quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Meta Extra #1: No Coração das Trevas - Aventura de Chamado de Cthulhu


Olá pessoal,

Financiamento Coletivo já completo!!! Parabéns para todos!

E agora vem as metas extras e é correr para o abraço! Chegando aos R$ 43,500 atingimos a primeira meta, a da aventura "No Coração das Trevas" escrita por este que vos escreve.

Pensei em uma coisa que pode ser bacana: fazer uma pequena preview do que aguarda em cada nível de meta estendida e revelar um pouco a respeito do material a ser alcançado.

Como esse primeiro envolve uma aventura minha, então nada mais justo que eu começar falando a respeito dela.

"No Coração das Trevas" foi escrita em meados de 2010, como aventura para o Torneio Tentacular daquele ano. O Torneio era um evento anual que acontecia durante o EIRPG e depois na RPGCon grandes convenções de RPG em São Paulo. Nele os participantes formavam mesas individuais onde jogavam a mesma aventura e os jogadores que mais se destacavam, eram levados para uma mesa final onde aquele dentre eles que fez o melhor roleplaying, recebiam uma premiação - geralmente livros ou material de RPG.

Coração das Trevas foi concebido para ser um cenário one-shot, ideal para aventuras com começo, meio e fim. A ideia é que a aventura tivesse uma boa parcela de investigação em sua parte inicial e que o final fosse desafiador no sentido de ter um grau de dificuldade elevado na forma de combate e diversos riscos. Uma vez que se trata de uma aventura para Torneio, era essencial que ela fosse linear. Esse estilo de construção ajuda a fazer de Coração das Trevas um bom cenário para quem está começando sua carreira como Guardião.


Dada a premissa do cenário, ela também funciona bem para jogadores iniciantes ou mesmo quem nunca jogou RPG. É fácil captar a motivação dos personagens, os objetivos que eles perseguem e quais serão as suas recompensas. No entanto, não se trata de uma aventura convencional do ponto de vista Lovecraftiano. No Coração das Trevas é uma aventura sobre o submundo do crime nos anos 1920. 

Os personagens de "No Coração das Trevas" não são professores, arqueólogos, médicos ou diletantes com tempo livre e interesse em estudar o ocultismo. Eles são motoristas de fuga, ladrões de banco escondidos, assassinos de dedo leve e pessoas de moral dúbia que você não gostaria de conhecer. Personagens durões típicos da literatura policial e do período que ficou conhecido como a Lei Seca (a proibição federal ao comércio e distribuição de bebidas alcoólicas em alguns estados norte-americanos). Uma época em que o crime organizado se expandiu e se converteu em uma ameaça à lei e ordem. Os jogadores podem criar seus próprios investigadores, mas se quiserem, poderão usar os personagens prontos especialmente projetados para essa aventura.  

Embora o cenário comece como uma típica história de bandidos, aos poucos o foco vai mudando para algo mais aterrorizante e surreal. Gradualmente, os criminosos, disputa de território e até mesmo as furiosas metralhadoras Thompson vão cedendo lugar a coisas muito mais tenebrosas que pertencem ao passado de Arkham, uma cidade assombrada pela sua tumultuada história colonial.

Arkham é a cidade lovecraftiana por excelência.


H.P. Lovecraft idealizou essa pacata cidadezinha da Nova Inglaterra como palco para suas histórias mais famosas. Vizinha de Salem, o centro nervoso da infame Caça às Bruxas que varreu a Nova Inglaterra, Arkham é muito antiga, remontando aos tempos da colônia. Repleta de segredos e superstições em contraste com a modernidade e o esclarecimento trazidos pela Universidade Miskatonic, um centro de educação superior também instalado na cidade. Em Arkham, acontecem coisas aterrorizantes: horrores são conjurados, feitiçaria é proferida e tomos ancestrais são consultados.  A cidade é um depositário de mistérios insondáveis, de terrores inomináveis e de medos imortais. E como não poderia deixar de ser, Arkham figura como um local de destaque em muitas aventuras do RPG Chamado de Cthulhu. 

A ideia original de "No Coração das Trevas" veio de uma aventura curta chamada Little People, escrita pelo genial e saudoso Keith Herbert - autor falecido prematuramente em 2009. A aventura de Herbert misturava o crime organizado com os Mythos, tendo resultados imprevisíveis. A execução e a conclusão de Coração é diferente, mas a premissa é semelhante. Aqui, no entanto, os jogadores terão de enfrentar ameaças bem mais aterrorizantes e vilões realmente detestáveis.

Algumas cenas foram adaptadas, bem como certos personagens que fazem parte do roteiro original. De resto, a aventura é bem mais extensa e provavelmente terá resultados sanguinolentos. O destino dos jogadores dependerá não apenas de sua capacidade de confrontar os horrores, mas de negociar e tolerar situações limítrofes.

Conforme dito, teremos cinco personagens prontos acompanhando a história. Estes também se encaixam perfeitamente em Missed Dues e em Blackwater Creek, aventuras que acompanham o Escudo do Mestre de Chamado de Cthulhu (e que também integram o Financiamento Coeltivo como Metas extras). Desse modo, os três cenários podem compor uma campanha curta se passando no submundo do crime organizado com gangsters envolvidos com o horror cósmico.


Algumas dicas para essa aventura:

- Músicas do período da Lei Seca se encaixam perfeitamente no clima. Os anos 20 ficaram conhecidos como a Era do Jazz e não foi por acaso. Use e abuse de temas musicais do período com artistas como Chub Cheker, Moonshiner, Jeremy Sherman e outros. A Trilha sonora de Board Walk Empire também é show e pode ser obtida no you-tube ou no Spotify facilmente.

- Pode ser muito interessante reunir seus jogadores antes da sessão para assistir algum filme de gangsters do período. Eu indicaria o clássico "Era uma Vez na América" (Once upon  Time in America) e "Ajuste Final" (Miller's Crossing) como as referências mais diretas a essa aventura. Alternativamente "Os Intocáveis" (The Untouchables), Estrada para a Pedição (Road to Perdition) e "Uma Rajada de Balas" (Bonnie and Clyde). A série Board Walk Empire também é uma referência perfeita para o período e o clima desse cenário. Ah sim, filmes como "A Bruxa" (The Witch) e "As Bruxas de Salem" (The Witches of Salem) podem ser bem interessantes também.

- Busque imagens de gangsters para os jogadores (se eles criarem seus próprios personagens) e para os personagens coadjuvantes. Da mesma maneira, imagens de armas, roupas, automóveis ou fotos em preto e branco do período, ajudam bastante. Referências visuais sempre são bem vindas, sobretudo em aventuras com um grande elenco de personagens secundários como é o caso.

-  Leia "Sonhos na Casa da Bruxa" de H.P. Lovecraft, uma referência direta a esse conto. "Pickman´s Model" e "Horror em Red Hook"  também são contos de Lovecraft que podem ajudar a compor a paisagem urbana do período.

- A aventura acompanha alguns termos em italiano e gaélico (uma vez que envolve italianos e irlandeses). Esses são ótimos recursos para dar um toque de autenticidade à história. O mafioso italiano xingando algo como "Va fanculo! Figlio di una cagna!" parece bem mais real do que um dizendo "Droga! Mas que filho da mãe!". Da mesma maneira um irlandês brindando com "Slante!" soa bem mais bacana do que um simples "Saúde!".

A aventura trará além das fichas uma série de Recursos para o Guardião. É óbvio, eles serão mais bem trabalhados do que esses. Com uma arte mais caprichada e acabamento mais bacana:



Mas para o Coração das Trevas começar a bater, precisamos chegar até os R$ 43,500.

2 comentários:

  1. Tive a oportunidade de narrar essa Aventura como Keeper no Torneio Tentacular. Eu achei excelente ela começar como um jogo de máfia e de repente começar a se tornar um jogo de horror. É uma aventura fluída e muito funcional para uma One Shot. Parabéns, Luciano.

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