quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Props de Nyarlathotep - A Coleção de Recursos da Campanha Máscaras de Nyarlathotp (Parte 1)


Minha campanha de Máscaras de Nyarlathotep chegou ao fim, mas ficam as boas lembranças.

Foram praticamente três anos de jogo, com um ótimo grupo de dedicados jogadores e bravos investigadores dos Mythos de Cthulhu. A campanha teve grandes momentos e sequências de tirar o fôlego, surpresas, imprevistos, combates brutais e cenas de terror intenso - tudo aquilo que você espera de uma campanha icônica de Chamado de Cthulhu.

Uma vez que decidi mestrar usando as regras do Pulp Cthulhu, os cenários tiveram uma inclinação para ação e aventura. Não faltaram portanto tiroteios, explosões, perseguições, vilões terríveis e situações absurdas. Em um dos meus momentos favoritos em toda campanha o grupo de investigadores escapou de uma pirâmide no Egito, sendo perseguido por centenas de Carniçais famintos, enquanto um dos investigadores disparava uma metralhadora na capota do carro e o motorista guiava direto para uma gigantesca tempestade de areia. 

Mais pulp que isso, impossível!!!

Uma vez que Máscaras é tão conceituada eu decidi fazer algo diferente e utilizar algo que tornasse os jogos uma experiência mais envolvente.

E assim dei início ao projeto de Máscaras que começou a ser preparado um pouco antes da Pandemia. Minha ideia desde o início era criar recursos do Guardião que fossem evocativos e que trouxessem algo a mais para a sessão.

Mas ao longo da campanha, mais elementos foram sendo incorporados à trama, com props, trechos de áudio, cenas de filmes,  documentários ou simplesmente imagens que eram mostradas na tela da televisão para que o grupo pudesse ter uma experiência mais completa e envolvente dos acontecimentos.

Também usei bastante o famoso Quadro Branco (por vezes até três quadros ao mesmo tempo) para auxiliar nas investigações. Com as pistas fixadas no quadro, o grupo podia estudar os elementos centrais da história à medida que esta ia se desenrolando.

Eu gostei muito desse tipo de narrativa recorrendo a elementos áudio visuais. O resultado foi tão bom que incorporei esses recursos em praticamente todas as minhas mesas de RPG dali em diante. Hoje ter recursos físicos, imagens na tela e pistas a serem analisadas se tornou algo recorrente. De certa forma, Máscaras foi um divisor de águas. 

Ao longo dos três anos de campanha fiz um registro fotográfico de nossas sessões e do material usado e achei que poderia ser interessante compartilhar aqui no Mundo Tentacular.

Como é muita coisa, decidi dividir em alguns artigos.

Muitos dos recursos que utilizei são parte do Livro do Mestre que já oferece um material muito bem feito e pronto para ser usado. Eu simplesmente recortei e plastifiquei boa parte dos recursos para que eles não sujassem ou amassassem. O resultado foi muito bom! 

Entretanto, como eu alterei muitos elementos na trama, precisei incluir outros recursos que estivessem à altura. Alguns, que fazem parte do Kit da Campanha criado pela HPLHS eu consegui encontrar online. Copiei e imprimi para usar direto na mesa, mas dezenas de outros são originais, deram um trabalho danado para produzir, mas resultaram em algo bem satisfatório. 

A seguir, alguns deles com breves comentários.

AS MALAS DE VIAGEM


A ideia original era usar um baú de Viagem, o tipo de coisa que era levada em viagens longas ao redor do mundo no inicio do seculo passado. Eu guardaria o material dentro dele. Mas como já tinha feito algo parecido para a Campanha Horror no Expresso do Oriente (Horror on the Orient Express), pensei em outra coisa. 

Ao invés de um baú único para guardar os itens da campanha, surgiu a ideia de dividir em quatro maletas individuais. As maletas teriam diferentes tamanhos, cada uma delas contendo parte do material da campanha - as pistas, os documentos, mapas, fichas de personagens e toda sorte de prop que eu conseguisse juntar.

Eu encontrei maletas em madeira mdf em diferentes tamanhos e optei por usar quatro delas. Assim que elas vinham originalmente.


As maletas já tinham alças e uma tranca na tampa. Uma vez que elas tinham uma cor crua eu pude usar tinta para personalizá-las. 


Optei por pintar as maletas de preto, cor que se tornou predominante em Máscaras. Usei um papel decorativo num padrão preto e branco para forrar a tampa das maletas, como se elas fossem estofadas e o efeito geral ficou ótimo. Esse padrão foi repetido em vários itens, como poderão ver nos próximos artigos.



Imprimi o nome da campanha e colei na frente da tampa, como se fosse um tipo de identificação, achei que esse detalhe acrescentou um elemento interessante.

Outro pequeno detalhe foi acrescentar etiquetas amarradas com barbante nas alças das valises. 

Geralmente quem fazia essas viagens longas ao redor do mundo tinha etiquetas semelhantes usadas para identificação na alça das malas e valises.

Escolhi dois desenhos clássicos ligados a campanha para ilustrar as etiquetas de viagem e coloquei meu nome na parte de dentro.

Na parte interna de cada tampa escolhi um desenho evocativo da campanha. 


A maleta menor tinha essa imagem do avatar do Caos Rastejante em destaque, por sinal, essa é a capa da quarta e quinta edições da campanha.

Nessa maleta menor coloquei os kits de dados personalizados da campanha Masks of Nyarlathotep (brancos com números vermelhos) e do Deus Exterior Nyarlathotep (que são vermelhos com números brancos).  Depois vou mostrar os dados em mais detalhes.


Na segunda maleta, o tema na tampa foi o Egito, mais especificamente essa imagem de um papiro apresentando uma série de Hieróglifos e a imagem do terrível Faraó Negro em evidência.

Nessa maleta ficaram os passaportes (que vou mostrar em seguida), alguns props físicos que utilizei na campanha e um bloco de anotações com nomes de lugares e personagens importantes na trama. 


Na terceira maleta coloquei um mapa do mundo com os lugares que seriam visitados em destaque, o Culto presente na localização e o Avatar de Nyarlathotep que constituía a grande ameaça naquele trecho.


Aqui é possível ver mais detalhadamente o mapa e as anotações feitas em caneta vermelha aludindo ao que seria encontrado em cada parte da campanha. 

Na parte de baixo do mapa há uma citação tirada do conto Nyarlathotep: "And where Nyarlathotep went, rest vanished" (E onde Nyarlathotep ia, a paz desaparecia).

Nessa maleta eu guardei alguns props físicos, as imagens dos investigadores em porta-retratos, a capa do livro escrito por Jackson Elias, o diário de Elias sobre a Expedição Carlyle, o diário da campanha, os dois escudos do Guardião e outros props que depois vou detalhar. 


A quarta e maior maleta tinha na tampa um mapa bem mais detalhado da jornada da expedição Carlyle, bem como a imagem dos seus membros e mais alguns detalhes interessantes de onde eles passaram.


Eu usei por algum tempo essa caixa maior para guardar os dois volumes da campanha, envolvidos por uma tira de couro que os mantinha juntos como se fosse um tomo único.


Mas depois acabei optando por guardar os livros no estojo (slip case) que veio com a campanha e onde ela ficava mais protegida. Ainda assim, manter os livros dessa forma ficava bem legal.

Nessa caixa coloquei os Recursos do Guardião divididos em sete pastas, seis delas se referindo a cada capítulo da campanha (Peru, Nova York, Londres, Cairo, Quênia, Austrália e China) e uma pasta para os Recursos variados e elementos de campanha. Separei uma outra pasta para reunir os mapas que viera no kit do Guardião e outros que imprimi. Também reservei uma maior para guardar as fichas dos jogadores, calendários e miudezas que poderiam ser úteis no correr da campanha. Material que depois também vai ser detalhado.


No total, as quatro maletas cheias (sem os livros) pesavam quase 10 quilos.

OS PASSAPORTES


Passaportes são uma tradição em campanhas Globe Trotter de Chamado de Cthulhu.

Eles são usados majoritariamente como props, mas em Máscaras de Nyarlathotep, os passaportes de diferentes nacionalidades cedem lugar a algo chamado Passaporte Nansen.

Os Passaportes Nansen foram emitidos pela hoje extinta Liga das Nações (precursora da ONU) entre 1919 e 1927. Era uma espécie de Passaporte generico que servia para qualquer pessoa independente de nacionalidade. Usando esse tipo de passaporte, o portador do documento podia viajar livremente e atravessar fronteiras como uma espécie de "cidadão do mundo".


Infelizmente os Passaportes Nansen deixaram de ser usados depois de 1927. Vários países integrantes da Liga das Nações passaram a exigir o documento oficial do país de origem e negar o visto de quem usava somente o documento genérico. Com o tempo, os Passaportes Nansen passaram a ser usados apenas para apátridas, refugiados e indivíduos que tencionavam renunciar a sua nacionalidade original.

Eles chegaram a ser usados novamente após a Segunda Guerra Mundial, mas tiveram curta existência. 


Eu encontrei o modelo dos Passaporte Nansen na Internet, eles estão disponíveis na caixa de props da HPLHS, e fazem parte do material da campanha.

Gostei da história desses passaportes genéricos e decidi incorporar à campanha.

Imprimi a Capa dos passaportes e colei sobre uma caderneta fininha mais ou menos do tamanho de um documento aduaneiro. Ficou bem convincente.


Em seguida fiz o interior do documento com os detalhes que achei na internet, inclusive os dizeres na contracapa explicando o funcionamento do documento e garantindo a validade do mesmo para todos os signatários da Liga das Nações.

Confeccionei um passaporte para cada investigador, com o nome na capa e detalhes particulares no interior dos documentos.


A cada país visitado ao longo da campanha, eu colava o carimbo que reconhecia a entrada no país. 

Encontrei na internet os carimbos de cada um dos países em que se passavam as aventuras, então no espaço destinado às visas eu colava os selos, carimbava e assinava o nome do agente da aduana.

Também achei os selos de autenticação da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos que eram as nacionalidades da maioria dos personagens. Estes selos reconheciam e autenticavam os Passaportes Nansen, dando ao seu portador a garantia de que estavam de posse de um documento reconhecido por seu país de origem.
 

Cada passaporte contava ainda com a fotografia do investigador e mais algumas informações como nacionalidade, local e data de nascimento, particularidades físicas, filiação, além de outros pequenos detalhes.


Eu achei que esses Passaportes deram um colorido todo especial aos personagens e a identidade de cada um deles.


Fiz um passaporte Nansen também para o principal NPC da campanha e aliado dos Investigadores - Jackson Elias. Este era encontrado na cena do quarto de hotel no cenário em Nova York.


Tive que inventar alguns detalhes à respeito de Jackson Elias, como sua data de nascimento e filiação, mas acho que ficou bem legal.

Utilizei essa fotografia do personagem que é a imagem presente na versão espanhola da campanha. 

Ficou bem legal e para finalizar bastou assinar em nome de Jackson Elias.


Aqui é possível ler o texto contido na contracapa do documento:

LIGA DAS NAÇÕES:

A todos que receberem esse documento, saudações.

O Ministério do Exterior da Liga das Nações reconhece o portador deste passaporte.

(NOME DO PORTADOR)

como indivíduo protegido pelas convenções do Direito Internacional.

Este Passaporte é válido para uso em todas as nações signatárias dos termos da Liga em seus devidos territórios.


Aqui é possível ver mais alguns detalhes dos carimbos de passaporte e as anotações nos documentos simulando a verificação feita pelo agente aduaneiro.

Tentei disfarçar a letra e usar canetas com tinta de diferentes cores para diferenciar as anotações, já que elas foram feitas em lugares distintos. Isso deu um ar de autenticidade.

No próximo artigo, vou mostrar o conteúdo das maletas de viagem e outros props. 

Fiquem conosco!

Um comentário:

  1. Opa, será que consegue mandar o arquivo modelo que criou para os passaporte? Achei maravilhosa a ideia de usar na campanha!!!
    Ficaram ótimos!

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