Muitas perguntas permanecem sem respostas no segundo episódio de True Detective: Terra Noturna, contudo, temos alguns novos indícios e pistas.
Depois de apresentar o gancho inicial, com o desaparecimento de um grupo de cientistas da sua Estação de Pesquisas em pleno Alasca, o primeiro episódio da quarta temporada deixou os espectadores com aquele gostinho de quero mais, desejando saber o que diabos está acontecendo. Embora o segundo episódio faça algo similar, levantando questões, ele ajuda a empurrar a trama em direções intrigantes que nos permitem traçar algumas teorias.
Comparado com o episódio anterior, este trecho se mostra bem menos sobrenatural e com os pés fincados no chão. É possível que Terra Noturna adote essa postura daqui em diante, sendo mais um drama criminal de procedimento do que uma trama sobrenatural. Nada errado com isso, a primeira temporada seguiu essa mesma premissa mantendo o estranho e inusitado de forma discreta.
Isso, no entanto, não significa que o background metafísico será abandonado na narrativa. Há referências surpreendentes que ligam ainda mais Terra Noturna a primeira temporada e essa relação (tão desejada) pelo público parece estar gerando enorme repercussão, já que muita gente que tinha abandonado a série voltou a ela com interesse renovado.
Nos instantes finais, o episódio é concluído com uma revelação chocante em torno do mistério central do assassinato que muda tudo o que Navarro e Danvers sabiam sobre os pesquisadores de Tsalal. Raymond Clark, um dos cientistas surge como um personagem importante na trama, talvez o único capaz de explicar a tragédia ou possivelmente o responsável por ela...
Vejamos o que temos nesse segundo episódio.
1 - Os pesquisadores têm córneas queimadas, tímpanos rompidos e estão sem roupa
As condições dos pesquisadores mortos revela muito sobre o que pode ter acontecido com eles.
Enquanto Danvers e Peter investigam os corpos congelados dos pesquisadores, eles notam vários padrões: nenhum deles está vestido e seus olhos e tímpanos estão seriamente sanificados. Momentos depois, Navarro encontra as roupas bem dobradas alinhadas ao lado dos calçados como se eles tivessem sido colocados ali por alguém que assistiu tudo. Esses pequenos detalhes em torno dos pesquisadores sugere que tirar suas roupas e empilhá-las perto da cena do crime fazia parte de um intrincado ritual.
Tudo leva a crer que há uma pessoa que conduziu o incidente e que potencialmente pode ser o responsável pala tragédia - um assassino.
O assassino poderia ter submergido suas vítimas debaixo d'água, o que explicaria como o gelo queimou suas córneas. Há no entanto, indícios de que alguns dos ferimentos foram auto infligidos, como Peter observa ao analisar um dos cientistas que parece ter "arrancado os próprios olhos".
Já os ferimentos nos tímpanos podem ter sido causados pelo assassino que os mergulhou muito fundo nas águas do Alasca, mas o fato de seus corpos terem sido encontrados na superfície sugere que o assassino queria que eles fossem encontrados pelas autoridades. Uma súbita mudança de temperatura ou de profundidade poderia causar esse tipo de dano, mas ainda é cedo para assumir qualquer coisa.
Há ainda a possibilidade de que os cientistas tenham experimentado um estado de delírio coletivo causado por hipotermia extrema. Condições adversas de frio podem ocasionar hipóxia e falta de oxigenação no cérebro, que por sua vez pode acarretar alucinações bastante vívidas por parte de quem está perto de congelar. De fato, muitas pessoas que tiveram uma experiência de quase morte em lugares de temperatura negativa extrema relataram estranhas visões. Entre os esquimós essa condição é chamada de "visão do frio". Nela, a pessoa experimenta visões extremamente reais que se apresentam como delírios vívidos. Em certos casos essas visões incluem criaturas, monstros e acontecimentos bizarros.
O que poderia ter convencido esses homens a deixarem a segurança da base e se aventurarem TODOS ao mesmo tempo num ambiente absurdamente hostil? No Alasca, a temperatura facilmente atinge os 30 graus negativos, ninguém sem trajes sobrevive a esse rigor. Os homens supostamente tinham treinamento e conheciam o ambiente em que viviam. sair nessas condições, sem roupas e sem calçados seria suicídio, a não ser que eles não conseguissem perceber onde estavam e o risco que corriam.
2 - Temos um sobrevivente
O pesquisador sobrevivente pode ser uma peça-chave no assassinato.
Ao tentar livrar um dos corpos do gelo, um policial quebra acidentalmente o braço de uma das vítimas. O membro se parte como um pedaço de vidro e para surpresa de todos, o sujeito começa a gritar de dor, revelando que ainda está vivo.
Embora ainda não se saiba se ele sobreviverá, Danvers conversa com uma enfermeira que revela que o pé do pesquisador está sendo amputado e ele está em coma induzido. O fato de o pesquisador ainda estar vivo sugere que, embora ele e o outro estivessem desaparecidos há dias, eles foram congelados apenas algumas horas antes de a APF encontrar seus corpos. Ninguém seria capaz de suportar dois dias vivo naquelas condições.
Frio extremo pode por vezes ter um efeito protetor, contudo, nenhum ser humano é capaz de suportar temperaturas congelantes durante dias. Isso levanta a hipótese de que as vítimas foram congeladas não muito antes deles serem descobertos. O fato das roupas não terem sido enterradas sob uma camada de neve fortalece ainda mais essa suspeita, tornando difícil não se perguntar onde eles estavam e o que estavam fazendo antes de serem congelados até a morte.
3 - Travis é o pai de Rust
Conforme suspeitávamos, a quarta temporada de True Detective confirma uma conexão importante com a primeira temporada.
Em uma breve cena, Rose se abre para Navarro sobre suas visões e tenta explicar como ela ainda enxerga Travis. À bem da verdade, muitas pessoas em Ennis aceitam que são capazes de ver o espírito de pessoas que já morreram o que inclui o entregador que fez a descoberta dos cadáveres que sugere ter visto algo dentro da base, quando não deveria haver ninguém mais..
Apenas à título de curiosidade, existe um estudo que comprova que o Alasca é o estado americano em que mais pessoas acreditam abertamente na existência de espíritos e fantasmas. Cerca de 85% da população residente acredita que existem maneiras de estabelecer contato com os mortos e quase 65% das pessoas entrevistadas afirma ter tido alguma experiência dessa natureza ao menos uma vez na vida. Cientistas acreditam que as condições de noite contínua, que perduram por longas semanas durante o inverno podem ensejar em visões, alucinações e delírios. A mente não inteiramente descansada é capaz de pregar peças nas pessoas e criar condições para que elas experimentem tais visões.
Mas vamos falar um pouco mais sobre Travis.
Rose chama o sujeito de Travis Cohle, confirmando assim que ele é o pai de Rust. A primeira temporada de True Detective menciona que Rust tinha um pai chamado Travis que morava no Alasca, que o ensinou a caçar e que morreu de leucemia. Ficamos sabendo que ele resolveu vagar pelo gelo ao invés de sofrer com os efeitos da leucemia no que poderia ser considerado um suicídio consciente.
Considerando como Rust podia ver coisas além do plano da consciência normal, faz sentido que seu pai também possa dobrar as fronteiras entre o mundo material e o espiritual para entrar em contato com Rose. Não sabemos exatamente quem é Rose e se ela tem algum grau de ligação com o detetive Cohle, mas é razoável assumir que ela o conhece já que tinha um romance duradouro com seu pai.
Seria Travis uma espécie de mensageiro do além, incumbido de alertar as pessoas de Ennis de que algo está errado? Rose menciona que os mortos procuram os vivos seguindo certos objetivos entre os quais, avisar de algo que eles precisam saber. Poderia ser o alerta de que "ELA" acordou? Ou que o Rei Amarelo está agindo em Ennis? O fato de Travis ter mostrado onde estavam os cadáveres congelados demonstra que existe um interesse de desafiar seja lá quem (ou o que) causou as mortes.
Suponho que veremos Travis Cohle novamente e que sua participação nessa trama ainda não está concluída.
4 - O que sabemos sobre os cientistas em TSALAL?
Provavelmente há mais na missão dos cientistas do que eles deixavam transparecer.
Danvers visita um Professor de Geologia na escola local de Ennis para saber mais sobre o que os pesquisadores queriam alcançar em TSALAL. Embora Peter já tivesse dito a ela que o grupo estava tentando descobrir a origem da vida, sua interação com o professor de geologia revela que eles tinham planos muito ambiciosos. Tentavam sequenciar o DNA de um microrganismo extinto que pudesse prevenir a decadência celular. O professor explica que uma descoberta como essa poderia não apenas mudar tudo o que a humanidade sabe sobre medicina e saúde, mas também poderia abrir as portas para a cura de doenças autoimunes crônicas e até mesmo do câncer.
No entanto, ele também acrescenta cautelosamente que eles perseguiam um objetivo difícil de ser alcançado. Para chegar a essas conclusões eles precisariam de muito tempo, de equipamento especial, condições favoráveis e muitos outros fatores. E mesmo assim, a busca poderia não resultar em sucesso pois o que eles procuram é uma quebra de paradigma que poderia ser elusivo.
É interessante imaginar esse tipo de busca e correlacionar com quem poderia patrocinar tal demanda. Não se trata de um objetivo simples ou uma mera exploração de cunho científico, é algo muito mais abrangente e sério.
Além disso, o professor classifica os cientistas em TSALAL como "loucos". Indivíduos que não se misturavam, que enfrentavam longos períodos de reclusão e que tinham sua própria rotina. Como veremos mais adiante "loucos" também é como outras pessoas que tiveram contato com os homens em TSALAL os viam.
5 – Espirais na testa das vítimas
As espirais estão de volta, tão importantes nessa temporada quanto na primeira, quando elas representavam as maquinações do Rei Amarelo e seus servos devotos. As espirais são o equivalente ao Símbolo de Hastur, o brasão usado pelo Culto do Rei Amarelo para marcar aquilo que lhes pertence ou que tem uma ligação com a divindade. Na primeira temporada o símbolo está gravado na carne de vítimas sacrificadas, em objetos importantes e nos templos consagrados ao Rei Amarelo.
Depois de descobrir que os cientistas mortos têm símbolos de espirais em suas testas, Danvers se pergunta se teriam sido eles mesmos que os desenharam ou se foi o assassino. Se eles próprios desenharam, devem tê-lo feito antes de deixar as instalações de Tsalal, porque não poderiam fazer com os efeitos da hipotermia. Se por outro lado, o assassino os desenhou, parece provável que ele tenha conexões com o Culto do Rei Amarelo. Na primeira temporada de True Detective, desenhar espirais nas vítimas antes de matá-las fazia parte do ritual meticuloso do assassino.
Em outra cena bastante interessante, Rose pergunta a Navarro se ela percebeu as espirais na testa das vitimas e Navarro afirma que já viu as espirais antes no caso de Anne K. Quando perguntada a respeito de seu significado Rose afirma que aquele símbolo é muito antigo, mais antigo que Ennis e que o próprio gelo do Alasca.
Essa descrição de gelar o sangue nas veias talvez seja o mais próximo que a serie chegou do conceito clássico dos Grandes Antigos, que são forças ancestrais, muito mais velhas do que a humanidade. Dizer que o símbolo cabalístico é antigo além da humanidade é uma forma de determinar sua importância para os seguidores fieis. Trata-se de uma notável relação com o Mythos e as origens clássicas do Rei Amarelo.
6 - TSALAL está conectada à Família Tuttle
Possivelmente a maior revelação desse segundo episódio e uma de grande peso para estabelecer a conexão entre a primeira e a quarta temporadas envolve quem patrocina o TSALAL.
Anteriormente já havia sido mencionado que a instalação científica financiada era patrocinada por uma ONG. Contudo agora ficamos sabendo que os registos fiscais dessa ONG que financia o Tsalal, levam a uma empresa de fachada chamada NC Global Strategies, que por sua vez é propriedade da Tuttle United.
Na primeira temporada de True Detective, a Família Tuttle revelou-se a principal força por trás do Culto ao Rei Amarelo. Entre os seus membros estavam um influente líder religioso e o governador da Louisiana. Gente poderosa na política, pessoas influentes e ricas, os Tuttle estavam metidos com rituais elaborados de natureza pagã. Algo que remontada a velhas tradições de sacrifício e adoração a entidades da natureza, que em True Detective se relacionam ao Rei Amarelo. A gravação de um dos doentios rituais do Culto foi suficiente para fazer o estômago de detetives calejados revirar, então, a coisa é realmente hardcore.
O aparecimento dos símbolos de espiral em True Detective: Terra Noturna e a menção da infame Família Tuttle parece sugerir que o culto do Rei Amarelo vai muito além dos pântanos da Louisiana, ele também tem raízes espalhadas pelo Alasca.
Não vamos esquecer que o Professor Bryce descreveu os cientistas de Tsalal como "malucos", quando Danvers pediu que ele explicasse exatamente o que os falecidos estavam fazendo lá. "São reclusos, ninguém entra, ninguém sai. Equipes desse tipo tem rotação, a deles não". Não seria esse o comportamento de pessoas fanáticas? Algo que se esperaria de típicos devotos de um Culto?
Por outro lado, é possível também que eles sequer soubessem para quem trabalhavam, que fossem meras engrenagens em uma máquina muito maior. Os cientistas poderiam apenas estar desempenhando seu trabalho e acabaram vitimados pelas circunstâncias. Alternativamente um ou mais deles poderiam ter conhecimento dos esquemas da Família e de suas práticas místicas, mas dificilmente todos.
Além de ser importante, a pesquisa científica conduzida em TSALAL poderia ser extremamente lucrativa para uma megacorporação como a Tuttle United. Veremos como essa informação será usada ao longo da trama.
7 - Os traumas pessoais de Danvers e Navarro
As detetives dessa temporada parecem ter traumas profundos que retornam constantemente para assombrá-las. Tanto Danvers quanto Navarro experimentam flashback que revelam detalhes trágicos sobre seu passado.
No primeiro episódio tivemos apenas um vislumbre disso, mas no segundo os indícios se tornaram confirmação.
Anteriormente descobrimos que Navarro teve uma participação traumática nas forças armadas. Ela teve um flashback de uma colega militar com o rosto despedaçado. Também sabemos que sua irmã tem algum tipo de problema mental. Rose alertou Navarro para não confundir doença mental com algo sobrenatural. Fica óbvio que a mãe de Navarro sofria com condições mentais semelhantes e que estes parecem ter sido transmitidos para a irmã - uma espécie de legado de sangue. Eu apostaria em esquizofrenia, que algumas tribos consideravam como uma sensibilidade, quase um canal, para o mundo espiritual. Navarro também tem alguns questionamentos religiosos, ambos os flashbacks são causados por indagações envolvendo sua fé - quando Ryan (irmão de Anne K) pergunta se ela acredita em Deus e quando ela acha um crucifixo no carro de patrulha. Ao que parece religião é um gatilho para lembranças amargas para a detetive.
Já Danvers experimenta flashbacks ligados a morte de seu filho, Holden, provavelmente em um acidente de carro. Ela costumava ouvir "Twist and Shout" enquanto brincava com a criança, o que explica ela não ser fã dos Beatles e sua reação diante da música que era tocada no TSALAL. Danvers, que é xingada e hostilizada por todos em Ennis parece já ter sido uma pessoa bem mais tranquila e suave, mas a vida tratou de endurecê-la. Assim como Cohle sua vida foi marcada pela morte de um filho.
O ursinho polar de pelúcia (visto repetidas vezes) ainda é uma incógnita em True Detective. O que ele representa e qual sua ligação com o Urso que Navarro viu no episódio anterior está aberto a interpretações. Em comum o fato de que os ursos tem apenas um olho, o que está longe de ser mera coincidência.
8 - Quem é Ted Corsaro?
O episódio 2 apresenta um novo e aparentemente importante personagem na trama, o Chefe da Polícia Regional Ted Corsaro (Christopher Eccleston).
Após um confronto inicial, Corsaro pede a Danvers que deixe autoridades superiores em Anchorage assumirem o caso dada a sua importância. Danvers bate o pé e cita estatutos procedimentais para manter o comando da investigação, o que lhe dá alguns dias, ao menos até o "picolé de cadáveres" derreter e poder ser transportado em segurança.
Mais tarde, Danvers faz uma visita a casa de Corsaro e os dois acabam dormindo juntos. A interação revela que os dois tiveram um caso secreto por quase duas décadas. Foi Corsaro quem destacou Danvers para trabalhar em Ennis, uma promoção que mais parece o banimento para um fim de mundo gelado.
Qual a posição de Ted Corsaro diante do caso?
Há ecos de que Corsaro pode desempenhar um papel semelhante ao do xerife Steve Geraci da primeira temporada de True Detective. Ted está seguindo uma cadeia de comando que pode ligá-lo aos Tuttles, que estão tentando encobrir suas conexões sinistras com os crimes em Ennis, assim como tentaram encobrir seu envolvimento na Louisiana. Uma constante em True Detective é que quanto mais perto do topo estão os policiais, maiores são as suas ramificações com esquemas de corrupção e manipulação. Eu gostaria de ver esse ciclo sendo quebrado, mas ainda não dá para confiar em Corsaro e dizer se ele vai desempenhar o papel de aliado ou inimigo.
9 – O que há de errado com a água em Ennis?
Qavvik (Joel D. Montgrand) diz que a briga em seu bar ocorreu porque os moradores da cidade estão nervosos por conta da "água estragada". "Os pobres coitados estão desmaiando perto da mina”, afirma, referindo-se a uma vizinhança chamada de aldeias onde a água da torneira ficou preta na semana passada.
Ryan, irmão de Annie K, também tocou no assunto no primeiro episódio quando Navarro foi visitá-lo. Ele mencionou a qualidade da água e que um primo estava morrendo de câncer. Rose (Fiona Shaw) contou que Travis preferiu morrer no frio ao invés de sofrer com a leucemia. Em seguida, um mineiro do bar menciona como seu primo morreu de câncer nos ossos.
O que diabos está acontecendo em Ennis?
Parece claro que a mina está poluindo e envenenando o suprimento de água da cidade. Os habitantes estão adoecendo e sofrendo efeitos nocivos. Mas de quem é a culpa direta? Sabemos que a mina pertence a uma família local, mas será que há ramificações em outra direção? Eu diria que a Tuttle United é uma possibilidade. Talvez TSALAL esteja lá para verificar esse tipo de dano ambiental disfarçando suas atividades como uma estação de ciência.
Anne K sem dúvida sabia dos danos ao meio ambiente e esquimós. Ela protestava contra a mina, apesar dela ser a empregadora da maior parte da população local. A língua encontrada em TSALAL realmente pertencia a Anne K, como atestou um exame de DNA feito em Anchorage. Anne foi morta por ser uma pedra no sapato de poderosos, seu assassinato horrivelmente encenado pode ter sido um crime ritualizado para o Rei Amarelo.
“Essa porra de cidade”, diz um dos habitantes de Ennis se queixando. Realmente, "essa porra de cidade" tem segredos demais.
10 - O misterioso Sr. Raymond Clark
O que sabemos sobre Raymond Clark (interpretado por Owen McDonnell)?
Sabemos que ele é um cientista de origem irlandesa trabalhando Base de Pesquisa TSALAL em Ennis, Alasca. Sabemos, graças à sua biografia online mostrada na semana passada, que ele estuda paleomicrobiologia com foco em "compreender a base molecular da colonização e infecção por Staphylococcus aureus". Sabemos ainda que ele era a única pessoa com quarto próprio no centro de pesquisa e sabemos que ele usava a parca da falecida Annie K em uma fotografia tirada naquela base. Ele a usava quando teve o que parecia ser uma convulsão e quando disse as palavras "Ela está acordada", o que deu início a tragédia na estação.
Agora, depois do episódio 2, sabemos que ele estava em um relacionamento amoroso com Annie K.
Clark comprou um trailer para manter os encontros dos dois em segredo já que ele fazia parte de um grupo que vivia em reclusão na estação. Talvez se relacionar com os habitantes fosse proibido por força de contrato profissional.
Clark tinha uma tatuagem em espiral no peito. Ela parece ter sido copiada do mesmo desenho nas costas de Annie K, o que significa que o relacionamento dos dois era bastante sério (pelo menos para ele). Sabemos que Clark fez a tatuagem apenas quatro dias depois da morte dela e que chorou muito quando viu a tatuagem completa.
Através de testemunhas sabemos que Clark era o mais estranho dos cientistas vivendo na estação. Além de andar pela estação nu em pelo, ele não falava coisa com coisa. Clark também escrevia palavras sem sentido e coisas bizarras nos papéis oficiais de sua pesquisa. As anotações parecem um monte de rabiscos bizarros cobrindo fotos e documentos. As testemunhas afirmam que Clark estava constantemente murmurando e os colegas simplesmente o ignoravam. "Como os outros aguentavam isso?" pergunta Peter a Danvers e ela é incapaz de responder. Para todos efeitos, Clark era um esquisitão!
O comportamento de Clark evidencia que ele estava perdido, tomado por culpa ou remorso pela morte de Anne K. Jamais ter contado a ninguém o que ele sentia após a morte brutal da amante pode ter deixado alguma grave sequela psicológica. Mas Anne morreu a seis anos... se ele está desse jeito a tanto tempo, é esquisito não ter sido mandado embora ou afastado de suas funções.
No final do episódio, descobrimos que Raymond Clark não está no "picolé de cadáveres" contendo os demais cientistas da TSALAL. Ele portanto se encontra desaparecido. Isso é o bastante para colocar Clark na posição de principal suspeito.
Mas isso significa que ele é realmente o culpado pela tragédia?
Eu acho cedo para dizer qualquer coisa. Em True Detective não é raro que suspeitos se mostrem inocentes, ao menos dos crimes principais. Foi assim na primeira e terceira temporadas, com Reggie Ledoux e com o Índio catador de lixo. Embora Reggie fosse culpado de muitas atrocidades ele não era o responsável pela morte de Dora Lange. Já o índio, ele era inocente mesmo, o que não impediu de um tiroteio acontecer e inocentes morrerem.
Não acho que Clark seja culpado da morte de Anne K, embora ele possa pensar isso. Ele deve saber quem a matou e isso o consumiu pouco a pouco. Já as mortes em TSALAL, quem pode saber até onde chega sua insanidade?
11 - O Trailer de Clark
A van de Clark revela várias conexões de True Detective com o Culto do Rei Amarelo.
Navarro deduz que Clark e Annie viviam um relacionamento secreto e usavam a van para garantir que ninguém soubesse de seus encontros amorosos. Quando ela e Danvers visitam a van, encontram uma série de coisas estranhas e bizarras em seu interior. Ossos de animais, imagens, fotos, rabiscos esquisitos e coisa muito pior.
Uma espiral gigante foi desenhada no teto da van, logo acima da cama que Clark usava para seus encontros com Anne K. Creepy!!!!
Há também uma boneca de palha em tamanho natural e de um bebê sobre a cama desarrumada. Algumas bonecas de palha pendem no teto e o aspecto de tudo isso é muito, muito sinistro. Ok, Clark enlouqueceu de vez, mas será que a Van já era decorada dessa maneira antes de Anne K ser assassinada ou tudo isso é posterior?
O que esse lugar representa para a psique de Clark? Seria ele um covil onde o cientista extravasava suas frustrações? O antigo ninho de amor transformado em um antro de comiseração e amargura? Sabemos que Clark tinha um quarto só dele na estação, supostamente porque ele tinha pesadelos recorrentes que incomodavam os seus colegas. A decoração caótica da van parece exteriorizar a dor de uma mente fraturada, ela é um reflexo da loucura que devora Raymond Clark.
Veremos do que ele é capaz, pois prevejo uma caçada humana em Ennis em busca do cientista desaparecido. Vamos ver o que irá acontecer em seguida.
Nossos recaps continuam, fiquem conosco.
Você sabe como escrever uma resenha interessante. Parabéns pelo trabalho!
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