quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cthulhu Invictus - A Sétima Volta: Relato da Segunda Sessão


(cont...)

NOTA: Se você não leu a primeira parte e o histórico dos personagens, leia antes esses dois artigos:

Personagens da Campanha
Primeira Sessão

Aqui damos continuidade a nossa narrativa da Campanha "The Legacy of Arrius Lurco" para Cthulhu Invictus. Jogadeores que pretendem participar dessa campanha em alguma oportunidade devem parar de ler nesse momento visto que ela contém SPOILERS que estragariam as surpresas da campanha.

UMA NOITE DE CAOS

Na suntuosa Vila pertencente a Famiglia Arrius, os investigadores e outras pessoas que ali se esconderam se vêem mais protegidas,  a situação entretanto continua séria do lado de fora.

Germanicus percebe que a segurança da casa é feita por ex-gladiadores (que até recentemente se apresentavam na arena) e que os guardas estão barrando os portões para impedir qualquer tentativa de invasão. Os feridos (alguns em estado crítico) se espalham pelo pátio e pelo jardim, enquanto os patrícios recebem acomodações mais confortáveis para descansar. Arrius Lurco está na casa, ele foi escoltado até a propriedade pelo seu filho mais jovem, Arrius Melito e alguns escravos de confiança. Melito ainda tenta compreender o que aconteceu e se esforça em ditar ordens afim de proteger os convidados.

Longe dali, Quintus Tullius busca refúgio na casa de um conhecido e fica sabendo das notícias; um oficial da Cohorte Urbanae foi assassinado durante o tumulto e por isso a Guarda recebeu a permissão de desembainhar seus gladius para lidar com a turba. Segundo boatos ocorreram muitas mortes e depredação, o que levou o Imperador a ordenar um toque de recolher na cidade.

No começo da madrugada, as coisas começam a ficar mais calmas por conta desse toque de recolher, mesmo assim, aqui e ali, ainda pode-se ouvir gritos. Com uma escolta armada, Arrius Casca manda sua esposa e filhos deixarem a cidade em uma carruagem, a seguir ele se dirige para a Vila do pai. Quintus oferece seus serviços e acompanha o grupo.

Enquanto isso, o médico Tarquinius Philo é convocado às pressas para tratar dos feridos refugiados na Vila dos Arrius. Ele é escoltado por um grupo de guardas armados até o Monte Caelina e ao chegar à residência começa imediatamente a cuidar dos que estão espalhados pelo pátio. Logo depois, Arrius Casca chega a casa de seu pai. Sua entrada é intempestiva e imediatamente o primogênito confronta o velho Lurco. Por pouco, eles não chegam às vias de fato, uma vez que Casca acusa o pai de ter jogado o bom nome dos Arrius na lama. Em contrapartida, Lurco ameaça deserdar o filho. Furioso, Casca deixa a propriedade acompanhado de seus guardas prometendo que irá consultar um legis (advogado) para interditar o poder de seu pai como pater famiglia.

OPORTUNIDADES E PROPOSTAS

N amanhã seguinte, Roma ainda está chocada pela noite de violência desenfreada, mas as coisas começam a voltar ao normal. O mercado está aberto e as pessoas tentam voltar a sua rotina. Os investigadores planejam retornar a propriedade dos Verus, mas antes são interpelados por Arrius Melito que pede educadamente por uma reunião numa câmara privativa na segurança do distrito senatorial.

Apesar da violência na noite anterior, as coisas voltam ao normal em Roma
O grupo comparece a reunião e Melito agradece a eles pela ajuda durante o tumulto da noite passada. O rapaz está claramente incomodado com os acontecimentos e reconhece que sua famiglia passa por um momento delicado. Casca planeja contestar a autoridade de seu pai, e o velho Lurco não parece agir de maneira coerente.

Melito tem uma proposta a fazer aos investigadores. Ele não tem o direito de contestar o status do pai ou do irmão, mas pede que seus aliados da Casa Verus descubram o que levou Arrius Lurco a agir de forma tão descuidada. Melito teme que o pai esteja sob o poder de alguma força exterior (amaldiçoado quem sabe?) ou que tenha sido coagido a agir dessa maneira. 

Ele mostra uma tabulae defixiones, uma maldição escrita em uma folha de metal dirigida aos membros da Família Arrius. A maldição estava no pátio da casa, provavelmente alguém a atirou por cima do muro. Melito teme que aquilo possa ter influído nas ações de seu pai. O rapaz não faz ideia de quem encomendou a maldição ou porque. Amanicus examina o objeto e conclui que se trata de uma maldição encomendada a algum feiticeiro de renome, uma vez que este invocou Deuses do Submundo. [O fato da caligrafia ser perfeita, chama a atenção e o auguri conclui que é alguém instruído.]

Tabulae Defixiones
Melito aceita falar abertamente aos investigadores desde que eles guardem sigilo sobre suas confidências. Ele conta tudo que sabe a respeito dos acontecimentos na Casa Arrius e que envolve o Faccio Rosso.

As pistas são as seguintes:

- Arrius Lurco se afastou do comando da Casa e gradualmente foi deixando a maioria dos negócios à cargo de Arrius Casca que se mostrou um excelente administrador. Lurco tem agido de modo inconstante desde um sequestro sofrido nos arredores de Syrenaica, na Ilha de Creta, oito anos atrás. Na ocasião, Lurco, que havia viajado com o intuito de comprar cavalos, foi capturado por bandidos. Seus escravos foram mortos e por pouco ele conseguiu escapar dos rufiões e voltar para Roma. Após esse incidente ele nunca mais foi o mesmo.

- Apesar de estar longe dos negócios, Lurco continua tendo poder sobre os bens da Famiglia. Melito conta que o pai tem sistematicamente dilapidado os cofres da Casa Arrius. Seus gastos exorbitantes (na casa dos milhares de sestércios) depauperaram os recursos do Faccio Rosso. Ele comprou gladiadores veteranos ("Só Júpiter sabe, porque") e pagou enormes somas de dinheiro a um filósofo grego chamado Damokles de Gaius.

- Melito sabe muito pouco a respeito desse Damokles a não ser o fato de que ele é um obscuro filósofo e mestre em história. Alguns suspeitam que Lurco e Damokles sejam amantes, mas Melito acredita que o pai contratou o filósofo para escrever um livro. Damokles pode ser encontrado frequentando a Casa de Banhos de Nero onde ele é um cliente regular.

Que segredos esconde o distinto Arrius Lurco?
- Arrius Lurco contratou também um capitão de navio chamado Taccius Avitus, o comandante de uma embarcação chamada "Dama de Atenas". O contrato firmado entre eles foi de uma temporada de serviços. Melito não sabe explicar porque o pai precisaria de uma embarcação ou o que ele pretende transportar pelo Mare Nostrum.

- Recentemente, Lurco libertou sua escrava favorita Hedea. Melito sempre soube que o pai tinha Hedea na mais alta conta, a tratando com respeito e carinho. Ele desconfiava que o pai até pudesse casar com ela em sua velhice, lhe concedendo a liberdade e uma boa recompensa. Por motivos desconhecidos, Arrius libertou a escrava e passou para seu nome uma bela propriedade em Óstia. Contudo, ordenou que Hedea partisse imediatamente e deixasse Roma. É claro, Hedea tentou saber o que estava acontecendo, mas Lurco não a recebeu, ordenando que os escravos a removessem. Melito não sabe explicar o comportamento do pai, e supõe que isso possa estar ligado a sua loucura. Ele insinua que talvez Hedea saiba de algo mais.

O rapaz implora que os investigadores o ajudem a entender os acontecimentos. Ele propõe pagar uma boa quantia em moedas a Germanicus, Quintus, Amenicus e ao Dr. Philo. Já os irmãos Verus, Priscus e Falco estariam prestando um enorme favor aos seus aliados da Casa Arrius, um favor que poderia ser mais tarde retribuído.

INICIANDO A INVESTIGAÇÃO

Os investigadores decidem se dividir para dar início a sua busca por respostas.

Amanicus, Germanicus, Philo e Verus Falco decidem procurar pelo filósofo grego Damokles de Gaius. A única pista concedida por Melito sobre o seu paradeiro menciona a Casa de Banhos de Nero, uma das maiores  e mais tradicionais da cidade. Perguntando às pessoas certas e distribuindo algumas moedas, os investigadores ficam sabendo onde o filósofo reside. Trata-se de uma confortável residência na Alta Semita, uma área nobre da cidade, muito acima do padrão de vida de um filósofo.

O jovem aprendiz Senitus Bellator
Seguindo até o endereço, o grupo é recebido por uma mau humorada escrava grega que lhes informa que seu senhor está viajando e que deve demorar a retornar. A mulher parece interessada em afastá-los, mas Germanicus percebe que há mais alguém na casa espiando de uma janela. Verus ordena que a mulher abra caminho e com a ajuda de Germanicus eles entram. De fato, há mais uma pessoa na casa, um jovem ajudante de Damokles de Gaius, Senitus Bellator. O rapaz está trabalhando em uma série de cópias de manuscritos adquiridos pelo seu mestre. Desconfiado dos estranhos, ele diz não saber qual a relação entre Damokles e Arrius Lurco.

Amanicus observa os títulos espalhados sobre a mesa, e percebe que se tratam de volumes muito antigos versando sobre mitologia e lendas gregas clássicas: a tragédia da Medusa, o vôo de Icaro e Dédalo, o Labirinto do Minotauro... Amanicus pergunta a respeito do trabalho de Bellator, mas o rapaz insiste que é apenas um copista. O livro no qual ele está trabalhando é um manuscrito muito antigo sobre o a Lenda de Teseu e o Minotauro de Creta. O manuscrito parece ter pelo menos 200 anos e foi escrito em grego clássico. O auguri salienta que a lenda do Minotauro se passa em Creta, onde por coincidência Arrius Lurco foi sequestrado. Ele avalia o manuscrito em pelo menos 2 mil sestércios - uma quantia considerável.

Senitus revela que seu mestre está em viagem e que deve retornar dentro de algumas semanas. Verus Falco sugere comprar alguns dos manuscritos, mas o rapaz insiste que eles pertencem ao seu mestre, de modo que ele não pode dispor deles. Contrariados, os investigadores deixam o apartamento.

Enquanto isso, Verus Priscus e Quintus Tullius seguem pela estrada que leva a cidade portuária de Óstia. Não é difícil encontrar o endereço de Hedea, bastando perguntar a respeito de uma ex-escrava que se mudou recentemente para uma vila. A propriedade concedida por Arrius Lurco a Hedea é grande e imponente.

Hedea passou de escrava a domina
Os investigadores são recebidos pela mulher em seu jardim e eles percebem que ela ainda não se habituou com seu novo status de mulher livre. Hedea é uma mulher com traços delicados, ela está profundamente magoada por ter sido dispensada por Arrius Lurco. Logo fica claro que apesar de seu ressentimento, ela continua apaixonada pelo seu senhor e que deseja de todo coração retornar a Roma."Eu preferia viver como uma escrava de meu senhor Lurco, do que ser uma mulher livre longe dele" diz com lágrimas nos olhos.

Hedea acredita que seu dominus tenha sido de alguma forma enfeitiçado, Ela não acredita que Damokles de Gaius seja amante de Lurco, mas confirma que os dois passavam muito tempo discutindo no escritório com as portas fechadas. Ela não sabe o teor dessas longas conversas, mas reconhece que o filósofo foi convidado a dormir na casa repetidas vezes.

Hedea desconfia de outra estrangeiro, que ela chama de Mobaba. Ela o descreve como um homem velho, com uma longa barba branca e um estranho adereço na cabeça. Esse homem é um sacerdote de uma religião trazida da Província da Iudea. Ela teme que esse homem tenha de alguma forma enfeitiçado seu dominus utilizando rituais de "bruxaria semita". "Mobaba" reside em um templo nos subúrbios de Roma em Caelemontium. Hedea não sabe qual a relação do sacerdote judeu com seu senhor, mas diz que Arrius Lurco o visitava frequentemente e levava para ele muito dinheiro.

Questionada sobre o sequestro de Arrius Lurco em Syrenaica anos atrás Hedea franze a testa preocupada. A ex-escrava conta que seu senhor voltou diferente após essa experiência. "Foi ali que ele começou a agir de forma estranha". Ele passou a sofrer frequentes pesadelos, mas jamais foi capaz de recordar tudo o que aconteceu enquanto estava em poder dos bandidos cretenses. Hedea supõe que tenha sido por causa desse sequestro que seu dominus começou a se afastar dos negócios e passar o controle da famiglia a Casca.

Hedea pede que os investigadores intercedam junto a Arrius Lurco, para que ele permita seu retorno a Roma. Ela escreve uma carta banhada em perfume endereçada a Arrius Lurco. Uma vez fora da vila, Quintus abre a carta e lê. Na missiva, Hedea implora para ser aceita de volta e faz juras de amor eterno ao seu senhor. Constrangido pela indiscrição, ele fecha a carta e decide entregá-la a quem é de direito.

Os dois decidem descansar em Óstia numa casa pertencente a famiglia Verus e na manhã seguinte, irão procurar pelo Capitão Taccius Avitus no porto.

E foi aqui que a sessão parou.

2 comentários:

  1. Muito boa essa campanha, dá todo um aspecto político que é interessante quando misturado à uma historia com os mythos.

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  2. Essa história tem um enredo muito bom, pois ficamos com vontade de desvendar todo esse mistério.

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