Localizada num canto afastado ao sudeste do estado do Oregon, a Caverna Malheur é um misterioso complexo subterrâneo com câmaras conectadas por tubos de lava formado há milhões de anos.
O lugar sempre foi conhecido por tribos de nativos americanos que habitavam essa área. Contudo, as cavernas eram consideradas tabu pela Nação Pawnee. Somente feiticeiros, chefes tribais e homens santos podiam ser enterrados em seu interior.
A razão disso era simples: eles eram depositados nas cavernas recebendo a incumbência póstuma de protegê-la contra espíritos malignos e outras manifestações nocivas. Basicamente, aqueles que eram sepultados na caverna eram responsáveis por zelar eternamente pelo local. Segundo as crenças dos nativos, a Caverna conectava nosso mundo ao Mundo Espiritual, sendo portanto um lugar sagrado. Se ele fosse dominado pelos espíritos malignos, o mundo dos homens estaria em perigo.
As crenças Pawnee atestam que os espíritos dos homens enterrados nessas cavernas zelam pela passagem do além vida e impedem que entidades ruins façam a transição através do portão.
No século XIX, a marcha dos europeus para o Oeste desestruturou o modo de vida dos nativos americanos. Os Pawnee foram gradualmente conduzidos para o interior e forçados a viver em reservas. Muitas de suas tradições foram esquecidas, inclusive a guarda da Caverna Malheur.
Em 1887, a Loja Maçônica estabelecida no Condado de Burns adquiriu as terras em que ficava a caverna. Não há como dizer ao certo se eles sabiam sobre as antigas lendas indígenas sobre o portão para o mundo espiritual, ou se isso importava para eles. Fato é que três importantes maçons compraram a propriedade.
Sabe-se ainda que eles contrataram Samuel Gedney, um renomado espelólogo para explorar a caverna, mapeá-la e determinar sua profundidade. A exploração de Gedney resultou em um mapa dos 132 metros de extensão do complexo.
Não há consenso sobre quando, mas em algum momento da década de 1910, os maçons começaram a realizar reuniões nas profundezas desta caverna. As reuniões supostamente envolviam iniciações e rituais típicos da maçonaria, contudo, os teóricos da conspiração afirmam que algo muito mais sinistro ocorria nesse lugar.
Quer essas histórias sejam verdadeiras ou não, não há como negar que a Caverna Malheur é um dos locais mais estranhos do Estado. Ao longo de décadas, ela atraiu rumores sobre o caráter secreto do que acontecia lá dentro e as razões para tanto sigilo. Aparentemente, a Loja em Burns era uma das mais exclusivas e fechadas do meio-oeste, com membros escolhidos à dedo e aceitos apenas após testes e provações. Em 1912, as reuniões na caverna foram interrompidas após um acidente em seu interior que teria vitimado quatro membros da Loja após um desmoronamento. Três corpos foram recuperados, mas o quarto, pertencente a um membro de destaque chamado Edgar Merriweather jamais foi achado.
A caverna Malheur permaneceu fechada até 1938 quando três membros da Loja Maçônica, Robert Burns, Ulysses S. Hackney e Charles W. Loggan levaram adiante os planos de reabrir os serviços no local. Obras para garantir a segurança foram realizadas, com o acréscimo de escoras de madeira para reforçar o teto.
A primeira reunião de reabertura ocorreu oficialmente na Caverna Malheur em 1º de outubro de 1938 contando coma presença de todos os irmãos e mais convidados de outras cidades. A abertura teria contado com pelo menos uma centena de pessoas e foi registrada em fotos.
Nas décadas seguintes, maçons de todo o país se reuniam nas profundezas desta caverna para um evento anual que se tornou famoso na Costa Oeste. O grupo realizava suas principais reuniões na caverna, limpando e mantendo a área. Como se trata de uma propriedade particular a presença de estranhos ou curiosos era expressamente proibida.
Como não poderia deixar de ser, toda essa aura de segredo atraiu a atenção da comunidade. A noticia de um grupo realizando reuniões privadas em uma caverna assustadora gerou rumores e teorias de conspiração, tanto em relação aos maçons quanto à própria caverna.
As antigas lendas dos nativos americanos sobre uma passagem para o mundo espiritual serviu para criar um mito duradouro sobre a Caverna. Pessoas supersticiosas falavam de bruxaria, magia negra e adoração demoníaca. Alguns suspeitavam que "mundo espiritual" era só uma forma de se referir ao Submundo. Ou mesmo, ao Inferno!
Algumas das teorias mais bizarras afirmavam que a Caverna permitia uma conexão direta com os recessos do Inferno e através destas passagens, comitivas de demônios eram recebidas e tratadas com cortesia pelos irmãos que em troca recebiam benefícios. Eles também ofereciam sacrificios e adoração.
A aura de mistério cercando a caverna fez com que muitos curiosos tentassem invadir o lugar e descobrir o que acontecia nas reuniões secretas da irmandade. Para lidar com isso, um enorme muro foi erguido no entorno da propriedade e grades colocadas na entrada da caverna para evitar o acesso de estranhos. Placas advertiam que invasores seriam processados com todo rigor da lei.
Algumas pessoas mencionavam uma conspiração de grande porte, envolvendo políticos, ricos senhores de terra e personalidades ilustres da sociedade local, todos eles ligados por Pactos nefastos e contratos assinados com sangue. Sucesso e prestígio podiam ser alcançados mediante um acordo firmado na Caverna Melheur, ou assim acreditavam alguns dos mais inclinados a histórias fantásticas.
Na década de 1950, novas acusações surgiram, dessa vez mencionando o sacrifício de crianças na escuridão perpétua da caverna. Esses boatos contudo nunca foram levados à sério... mesmo com eles vindo novamente a superfície nos anos 1980 graças a paranoia dos supostos cultos demoníacos espalhados pelos Estados Unidos. Em 1984 moradores do Condado de Beaver, vizinho a Caverna Melheur, chegaram a pedir que autoridades revistassem as cavernas em busca de alegada conduta diabólica. Houve inclusive um abaixo assinado e moção pública pedindo o fim das atividades maçônicas no local.
Não há como negar que a Caverna Malheur é um dos lugares mais assustadores do Oregon e o caráter secreto da Sociedade Maçônica acabou reforçando suspeitas sobre o que acontecia em seu interior.
Em 2001, a Caverna foi desativada e passou a ser usada apenas esporadicamente. Os maçons locais não explicaram a razão dessa decisão, mas alguns sugeriram ter relação com a deterioração da caverna e risco constante de desabamento.
Em 2008 surgiram novos boatos sobre a utilização da caverna como cenário para rituais diabólicos. Dessa vez com a suposta presença de adolescentes que usavam o local para encenar esses rituais. Animais domésticos teriam sido sacrificados gerando controvérsia e temor na população. Alguns mencionavam também o fantasma de Edgar Merriweather, cujos restos jamais foram encontrados e que supostamente repousam na escuridão.
Em 2010, a caverna era um conhecido antro de vagabundos e de venda de drogas, até ser evacuado pela polícia.
A Caverna Malheur foi totalmente fechada em 2019. Um grande portão foi colocado na entrada, a fim de impedir o vandalismo e os grafites que assolavam o local desde seu total abandono. Ao longo dos anos, o piso de pedra foi danificado, pois alguns visitantes tentaram queimar as arquibancadas localizadas em seu interior. A caverna também estava cheia de lixo, rabiscos e detritos.
Atualmente ela está fechada e o acesso ao seu interior é terminantemente proibido. Isso não impede, contudo a presença de exploradores urbanos atraídos pela mística da Caverna Maçônica e suas muitas histórias.
Para quem ficou curioso à respeito, aqui tem um vídeo de um desses Exploradores Urbanos entrando na Caverna e mostrando seu interior. Realmente tem uma aura sinistra.
Muito interessante, facilmente adaptável e algum culto a um grande antigo.
ResponderExcluirQue tristeza pr'aqueles velhos, a caverna ter virado uma boca-de-fumo!
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