quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Culto do Adormecido


O deserto do Saara é rico em lendas e mitos tão antigos quanto a própria humanidade.

Essas lendas sobrevivem graças aos contadores de estórias, que compartilham sua antiga sabedoria à luz de fogueiras sob as estrelas do céu noturno. No entanto, existem estórias que são apenas sussurradas, pois a menção de certos nomes pode atrair a ruína na forma de espíritos malignos.

Uma dessas lendas malditas fala de uma cidade de pilares e torres, construída por demônios, quando o Saara ainda era uma selva verdejante, muito antes do surgimento do homem. Dizem que a cidade, G'Harne, era um reduto para o sobrenatural e que quando os demônios a abandonaram, outras criaturas ainda mais tenebrosas, que habitavam as entranhas da terra rastejaram para aquele local maldito atraídas pelas suas energias nefandas. A mais terrível dessas monstruosidades subterrâneas, o Deus Shudde M'Ell, pai de todos os seres rastejantes do deserto, adotou a cidadela negra como sua morada.

A lenda menciona que Shudde M'Ell dorme sob os alicerces de G´Harne, apenas despertando a cada 23 anos para encontrar suas crianças.

O mito viajou pelo Norte da África até alcançar tribos de nômades tuaregs que habitam a borda exterior do Saara, na atual Argélia. Feiticeiros capazes de contatar as crias de Shudde M'Ell, os tenebrosos Cthonians, deram início ao culto que venera o Adormecido e aguarda seu retorno definitivo. Nos sangrentos rituais presididos pelos cultistas, Cthonians são invocados para receber sacrifícios em troca de revelações e profecias.
Quando os franceses iniciaram a Conquista do Sudão, dezenas de tribos tuaregs declararam guerra aos invasores colonialistas. O confronto entre as tribos guerreiras e soldados franceses, em especial os legionários foi terrivelmente sangrento atingindo não apenas os combatentes mas fazendo inúmeras vítimas na população civil.

O ódio e o desejo de expulsar os estrangeiros concedeu um novo fôlego ao Culto do Adormecido, fazendo com que ele ganhasse novos adeptos e ressurgisse com força renovada. Pessoas desesperadas dispostas à tudo, até mesmo recorrer a antigos mitos, para expulsar os franceses de seu território.

O Culto vem crescendo em número e os rituais realizados na calada da noite vem assumindo uma face cada vez mais sangrenta. Soldados, em especial legionários, capturados são sacrificados com requintes de crueldade. O comando da Legião Estrangeira, sediado na capital, Argel, sabe da existência de um tipo de movimento de caráter religioso no submundo, mas não tem real noção do perigo existente. O comando suspeita de desaparecimentos e sequestros, e alguns corpos encontrados com sinais de tortura foram mantidos em segredo para não causar alarde. Apesar das informações terem sido mantidas em sigilo, rumores abundam entre os legionários a respeito de bandos de tuaregs especialmente cruéis no trato de prisioneiros. Mais do que nunca, os legionários temem ser capturados pelo inimigo.

Os cultistas devotos do Adormecido são fanáticos extremamente perigosos, muitos deles foram recrutados em meio a tribos tradicionalmente guerreiras e tem experiência com armas. Alguns destes cultistas podem ser reconhecidos pelas profundas escarificações ritualísticas sobretudo no rosto e nos braços. Cicatrizes brancas em forma de cunha marcam a pele escura. Os membros mais influentes no movimento participam ativamente dos rituais e conhecem magias que são usadas para controlar (e aterrorizar) os demais seguidores.

Idéias para Cenários:

Um dos líderes do Culto do Adormecido planeja um ataque decisivo contra um dos fortes da Legião Estrangeira na borda do Saara. O objetivo é realizar sacrifícios e invocar Cthonians para um ataque em massa. Os investigadores podem ser legionários novos, recém chegados ao forte que ficam sabendo de rumores assustadores sobre patrulhas perdidas nos arredores do posto militar. O grupo pode ser destacado para uma missão de reconhecimento e acabar em uma fuga desesperada pelo deserto para avisar seus colegas do perigo que eles correm.

Alternativamente, os investigadores podem ser legionários que chegam ao forte e encontram o lugar já totalmente destruído pelo ataque dos Cthonians e agora tem de conduzir uma missão de resgate dos sobreviventes mantidos em cativeiro pelos sanguinários tuaregs.

Uma outra opção é fazer com que os jogadores trabalhem diretamente subordinados ao comando colonial e que sejam enviados em uma missão para descobrir que tipo de movimento religioso vem vitimando legionários. Esse seria um cenário mais investigativo com a busca de informações, testemunhas e interrogatórios até que finalmente as pistas levem a um confronto com os cultistas e seus aliados dos Mythos de Cthulhu.

Outra opção é que Shudde M' Ell esteja prestes a despertar uma vez mais e que o líder do culto planeja realizar um sacrifício em massa para ganhar o favor do Deus Adormecido. Se tudo correr como ele planeja, Shudde M' Ell causará um catastrófico terremoto em Argel que irá coincidir com um ataque em larga escala dos rebeldes. Os investigadores terão de se apressar para frustrar os planos desses conspiradores.
Shudde M' Ell, Deus dos Cthonians

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