domingo, 18 de dezembro de 2022

Fogo Misterioso - Casos reais de Combustão Humana Espontânea


Um assunto muito difundido e perseverante do mundo dos fenômenos paranormais trata da chamada "Combustão Humana Espontânea". O fenômeno ocorre quando um ser humano é consumido por um fogo que parece não ter causa discernível e que produz uma ignição contínua. Na maioria dos casos, há detalhes em comum, como corpos sendo carbonizados por temperaturas extremamente altas, deixando o ambiente ou mesmo roupas intocadas. Há ainda casos em que certas partes do corpo permaneceram ilesas enquanto todo o resto virou cinzas. Esses casos foram particularmente difundidos durante o século XIX, e aqui veremos uma seleção dos mais estranhos.

Começamos por um incidente de 16 de janeiro de 1811, envolvendo Ignatius Meyer um homem de 48 anos. Na ocasião ele se retirou para passar a noite em sua humilde casa no vilarejo de Woertelfeld, Alemanha. Na véspera, seu sobrinho e irmão não notaram nada de estranho ou incomum nele, e tudo era bastante mundano e rotineiro, mas na manhã seguinte podia-se ver fumaça saindo de seu quarto. Quando os dois abriram a porta, se depararam com uma espessa nuvem de fumaça nociva e puderam ver, mesmo na escuridão, que a cama estava ardendo. Depois de apagar o fogo com baldes de água, eles se depararam com a visão hedionda do cadáver de Meyers deitado sobre o lado esquerdo com os joelhos dobrados até a parte inferior do abdômen, uma posição bastante incomum.

Foi relatado que o rosto de Meyer havia sido "queimado até virar carvão", o cabelo foi consumido por inteiro e toda a cabeça estava coberta por uma "crosta brilhante". Estranhamente, esse incêndio horrível terminou no pescoço, exatamente até onde o cobertor chegava. O resto do corpo estava praticamente intacto, exceto a mão direita - totalmente queimada, enquanto o resto do braço permanecia normal. Também o dedão do pé direito, que estava saindo por um buraco na meia, se mostrava intocado. Embora o travesseiro tivesse sido chamuscado, não estava tão queimado quanto deveria, considerando que a cabeça sobre ele havia sido completamente carbonizada. O cobertor não mostrava quaisquer sinais de queimadura, embora estivesse sujo por "uma fuligem semelhante a alcatrão". Mais tarde, foi notado que as únicas partes do corpo que haviam sido queimadas eram aquelas que se projetavam do cobertor, com todo resto em perfeito estado. Da mesma forma, tudo o mais na sala foi intocado pelas chamas. Também não havia nada que pudesse ter iniciado o fogo e a lâmpada estava apagada. O misterioso incidente permaneceu sem qualquer explicação. 


Em março de 1814, houve o caso de uma francesa não identificada que foi encontrada morta em circunstâncias igualmente bizarras. Tudo começou quando os vizinhos da mulher perceberam o som de "algo fritando" vindo do quarto dela. Seguiu-se um forte cheiro de queimado. Quando as autoridades chegaram, encontraram o corpo deitado de costas, com o rosto totalmente enegrecido e queimado. O resto de seu corpo parecia ileso a princípio, mas havia um buraco em seu peito que parecia chamuscado nas bordas. Quando examinado, descobriu-se que o interior da cavidade torácica havia sido completamente queimada. As costelas estavam quebradiças e carbonizadas pelo calor que parecia ter ardido de dentro para fora. 

Os órgãos da mulher foram encontrados em estado semelhante, com uma aparência chamuscada e exibindo indícios de cinzas deixadas pela queima. Suas roupas e um livro que ela estava lendo estavam completamente intactos. Supõe-se que um incêndio tenha começado dentro do corpo da mulher e queimado suas entranhas e se projetando de dois pontos, no peito e na boca. Novamente, a causa ou razão para aquilo tudo permaneceu sem explicação razoável.

Em fevereiro de 1821, temos o caso de um homem conhecido apenas como "Vatin", na cidade de Beauvais, na França. Na noite de 21 de fevereiro, Vatin supostamente visitou um vizinho e voltou para casa por volta das 23h. Ele foi visto entrando em seu quarto e apagando a luz. Às 8h da manhã seguinte, um vizinho notou uma fumaça espessa saindo pelas frestas da porta e um forte fedor de carne queimada. Quando forçou a porta trancada por dentro encontrou os restos carbonizados de Vatin caídos no chão ainda queimando. O fogo foi apagado mediante uma "boa quantidade de água". O Dr. Tolson e o cirurgião Lelarge da Universidade local foram chamados para investigar, e eles encontraram uma cena chocante, da qual um relatório publicado na revista alemã Encyclopadie der Gesammten Staatsarzneikunde que descreve o ocorrido nos seguintes termos:

Comparado com o resto da sala, o cadáver de Vatin estava em péssimo estado. Seu rosto estava inchado e vermelho-escuro, como numa morte por sufocamento; seu braço esquerdo e a parte superior do tronco foram reduzidos a pedaços calcinados de osso, e as costas e os lados do pescoço foram destruídos até a vértebra. Seu braço direito estava apoiado sobre o estômago, mas a mão e parte do antebraço foram consumidos pelo fogo. Em seu torso, Tolson e Lelarge encontraram os pulmões, coração e fígado de Vatin, todos encolhidos, secos e sem sangue... todas as outras entranhas haviam sumido. A coxa esquerda de Vatin era apenas cinzas; sua coxa direita foi reduzida a osso. Além de uma vasilha com uma pequena quantidade de comida comprada na noite anterior, nada mais na sala havia sido consumido pelo fogo.


O que aconteceu com este homem e como seu corpo pode ter sido tão gravemente queimado sem danificar o restante da sala? Os médicos forenses, policiais e investigadores foram incapazes de determinar.

Nosso próximo caso ocorreu no Natal de 1829, quando vizinhos de Marie Jeanne Antoinette Bally, de Paris, França, sentiram o cheiro de fumaça saindo de seu quarto e foram ver se ela estava bem. Sentada em uma cadeira no canto da sala estava a visão chocante do cadáver num estado horrível. Enquanto a parte inferior das pernas, a cabeça, a frente do pescoço e a parte superior dos ombros estavam intactas; suas costas das nádegas até a nuca e seus flancos foram totalmente destruídos pelo fogo, incinerados até se tornar carvão. A cadeira também estava muito queimada e o chão estava coberto por uma espessa fuligem preta, mas tudo o mais na sala estava intacto, incluindo as cortinas de musselina a apenas meio metro dos restos.

Alguns anos depois, em 1832, ocorre a misteriosa morte de uma mulher chamada Anne Nelis, que vivia com o marido em Dublin, na Irlanda. Certa noite, os dois começaram uma discussão após beber além da conta e Anne subiu as escadas para ir para a cama. Na manhã seguinte, a empregada entrou no quarto e encontrou o cadáver da Sra. Nelis sentado em uma poltrona. Um relatório oficial do caso diz:

"A cadeira sobre a qual os restos mortais foram achados estava encostada na parede. O fogo havia se extinguido, mas ainda podia ser vista fumaça no aposento. A cabeça da Sra. Nelis continuava apoiada em sua mão direita. O rosto havia queimado por inteiro, com músculos se desprendendo e o crânio chamuscado à vista. Da pele, pouco restava. Contudo, seu cabelo e os papelotes usados para conservar o penteado estavam intactos. O encosto e o assento da cadeira não foram danificados, mas os braços da mesma foram carbonizados no lado interno mais próximo ao corpo da Sra. Nelis. Nada mais na sala foi danificado pelo fogo, embora houvesse um penetrante e pronunciado odor no ar que se manteve por dias. Alegou-se que ela havia levado uma vela para seu quarto naquela noite, então a principal teoria era que ela estava tão embriagada com álcool que o fogo a incendiou sem que ela percebesse. A gordura da mulher obesa agiu como uma espécie de pavio e consumiu o restante. Não havia uma explicação para partes do corpo e os objetos combustíveis não terem se incendiado, como seria de se esperar."

De 1852 temos o caso igualmente bizarro de John Anderson, de Nairn, na Escócia. Em 29 de julho daquele ano, Anderson foi visto conduzindo uma carroça de feno. Em algum momento, a carroça foi avistada na beira da estrada soltando fumaça. Quando uma testemunha se aproximou, Anderson foi visto emergindo da fumaça, dando uns poucos passos e tombando no chão. Chamas muito fortes o consumiam. Quando a testemunha se aproximou para tentar apagar o fogo encontrou Anderson "já sem vida, negro, desfigurado e ainda queimando". A testemunha pediu ajuda e o fogo foi apagado para revelar uma visão horrível. O rosto inteiro do homem havia sido incinerado a ponto de os olhos, nariz e orelhas terem derretido. Mas estranhamente a queimação não era tão poderosa no restante do corpo e parou a meio caminho entre joelhos e pés. As roupas estavam levemente chamuscadas, exceto a parte inferior da calça. Uma garrafa de bebida foi encontrada nas proximidades, mas estava pela metade e não foi possível determinar se o líquido causaria um incêndio forte o suficiente para queimar um homem adulto daquela forma e em tão pouco tempo. Além disso, estranhamente, o feno na carroça não estava danificado. 

No entanto, o inquérito oficial sustentou que o cachimbo que o homem fumava havia entrado em contato com o álcool na garrafa e provocado o incêndio. Um relato de que Anderson havia bebido muito naquele dia reforçou que isso havia causado o incêndio. A explicação não era satisfatória, mas foi oferecida como única razoável para o ocorrido. 


De 1869 temos um estranho incidente ocorrido em Aberdeen, na Escócia. Em 14 de março de 1869, o Dr. Alexander Ogston e seu pai, Dr. Francis Ogston, foram chamados às pressas para examinar a misteriosa morte de uma mulher de 60 anos conhecida apenas como "Sra. Warrack". Ao chegar no endereço, eles tiveram uma surpresa terrível. Ao entrarem na casa às 11 horas, foram imediatamente assaltados por um cheiro como "uma mistura de palha queimada e matéria animal carbonizada". Logo eles identificaram o que produzia aquele fedor aviltante. Deitada de lado em sua cama, a Sra. Warrack foi encontrada severamente queimada. O rosto havia desaparecido por completo, o tecido mole frontal de sua cabeça foi descritos como "severamente carbonizado e o crânio transformado numa casca enegrecida". Parte dos braços estavam "torrados" e deles se projetavam ossos expostos igualmente incinerados. Seu abdômen estava aberto e também tinha aparência de uma casca queimada, enquanto suas pernas embora atingidas, não queimaram por inteiro.

Quanto à condição da própria sala, um relatório diria:

"Comparado com a destruição presente no corpo da Sra. Warrack, o resto da sala parece em bom estado. O colchão sob o corpo e tudo imediatamente ao redor dele, foi levemente chamuscado. O cobertor que a cobria queimou de forma leve, ainda que tenha ficado impregnado pela fumaça e cinzas. A cabeceira da cama em madeira, apresentava marcas condizentes com chamas, mas nem de longe tão fortes quanto as que causaram a ruína facial. Um travesseiro com interior de palha seca queimou, mas não chegou a se incendiar por inteiro. Uma mesinha de mogno, a cerca de meio metro não apresentava danos. Havia uma garrafa com whisky a cerca de meio metro, mas o líquido não se incendiou".

Os médicos não conseguiram encontrar nenhuma fonte causadora de fogo próximo ao corpo. O filho da falecida insistiu que ela havia ido ao quarto por volta das 9 da manhã com boa saúde e sem problemas. Não estava bêbada, embora tenha bebido whisky na noite anterior. Qual a explicação para ela ter entrado em combustão tão repentinamente e sem qualquer vela ou lanterna próxima? Como as roupas de cama não queimaram? O especialista analisou a cena e se disse embasbacado pelo que viu: não havia nenhuma explicação para o que transcorreu naquele quarto. 


Pulando para a década de 1880, em 24 de dezembro de 1885, temos o caso do Sr. e Sra. Rooney, um tranquilo casal de meia idade que vivia num pequeno apartamento no centro de Londres. Um vizinho chamado John Larson foi alertado por um grito e fumaça espessa vindo da cozinha deles. Temendo por um incêndio ele foi investigar, mas o que encontrou o deixaria chocado. 

Uma reportagem na Gazeta Policial londrina descrevia a descoberta: 

"Ao entrar na cozinha, o corpo do Sr. Rooney foi encontrado estatelado no chão ao lado do forno. Havia um forte cheiro de fumaça e carne queimada dominando o aposento. Uma vela parcialmente queimada estava sobre a mesa e ao lado dela havia surgido um buraco no chão medindo aproximadamente 1,20 m. Esse buraco era dominado por um monte de cinzas que continha um crânio, ossos cervicais, algumas vértebras dorsais e parte de um ílio - tudo reduzido a cinzas. Na pira que consumiu o corpo da Sra. Rooney se projetavam dois pés humanos, ainda calçados e em perfeito estado. Boa parte do corpo de sessenta e dois quilos da mulher havia sido reduzido a apenas seis quilos de restos mortais. Nada mais na cozinha foi danificado pelo fogo, mas as paredes e móveis estavam cobertos por uma fuligem gordurosa".

O relatório médico concluiu que a Sra. Rooney havia sido consumida por um forte incêndio e que seu marido havia morrido por conta de asfixia após respirar a fumaça que exalava dela. Como se iniciou o fogo, como ele incinerou completamente a mulher e porque o resto da cozinha permanecia intocado permanecia como uma incógnita. A polícia considerou que poderia ter havido um crime. Larson chegou a ser investigado como possível responsável, mas não haviam provas ou indícios de que ele estivesse envolvido no incidente. O caso foi considerado como incêndio acidental, causado pelas vítimas, mas a explicação estava longe de ser razoável.

Em 18 de fevereiro de 1888, Alexander Morrison, de 65 anos, de Mildew, na Escócia, tomou alguns drinques e foi dormir em um estábulo. Isso não era tão incomum já que ele costumava dormir no estábulo sobretudo quando bebia além da conta. O estranho é o que aconteceria a seguir. Entre as 8 e as 9 horas da manhã, a esposa do proprietário do estábulo viu fumaça saindo de um buraco no telhado e, ao investigar, encontrou uma cena tão horrível que a polícia e um médico foram imediatamente notificados. Quando chegaram, encontraram Morrison morto, seu corpo "quase inteiramente transformado em cinzas". A destruição foi tão grande que era quase impossível reconhecê-lo - seus membros caídos e seus ossos expostos dificultavam o reconhecimento. Ainda assim, o feno ao seu redor não havia pegado fogo. 

O perito médico, o Dr. J. Mackenzie Booth, especularia que, como não havia sinais de luta ou sofrimento, o velho provavelmente morreu silenciosamente antes ou depois do início do incêndio, após o qual a gordura corporal tornou-se um pavio, com as chamas fazendo o resto do trabalho. No entanto, nenhuma fonte de chama foi encontrada e o próprio feno inflamável não foi queimado, tornando o caso inexplicável.


Nosso último caso ocorreu em 12 de maio de 1890 envolvendo um certo Dr. B.H. Hartwell, da cidade de Ayer, Massachusetts. Ele foi chamado por uma mulher aflita afirmando que sua mãe estava na floresta sendo queimada viva por alguma coisa invisível. O médico imediatamente correu para ver o que havia acontecido, mas quando chegou ao local, as coisas eram muito mais estranhas do que ele poderia supor. Ele diria:

"A mãe da mulher, uma senhora de 70 anos, estava em estado de conflagração total, deitada de bruços, mas com apenas o rosto, os braços, a parte superior do peito e o joelho esquerdo tocando o chão ... o resto do corpo foi levantado no ar pelos músculos que ficaram rígidos sob o ataque do fogo. A roupa tinha sido quase toda consumida. As chamas irradiavam dos ombros da mulher, em ambos os lados do abdome e de ambas as pernas, irradiando-se de doze a quinze polegadas do cadáver. Quando me aproximei do cadáver, houve um estalo audível e os ossos da perna direita quebraram; isso deixou o pé direito pendurado pelos tendões e músculos restantes, pois metade deles já havia sido destruídos."

Alguns moradores da área foram chamados para ajudar a extinguir as chamas antes que começassem um incêndio florestal. Quando o fogo finalmente foi apagado, o corpo não passava de uma massa carbonizada de gordura derretida, carne queimada e ossos enegrecidos. A única coisa que parecia ter escapado da fúria do fogo era o chapéu de palha da mulher, que estava perto dela em perfeitas condições, e as folhas apenas ligeiramente chamuscadas. Quando a filha foi questionada sobre o que havia acontecido, ela explicou que eles simplesmente estavam limpando tocos e raízes quando sem nenhuma razão aparente a mulher explodiu em chamas. Embora houvesse uma pequena fogueira para queimar os tocos a mulher estava a certa distância dela. 

O caso é notável por vários motivos. O primeiro é que a mulher era esguia e não bebia, dois fatores na época considerados presentes em casos de combustão humana espontânea. Além disso, este parece ser um dos únicos casos em que um profissional médico realmente testemunhou a combustão em ação. Hartwell nunca foi capaz de explicar como aquilo aconteceu e o consideraria um verdadeiro enigma médico.

Existe alguma explicação para tudo isso? O que aconteceu nesses casos amplamente documentados? Não há qualquer consenso para as causas da Combustão Humana Espontânea, com explicações variando do mundano e prático ao verdadeiramente bizarro. Embora o assunto tenha sido muito discutido e debatido ao longo das décadas, parece não haver um acordo sobre a matéria. O fato é que o corpo humano não é tão fácil de se destruir pela ação do fogo. Afinal, somos compostos principalmente de água, e até mesmo crematórios levam de 3 a 5 horas para incinerar completamente um cadáver.

Então, como podemos explicar casos bizarros como esses? Seja qual for o motivo, não há como negar que alguns desses casos estranhos ocorreram no século XIX e depois diminuíram gradualmente. As chamas do mistério permanecem ardendo até os dias atuais e ao que tudo indica asism permanecerão por muito tempo.

Um comentário:

  1. Lembro que eu assistia Arquivo X, lá nos anos 90, e simplesmente morria de medo dos Casos de Combustão Espontânea... TENSO.
    (Que história de neuralizador, testemunha boa é testemunha tostada.)

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