a nós na exploração dessa coleção de pinturas assombradas que revelam histórias de dor, medo e tragédia.

1. The Hands Resist Him, por Bill Stoneham


Crianças sinistras, uma boneca bizarra e mãos incorpóreas em um vidro... esse quadro tem de tudo um pouco.

Com o título The Hands Resist Him (algo como "As Mãos Resistem a Ele"), esta talvez seja uma das mais notórias e conhecidas pinturas assombradas da atualidade. Assinada pelo artista americano Bill Stoneham, que atingiu certa notoriedade na profissão, ela é tratada por muitos como a "mais assombrada pintura do mundo".

A história tem início em 1972, quando Stoneham estava vivendo na Califórnia com sua esposa, Rhoann, e foi contratado para produzir mensalmente dois quadros para o dono de Galeria Charles Feingarten. Com seu prazo chegando perto do término, Stoneham decidiu criar um trabalho baseado em uma fotografia antiga de si próprio quando tinha cinco anos de idade e vivia em um orfanato. O resultado foi a pintura de um menino de olhar vazio, ao lado de uma boneca de aspecto bizarro, ambos diante de uma espécie de vitrine de vidro escura. Mais estranho do que o olhar mortiço da boneca e a vasta tristeza na expressão do menino, o que chama a atenção são as várias mãos de criança que surgem na escuridão e pressionam o vidro da vitrine. De acordo com Stoneham, a vitrine representa uma barreira entre o Mundo Desperto e o Mundo de Sonhos, enquanto a boneca é uma espécie de guia que conduzirá o menino através de um mundo de fantasia.  

Quanto às estranhas mãos (as malditas mãos!), o artista foi enigmático:

"As mãos são todas as possibilidades existentes. Aquelas que indicam o caminho ou que nos prendem e não peritem que sigamos adiante em nossas buscas". Diante da imagem, o observador fica em dúvida: seriam as mãos, membros incorpóreos ou espectrais? Elas estão flutuando no ar ou se projetam de algum lugar distante?

A pintura foi apresentada pela primeira vez na Galeria Feingarten em Beverly Hills, como parte de uma exposição mencionada pelo Los Angeles Times em um artigo escrito pelo conceituado crítico Henry Seldis. Ela foi então comprada pelo ator John Marley, que fez parte do elenco do filme "O Poderoso Chefão" (ele interpreta Jack Woltz, o empresário de cinema que encontra a cabeça de seu cavalo favorito na cama - um presente da Máfia).

Stoneham rompeu o contrato com a galeria e partiu para outros projetos. No período de um ano após a exposição, três pessoas que tiveram contato direto com a pintura morreram: o crítico de arte Seldis, o dono da Galeria Feingarten e o ator que adquiriu a obra, Marley. Todas as mortes foram inesperadas. A pintura então desapareceu por algumas décadas e ficou quase esquecida até 2000, quando foi encontrada no prédio de uma antiga cervejaria abandonada na Califórnia.

Embora as mortes de pessoas associadas a pintura já sejam curiosas, foi apenas com a descoberta da tela por um casal que as coisas se tornaram ainda mais estranhas, mergulhando a história em uma série de incidentes pavorosos e inexplicáveis. Em fevereiro de 2000, o casal decidiu colocar a pintura à venda pelo eBay com um anúncio que fazia declarações bizarras de que a pintura era amaldiçoada por forças sobrenaturais. O anúncio dizia que os donos ficaram perplexos ao descobrir uma pintura famosa, descartada como lixo em um prédio deserto. Logo descobriram a razão para a tela estar sumida e ter sido abandonada. O anúncio mais parecia um aviso cheio de maus agouros do que uma propaganda de venda. Dizia o seguinte:

QUANDO VIMOS ESSA PINTURA, PERCEBEMOS IMEDIATAMENTE QUE SE TRATAVA DE UMA OBRA DE QUALIDADE. UM CATADOR DE LIXO HAVIA A ENCONTRADO NO PRÉDIO DE UMA VELHA CERVEJARIA DESATIVADA. ELA ESTAVA COLOCADA CONTRA A PAREDE DE UMA SALA VAZIA E NÓS NOS PERGUNTAMOS PORQUE UMA OBRA DE ASPECTO ÚNICO TERIA SIDO DESCARTADA DESSA MANEIRA. 

CERTA MANHÃ, NOSSA FILHA DE QUATRO ANOS FOI ENCONTRADA DESMAIADA DIANTE DA PINTURA. ELA SEMPRE DISSE TER MEDO DA PINTURA. QUANDO RECOBROU OS SENTIDOS NÃO CONSEGUIA PARAR DE GRITAR E SÓ TRANQUILIZOU QUANDO A LEVAMOS PARA LONGE DA TELA. APÓS MUITA INSISTÊNCIA, ELA FINALMENTE CONTOU QUE HAVIA VISTO AS IMAGENS NO QUADRO SE MOVENDO DE MANEIRA AMEAÇADORA. O "MENINO" PARECIA ESTAR SAINDO DA TELA, ENQUANTO A BONECA OLHAVA COM UMA EXPRESSÃO MALIGNA.

A PRINCÍPIO NÃO ACREDITAMOS, MAS NOS DIAS SEGUINTES AO INCIDENTE, PERCEBEMOS ESTRANHAS OCORRÊNCIAS EM NOSSA CASA, EM ESPECIAL, NA SALA ONDE A PINTURA ESTAVA EM EXPOSIÇÃO. CERTA NOITE EU E MEU MARIDO TIVEMOS A FORTE IMPRESSÃO DE ESTARMOS SENDO OBSERVADOS. SONS ESTRANHOS, PANCADAS NO MEIO DA NOITE E ODORES FORAM OUVIDOS E SENTIDOS NOS DIAS SEGUINTES. FINALMENTE DECIDIMOS QUE A PINTURA ERA A CAUSA DESSAS INCIDENTES E QUE ELA DEVERIA IR EMBORA.

POR FAVOR, JULGUE POR SI MESMO. MAS ANTES DE MANIFESTAR INTERESSE, LEIA O AVISO:

NÃO FAÇA UM LANCE NESSA PINTURA SE VOCÊ FOR SUSCETÍVEL A STRESS RELACIONADO A DESMAIO, DOENÇAS CARDÍACAS E TEME O SOBRENATURAL. AO ADQUIRIR ESSA PINTURA, VOCÊ AUTOMATICAMENTE RECEBERÁ A MALDIÇÃO QUE PESA SOBRE OS SEUS DONOS ATUAIS, QUE SERÃO ISENTOS DE QUALQUER RESPONSABILIDADE PELO QUE VENHA A ACONTECER POSTERIORMENTE COM O COMPRADOR. NÃO SABEMOS AO CERTO COM O QUE ESTAMOS LIDANDO, MAS NÃO TEMOS MAIS FORÇA OU ENERGIA PARA CONTINUAR DESSA MANEIRA. TALVEZ OUTRA PESSOA POSSA COMPREENDER E LIDAR COM ESSA SITUAÇÃO, MAS ESTEJA AVISADO QUE ELA PODERÁ MUDAR A SUA VIDA E TER UM GRANDE IMPACTO EM SUA EXISTÊNCIA. PORTANTO, ESTEJA CIENTE DE QUE NÃO ACEITAMOS DEVOLUÇÕES E QUE UMA VEZ QUE A PROPRIEDADE DA PINTURA TIVER SIDO TRANSFERIDA NÃO HAVERÁ RETORNO.

- QUEREMOS NOSSA CASA LIVRE DESSA INFLUÊNCIA, ENTÃO SE EXISTIR ALGUÉM QUALIFICADO PARA RECEBER A PINTURA NÓS ESTAMOS ABERTOS A NEGÓCIOS.

O estranho anúncio vinha acompanhado de imagens e de um alerta para que as imagens não fossem mostradas para jovens e crianças e para que ela não fosse usada como protetor de tela de computadores. 

Estranho o bastante até aqui? Bem, piora! 

O anúncio atraiu a atenção de muita gente na Internet e é claro, uma multidão de interessados que totalizaram mais de 30,000 visualizações transformando a coisa em combustível para lendas urbanas. Muitas pessoas que viram a imagem de "The Hands Resist Him" no anúncio, afirmaram ter sentido dores de cabeça, náusea e uma profunda sensação de ameaça. Várias pessoas que pesquisaram a respeito da história da pintura também relataram sensações semelhantes. Pelo menos três pessoas, alegados médiuns e sensitivos, afirmaram publicamente ter sentido uma potente aura negativa ao ver a imagem. Alguns que tentaram imprimir direto do computador disseram que as impressoras apresentaram problemas repentinos. Houve ainda quem dissesse que foi capaz de ouvir ou sentir a presença de mãos espectrais agarrando ou roçando a pele. 

As descrições rapidamente ajudaram a criar uma assustadora reputação que se tornou recorrente em cada canto da internet, tema de debate em vários blogs e grupos de discussão a respeito de fenômenos paranormais.

Incrível como pode parecer, apesar de toda repercussão negativa, surgiram várias pessoas interessadas em adquirir The Hands Resist Him e mais de 30 lances foram feitos. A pintura acabou sendo adquirida por Kim Smith, dona da Perception Gallery, em Michighan que desembolsou 1,025 dólares para levá-la para casa. Cerca de um mês após a compra, Smith foi entrevistada pelo site paranormal "surfingtheapocalypse.com," e perguntada a respeito de alguma mudança ou acontecimento inexplicável já que ela havia comprado a obra e consequentemente herdado a maldição. Smith contou o seguinte:

"Eu gostaria de poder dizer que coisas bizarras ou estranhas aconteceram nesses últimos dias, mas nada de incomum teve lugar em minha vida. Algumas pessoas se ofereceram para exorcizar a pintura e purificar minha galeria, já que eu supostamente estaria sob o efeito desse objeto maligno. Até mesmo um Xamã Nativo Americano visitou minha casa oferecendo ajuda. Algumas pessoas vieram até a galeria para conhecer a obra que esteve em exposição, alguns afirmaram ter sentido náusea, dores de cabeça e reações adversas, mas eu, pessoalmente não experimentei nada disso".

Kim tentou entrar em contato com o artista responsável pela obra, mas Bill Stoneham se negou a responder suas mensagens. Atualmente, The Hands Resist Him está guardado em um cofre na Galeria de Arte depois que um visitante sofreu um ataque epilético diante da tela em 2007. Vários visitantes afirmaram sofrer reações inesperadas diante da obra o que motivou os donos da Galeria a tirá-la da exposição pública, uma vez que ela parecia estar atraindo o tipo errado de pessoas.

Na última vez que ela esteve em exposição em 2011, um grupo de médiuns e sensitivos visitou a Galeria e afirmou ter captado estranhas emanações que causaram desmaios coletivos na galeria. Segundo alguns sensitivos, observar a pintura por mais de 30 segundos pode induzir um quadro de depressão e tristeza profunda. Stoneham chegou a pintar duas telas que são sequências da infame pintura, uma delas chamada Resistance at the Threshold (Resistência no Limiar), que apresenta os mesmos personagens da tela original pintada 40 anos antes, e Threshold of Revelation (Limiar da Revelação), que foi completada em 2012. 

Nenhuma das duas parece manifestar até aqui qualquer fenômeno sobrenatural. 

2. The Anguished Man, autor desconhecido



Outra pintura que sem dúvida tem um lugar de honra na coleção das mais bizarras e horripilantes é a obra chamada The Anguished Man (O Homem Angustiado). 

A inegavelmente sinistra pintura foi mantida por 25 anos no sótão de uma senhora de idade até ser encontrado por seu neto, um sujeito chamado Sean Robinson. O quadro aparentemente estava escondido há anos. Sean lembrava da avó falando coisas estranhas a respeito de um quadro ali guardado, mas nunca achou que ele realmente existia ou que um dia poderia encontrá-lo. Quando sua avó faleceu, ele resolveu arrumar seus pertences e a pintura surgiu.

Segundo Sean, sua avó mencionou o quadro em algumas oportunidades. Ela dizia que a pintura era muito antiga, feita por um artista de menor expressão cujo nome ninguém sabia. Ela havia chegado às suas mãos como parte de um pagamento por um serviço realizado pelo marido. Havia algo de estranho no quadro e sua história era realmente bizarra. O pintor responsável por ele teria misturado seu próprio sangue na tinta à óleo espalhada sobre a tela. Sofrendo de uma profunda depressão ele teria cometido suicídio poucos dias depois de concluir a obra. Supostamente teria cortado os pulsos enquanto apreciava o quadro e a última coisa que viu a medida que morria foi a face descarnada, tomada por melancolia e angustia, retratada na tela.

A avó de Sean mencionou que jamais teve a coragem de pendurar o quadro na parede e que ele trazia uma sensação difícil de ser descrita: "Era como encarar o fim, não só a morte, mas o FIM de toda esperança". Pouco depois de trazer o quadro para casa, coisas estranhas começaram a acontecer: sons estranhos e murmúrios começaram a ser ouvidos. A voz era sempre lamentosa e triste, como se alguém acometido de enorme tristeza estivesse falando na sala ao lado. Era impossível entender as palavras, mas estava claro que se tratava de uma voz humana. Certa noite, os avós de Sean foram despertados por um som de choro que parecia vir da sala onde o quadro estava guardado, o avô de Sean respirou fundo e foi averiguar do que se tratava. Dez minutos depois de deixar o quarto, ele retornou nas palavras da esposa "branco como papel". Como se tratava de um homem sério, a mulher não teve dúvida de que ele dizia a verdade quando afirmou ter visto uma sombra encolhida junto da parede em uma posição que parecia a de alguém tomado pelo desespero.

O casal certo de que se tratava do fantasma do artista que havia se suicidado, concluiu que o quadro era assombrado. Decidiram sequer retirá-lo do embrulho e levá-lo assim mesmo para o sótão onde ficaria por décadas. Por vezes, eles ouviam algum som estranho, mas nunca mais chegara a ver a sombra.

Em 2010, quando encontrou a pintura Sean a levou para sua casa e quase que imediatamente incidentes inexplicáveis se iniciaram. 

Robinson afirmava que logo depois de ter adquirido The Anguished Man, seu filho foi empurrado do alto de uma escadaria por mãos invisíveis, que sua esposa passou a sentir uma presença invasiva na casa, e que em várias oportunidades os moradores presenciaram atividade poltergeist no interior da casa. A família também era capaz de ouvir choro, gritos e lamentos que foram se tornando cada vez mais claros ao ponto da esposa conseguir ouvir perfeitamente um choro.

A gota d' água foi o encontro com uma figura sombria que estava de pé próximo da pintura numa dada noite. A história não seria nada mais do que uma história de fantasmas se Robinson não tivesse decidido provar que estava falando a verdade. Ele ajustou uma câmera e conseguiu filmar o que muitos consideram um fenômeno paranormal. Os vídeos mostram o que parece ser a ação de um fantasma batendo portas, arremessando objetos e até produzindo fumaça. Em uma das filmagens o quadro que estava preso na parede chega a cair no chão. O material chamou muita atenção e incendiou a internet com debate a respeito da veracidade da filmagem. 

É difícil dizer se o quadro era realmente assombrado ou não, mas não resta dúvida que a pintura tem uma aparência sinistra. Robinson relatou que a pintura foi colocada no porão de sua casa e que assim os fenômenos foram diminuindo de intensidade até se encerrar por completo. 

Incidentalmente, The Anguished Man é outra pintura que muitos afirmam ser capaz de instilar uma sensação desagradável de náusea, confusão e inquietação. Mesmo através de fotos na internet alguns afirmam sentido uma aura perturbadora. 

Dê uma olhada por sua conta e risco...

3. Retrato de Bernardo Galvez, Artista Desconhecido



No fim da escadaria que leva para o Salão de Festas do famoso Hotel Galvez em Galveston, Texas, encontramos o terceiro item de nossa galeria maldita.

Trata-se de "O Retrato de Bernardo de Galvez", que foi em vida um líder militar que apoiou as forças americanas durante as Guerras da Revolução, e cujo nome serviu para nomear a cidade de Galveston em sua homenagem. Embora Galvez tenha morrido em meados de 1786, faz muito tempo que o fantasma do homem é associado a essa tela. Para comprovar a presença de algo sobrenatural, o que não faltam são estranhos fenômenos relacionados a ela. Muitos hóspedes e empregados do hotel relataram que os olhos de Galvez no quadro são incrivelmente realistas. De fato, eles parecem vivos, acompanhando as pessoas que andam de cima e para baixo do corredor. Alguns afirmam poder sentir uma presença invisível, aquela forte sensação que nos leva a dizer "tem alguém nos observando". Além disso, próximo do quadro tendem a acontecer coisas muito esquisitas: há áreas claramente mais frias, uma sensação indescritível e ameaçadora, um forte cheiro de fumaça, enxofre e pólvora.  

Um dos aspectos mais curiosos leva a crer que o quadro não gosta de ser fotografado sem a devida permissão. Muitas pessoas que tentaram tirar uma fotografia da famosa pintura descobriram posteriormente que a imagem do quadro saiu borrada, fora de foco ou simplesmente escurecida. Outros afirmaram que a foto mostrou formas ou cores estranhas e coisas que no momento em que a imagem foi captada, não estavam lá. Segundo os rumores, se a pessoa pedir permissão verbal e explícita para fazer a fotografia ao próprio quadro, elas saem perfeitamente normais. Este boato foi testado por um time de investigadores paranormais, que ficaram surpresos ao constatar que as fotos feitas perto da pintura antes do pedido saíram borradas e desfocadas, enquanto que as registradas após um pedido expresso saíram perfeitas.

Mas não é apenas essa curiosidade que persiste. Há outros aspectos mais sinistros que tornam o Retrato algo assustador. Em primeiro lugar o rumor de que o quadro teria sido feito por um artista que se enamorou com a filha caçula do líder militar. O homem, um estrangeiro teria desafiado a autoridade e as ordens de Galvez para ficar longe de sua filha, quando um romance secreto veio à tona, Galvez teria se vingado do rapaz entregando-o como conspirador para os britânicos. O rapaz teria sido executado com requintes de crueldade. Dizem ainda que em vida Galvez foi um homem cruel e despótico, responsável por matar sua primeira esposa, enlouquecer suas filhas e atormentar os genros. Apesar de sua brilhante carreira, ele também seria um sujeito difícil de tratar, odiado por seus subordinados, tanto que após sua morte poucos choraram por ele.

Outra lenda a respeito de Galvez é que ele teria sido amaldiçoado por xamãs Apache, tribo que ele enfrentou com enorme determinação no início de sua carreira. Galvez teria sido responsável por comandar ataques a acampamentos em que mulheres e crianças foram chacinadas. Da mesma forma ele teria comandado tropas espanholas em Argel, na África, uma campanha que ficou marcada pelo número enorme de mortos e feridos, inclusive civis. Considerado um "Homem de Ferro" pela sua postura implacável ele ainda agiu como Governador Geral no México sufocando incontáveis rebeliões e levantes populares, recorrendo frequentemente a tropas e violência. Ainda assim, ele é considerado um herói na Espanha e nos Estados Unidos, tendo inclusive um dia em sua memória.

Para os que acreditam em Karma, o fantasma de Galvez estaria preso ao retrato incapaz de se afastar de sua existência mortal. O espírito teria um desejo de retornar e continuar gozando da influência e do poder que dispunha quando estrava vivo. Verdade ou não, as lendas sobre o retrato se multiplicaram ao longo das décadas tornando-o muito famoso e atraindo turistas para conhecê-lo.

4. The Dead Mother, por Edvard Munch


E nossa Galeria se completa com uma das obras de Edvard Munch, um artista famoso por uma tela de aspecto macabro chamada de "O Grito" que vem causando perturbação e questionamento há pouco mais de um século (ele é de 1893).

Mas não vamos falar de "O Grito", mas de "The Dead Mother" (A Mãe Morta) uma obra menos conhecida do expressionista e que tem uma história muito estranha ao seu redor.

Mas antes falemos de Munch, um sujeito que em vida foi bastante sofrida.

Nascido no interior da Noruega no século XIX, Munch teve uma educação esmerada na mesma proporção que abusiva. Seu pai era um religioso que beirava o fanatismo, sobretudo após a trágica morte de sua esposa e filha, quando Edvard tinha apenas cinco anos. O pai jamais conseguiu aceitar as mortes e chegou a culpar o filho mais novo de ter sido o causador da doença que os levou, Edvard teria sido o primeiro a adoecer mas por milagre conseguiu se recuperar de um grave quadro de tuberculose. Apesar de se recuperar, Munch sempre foi frágil, sofrendo diferentes aflições, algo presente em toda sua família que contava com uma irmã confinada numa instituição para perturbados mentais, um primo hemofílico e outros parentes gravemente doentes.

Sua preocupação com os aspectos transitórios da vida e o sofrimento se refletem em sua obra marcada por telas carregadas de uma forte energia negativa. Apesar de ter conseguido fama como um dos pioneiros do Expressionismo, muitos consideravam as pinturas de Munch perturbadoras o que atrapalhou sua carreira e fez com que ele atingisse o auge da popularidade apenas após sua morte.

"The Dead Mother" parece refletir alguns elementos mais pesarosos e recorrentes da carreira de Munch, a angústia, o desespero e a insanidade, elementos que se cristalizam em uma imagem realmente perturbadora e difícil de ser encarada de modo passivo. Muitos dizem que quando o quadro foi apresentado pela primeira vez causou uma reação tão visceral no público que culminou com desmaios e pessoas chorando copiosamente.

A obra retrata uma jovem menina - supostamente a irmã de Munch, de costas para uma cama na qual descansa o corpo sem vida de uma mulher, sua mãe. A criança tapa os ouvidos com as mãos e apresenta uma expressão que mistura surpresa, descrença e medo. Munch descreveu a obra na época de sua maneira amarga: "Doença, loucura e morte são os anjos negros que assistem minha vida desde o berço".

A pintura já seria suficientemente perturbadora por si só, mas a história se torna ainda mais bizarra.

Pessoas que tiveram a pintura em sua posse, diziam que os olhos da menina eram realistas além da conta. Realistas demais! Eles conseguiam traduzir em imagem toda dor e o colossal sentimento de perda da criança. Diziam ainda que os lençóis da cama pareciam se mover e que toda pintura emanava uma espécie de miasma reminiscente de um quarto de hospital o que talvez tenha levado as pessoas a acreditar em uma espécie de maldição presa ao quadro, a de que seus donos estavam destinados a sofrer de alguma doença incurável e inevitavelmente mortal.

Não é de hoje que existe o boato de que "The Dead of Mother" estaria associado a uma maldição que faz proliferar pestilência e morte para quem o contempla demasiadamente. Pintado em 1899, o quadro também serviu como um mau presságio para as décadas seguintes em que epidemias letais, como a de Gripe Espanhola, varreram o mundo e mataram milhões de pessoas.

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É claro, há outros quadros e pinturas consideradas malditas mundo afora.

E eles serão vistos em um próximo artigo a respeito...